Venda de Douglas ao Barça pode não acontecer, diz SP. Especialista explica

A diretoria do São Paulo anunciou acordo com o Barcelona na noite de quarta-feira para a venda do lateral direito Douglas por 6 milhões de euros (R$ 18 milhões). Faltariam apenas as assinaturas do atleta e dos clubes para selar a transferência. No acordo, a garantia que Douglas permaneceria no São Paulo até o meio de 2015. Quem falou sobre a venda foi o presidente Carlos Miguel Aidar. Horas depois, o vice de futebol Ataíde Gil Guerreiro afirmou que um “probleminha” de última hora adiava o acerto. Nesta quinta-feira, o discurso mudou. Segundo o São Paulo, agora a negociação pode ser cancelada.

Em troca de mensagens com a reportagem, Carlos Miguel Aidar afirmou que “possivelmente o negócio não sairá”. O presidente não deu explicações. O São Paulo, desde a manhã desta quinta-feira, informou que só se posicionará sobre o tema, agora, depois que Douglas assinar o contrato com o Barcelona. Mas dois pontos travam a negociação de última hora: o encerramento da janela internacional de transferências para o Brasil e a punição da Fifa ao Barcelona, vetado de contratar jogadores nas janelas de janeiro e julho de 2015.

Para que Douglas permaneça no São Paulo por mais um ano, seria preciso que o Barcelona o contratasse agora e firmasse um empréstimo ao clube do Morumbi ou que a transferência fosse firmada e agendada para julho de 2015. No entanto, a janela de transferências internacionais para o Brasil se encerrou no último dia 13. Não é possível que ele seja emprestado ao São Paulo agora, após o encerramento da janela.

Restaria, então, o agendamento da transferência para daqui a um ano, algo que agora está completamente fora de questão devido ao veto de contratações imposto pela Fifa. O clube espanhol foi punido por negociações ilegais com jogadores menores de 18 anos e está impedido de contratar em 2015.

Eduardo Carlezzo, advogado desportivo e especialista em transferências internacionais de atletas, explica a impossibilidade de Douglas permanecer no Brasil diante dos dois empecilhos – da janela brasileira e do veto ao Barça.

“Caso o Barcelona adquira definitivamente os direitos do Douglas, para que este possa estar apto a jogar agora ou em 2015 deve registrar imediatamente seu contrato na federação espanhola. A partir daí poderá emprestar o jogador a qualquer outro clube, retornando em 2015. Como a janela para transferências ao Brasil já fechou, o atleta não poderia ser emprestado para um clube brasileiro”, falou Carlezzo. “A única forma do Barcelona poder contar com os serviços do Douglas em 2015 é mediante a aquisição de seus direitos até o dia 1 de setembro e envio do certificado de transferência internacional pela CBF à federação espanhola”, explicou o advogado.

O interesse surpreendente por Douglas apareceu, segundo o São Paulo, há mais de dois meses. O clube espanhol procurava um sucessor para Daniel Alves à medida que via as negociações com a Fiorentina (ITA) pelo colombiano Juan Cuadrado - um dos destaques da Copa do Mundo - fracassarem. O Barcelona também se interessava pelo zagueiro Rodrigo Caio, que acabou sofrendo grave lesão no joelho esquerdo e só voltará em 2015. 

O empresário uruguaio Juan Figer é quem atua como intermediário na negociação. Dentro do São Paulo, dirigentes ainda enxergam a concretização da venda do lateral com mais probabilidade do que o fracasso nas negociações. Agora, depois do acerto do atleta com o clube espanhol, seria mais difícil demovê-lo da ideia de trocar o Morumbi pelo Camp Nou. Se firmar a venda por R$ 18 milhões, o São Paulo, detentor de 60%, ficará com R$ 10,8 milhões. A Traffic, detentora de 40% dos direitos e gestora da carreira do atleta, terá R$ 7,2 milhões.