Carro novo, aumento e falta de foco. Como Luciano balançou no Corinthians

Gustavo Franceschini
Do UOL, em São Paulo

Quatro gols nos dois primeiros jogos, apelido, titularidade com Paolo Guerrero no banco... Luciano chegou em velocidade máxima ao Corinthians, mas a queda foi tão rápida quanto a subida. A falta de foco nos treinos e um deslumbramento fora de campo ajudaram a fazer o atacante balançar, e agora ele deve ter nova chance de conquistar Mano Menezes. 

A admiração do treinador ele tem. O comandante do Corinthians definiu Luciano como "goleador nato" depois dele ter marcado três vezes contra o Goiás na última quinta, decidindo o 5 a 2 no Itaquerão. O problema é superar tudo que aconteceu nos últimos seis meses.

Luciano chegou ao Corinthians em fevereiro como um reforço para compor elenco, pinçado do Avaí. Suas credenciais eram a avaliação dos olheiros do clube e um golaço marcado contra o Palmeiras na Série B do ano passado.

Em seu segundo jogo, Luciano substituiu Guerrero, machucado e pressionado por um jejum incômodo, e marcou dois diante do Comercial, pelo Paulista. No jogo seguinte, mais dois diante do Linense. Virou "Luciano Ronaldo".

O Corinthians até tentou proteger o jogador. Luciano deixou de dar entrevistas para não se deslumbrar, mas à medida que foi ganhando espaço no time, perdeu o foco, como definiu Mano Menezes.

O atacante comprou carro importado, pediu aumento à diretoria e parou de render bem em treinos e jogos. São detalhes da vida pessoal que serviram de sinal para quem convive com o jogador. O carro que não pode ser pago com o salário ainda modesto e o pedido de reconhecimento considerado prematuro serviram de alerta para a chefia de Luciano.

O atacante virou, à boca pequena, um exemplo de como um jogador pode reagir mal à mudança que um clube grande faz na vida de alguém.

Não ajudou em nada o imbróglio envolvendo um dos empresários do atleta, Ângelo Marcos, preso por suspeita de tráfico de drogas. Mais uma vez, o Corinthians blindou o jogador para evitar um dano ainda maior por conta do escândalo.

Só que Luciano caiu na linha de preferência de Mano. Depois de ter barrado Paolo Guerrero no fim do Campeonato Paulista, ele passou a ser a quarta opção do ataque corintiano, atrás do peruano, de Romero e Romarinho. Contra o Goiás, ele entrou em campo por uma questão tática, e não por opção técnica.

"Alteração foi de sistema. Estava matando o Jadson ter de acompanhar o lateral esquerdo, e a falta de uma recomposição estava dando liberdade excessiva ao adversário. A colocação do Luciano pelo lado e a centralização do Jadson, mudando o sistema para o 4-2-3-1 nos deu uma condição melhor no segundo tempo", explicou Mano.

Luciano, então, serviria para ajudar na marcação por conta da sua velocidade. Só que seu oportunismo lhe rendeu três gols e uma noite memorável. Contando com dois gols marcados em amistosos, ele já tem 11 com a camisa do Corinthians, empatado com Romarinho como artilheiro da equipe no ano. No próximo domingo, com Romero rendendo pouco, pode ganhar uma vaga no time titular de novo.

"Ele entrou bem no jogo e o mais importante é fazer bem a função. O fato de fazer três gols logicamente influencia. Levo em consideração", disse Mano, sobre as chances do atacante para domingo.