Topo

"Melhor" Ganso do São Paulo enfrenta Santos para esquecer próprio fantasma

Guilherme Palenzuela

Do UOL, em São Paulo

24/08/2014 06h00

Paulo Henrique Ganso convive com um fantasma desde setembro de 2012, há quase dois anos. Um fantasma dele mesmo. Daquele Ganso do Santos, que apareceu como meia à moda antiga - quando isso era visto como positivo - e causou comoção popular para que fosse levado por Dunga à Copa do Mundo de 2010. Chegou a ser o protagonista da dupla com Neymar, e não o coadjuvante, como depois seria. Neste domingo, ele tem pela primeira vez a chance de deixar tal fantasma para trás. Em sua melhor fase desde a troca de clube, Ganso e o São Paulo enfrentam o Santos, no Morumbi, às 16h, pelo Brasileirão. Para o meia, a chance da libertação. Para o São Paulo, a oportunidade de assumir a vice-liderança do campeonato nacional e se tornar o principal concorrente do Cruzeiro.

O Santos do técnico Oswaldo de Oliveira não tem Ganso, mas tem Gabigol. O jovem atacante de 17 anos, chamado de "titularíssimo" pelo próprio treinador, retorna da seleção sub-20 para reassumir a vaga que deixou com Leandro Damião. Destaque do Santos que fazia boa campanha antes de sua saída, Gabriel sente um pouco do que o camisa 10 do São Paulo sentiu há cinco anos.

Há uma diferença enorme de qualidade entre o Ganso de setembro de 2012 e o de agosto de 2014. E aquele, anterior, estava até mais próximo da seleção brasileira e colhia mais elogios. Mas nos 23 meses que separam as duas versões, Ganso viveu constante oscilação de desempenho. Antes, era praticamente imóvel e só conseguia atuar no centro do meio de campo, à frente dos volantes e atrás dos atacantes. Hoje, ainda sem o brilho do parceiro de Neymar na Vila Belmiro em 2010, rouba bolas, invade a área adversária, finaliza e joga até pelas laterais do campo - como jogará neste domingo, provavelmente pela esquerda do setor ofensivo, com Kaká pela direita, Alexandre Pato no centro, como segundo atacante, e Alan Kardec na área.

O Ganso que enfrentou o Santos pela primeira vez não tinha nada disso. A partida aconteceu no dia 21 de fevereiro de 2013, pelo Paulistão. E Muricy Ramalho, hoje no São Paulo, era técnico do Santos. Ganso foi recebido na Vila Belmiro com vaias intensas e chuva de moedas. A pressão enorme e o futebol ruim se uniram e resultaram em uma péssima atuação. Ney Franco o escalou na ponta direita do ataque, algo que não funcionou. O São Paulo perdeu por 3 a 1 e a torcida do Santos já sentia que nunca mais veria o antigo prodígio jogar como se imaginava.

A consistência hoje, no entanto, é muito maior. O camisa 10 foi o autor do gol contra o Internacional, que deu a vitória ao São Paulo no Beira-Rio na última rodada. Invadiu a área, apareceu como um segundo atacante - como Ricardo Goulart, do Cruzeiro e agora da seleção brasileira. Algo que aquele Ganso do Santos não fazia.

O grande personagem do clássico deste domingo não poderá dividir as atenções com Robinho. O atacante não se recuperou da lesão muscular na coxa direita e desfalca o Santos no Morumbi. O jogador chegou a aparecer no gramado do CT Rei Pelé no sábado, fato que gerou esperanças por sua participação. Mas a lista de relacionados de Oswaldo evidenciou outra realidade. Se vencer no Morumbi, a equipe volta a ficar perto do topo da tabela.

Muricy Ramalho ainda não pode contar com Luis Fabiano e Antonio Carlos, que se recuperam de lesão. O lateral direito Douglas, que negocia com o Barcelona, voltou a correr, mas não está relacionado. Souza, que retorna de suspensão, deve assumir a vaga de Hudson.

FICHA TÉCNICA
SÃO PAULO X SANTOS

Local: Morumbi, São Paulo (SP)
Data/Hora: 24 de agosto de 2014, às 16h
Árbitro: Vinicius Furlan (SP)
Assistentes: Vicente Romano Neto e Carlos Augusto Nogueira Júnior (ambos de SP)

SÃO PAULO:
Rogério Ceni; Paulo Miranda, Rafael Toloi, Edson Silva e Alvaro Pereira; Denilson, Souza, Kaká e Ganso; Alexandre Pato e Alan Kardec.
Técnico: Muricy Ramalho.

SANTOS:
Aranha; Cicinho, Edu Dracena, David Braz e Mena; Alison, Arouca e Lucas Lima; Gabriel, Thiago Ribeiro e Leandro Damião.
Técnico: Oswaldo de Oliveira.