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Esse São Paulo ganha dos fortes. Imagine se vencesse os mais fracos

Guilherme Palenzuela

Do UOL, em São Paulo

30/08/2014 06h00

Em menos de duas semanas o São Paulo trocou aquilo que parecia o início do namoro com uma nova crise pela caça ao Cruzeiro no Brasileirão. Hoje vice-líder do campeonato nacional, o time de Muricy Ramalho é agora o maior concorrente a desbancar o domínio do atual campeão. E tudo isso acontece com algumas peculiaridades: esse São Paulo parece ter mais facilidade ao defrontar adversários mais fortes. Não fossem 10 pontos perdidos contra equipes menores, o clube do Morumbi seria o primeiro da tabela do campeonato nacional.

Desde a volta do Brasileirão, após a pausa para a Copa do Mundo, o São Paulo venceu seis jogos, empatou um e perdeu quatro, somando-se Brasileirão, Copa do Brasil e Copa Sul-Americana. Das quatro derrotas, duas aconteceram no Brasileirão e aconteceram talvez nos dois jogos onde mais se esperava a vitória: 1 a 0 para a Chapecoense, no Morumbi, e 2 a 1 para o Goiás, no Serra Dourada, na estreia de Kaká. Além das duas derrotas, empatou com o Criciúma por 1 a 1 no Morumbi.

Assim como nesses três tropeços, outro também chamou atenção no primeiro semestre: 2 a 2 contra o Coritiba, no Pacaembu. Alexandre Pato marcou o primeiro, o São Paulo tomou a virada em casa com duas falhas defensivas, e precisou de brilho inesperado de Ademilson para empatar, no fim. Hoje, o Coritiba é o 19º na classificação do Brasileirão. Chapecoense, Goiás e Criciúma, que motivaram os outros vacilos, são 15º, 13º e 17º, respectivamente. Nestes 12 pontos disputados, o São Paulo ganhou apenas 2. Tivesse ganhado os 12, estaria com 42 pontos na classificação, três à frente do Cruzeiro, com 39.

A extremidade positiva também é curiosa. O próprio Cruzeiro, jogando em casa, não conseguiu superar o São Paulo. Tropeçou: 1 a 1, com gol no fim do zagueiro Antonio Carlos, para empatar. No primeiro semestre, o time de Muricy ainda superou Atlético-MG (6º) e Grêmio (7º), além de ter segurado empate com o Corinthians (4º). Desde o retorno aos jogos, a facilidade em bater os grandes se comprovou: nas últimas duas rodadas, vitórias sobre Santos (10º) e Internacional (3º).  Antes, ainda venceu o Palmeiras, que apesar de ocupar a 16ª posição encarou o jogo de forma franca, pela rivalidade que por vezes equipara forças.

Parte da explicação da eficiência do São Paulo contra os principais rivais e das deficiências contra os mais fracos se dá pela dificuldade que o time de Muricy apresenta para vencer equipes que jogam fechadas, na retranca. A equipe carrega esse problema desde o Paulistão – acabou superada pelo Penapolense, em pleno Morumbi, nas quartas de final. Quando não encontra formas de entrar pelo meio na defesa adversária, o time normalmente recorre às bolas aéreas e se abre.

Neste domingo, o São Paulo tem mais um desses duelos, que são teoricamente mais fáceis, mas que na prática se comprovam mais complicados. Encara o Figueirense (12º), no Orlando Scarpelli, às 16h. Se vencer, mostra que a boa fase também fez com que o time superasse a deficiência contra os menores e ainda pode encostar no Cruzeiro.