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Muricy abandona chuveirinhos e aposta na bola no chão no São Paulo

Do UOL, em São Paulo

11/09/2014 11h00

No tricampeonato brasileiro que venceu com o São Paulo (2006, 2007 e 2008), Muricy Ramalho ficou conhecido como o maior adepto de ume estilo de jogo considerado pouco criativo, que abusava do jogo físico e confiava em levantamentos na área – os populares chuveirinhos – para marcar gols.

Mas o São Paulo de 2014, montado pelo mesmo Muricy – é completamente diferente disso. O time desenvolveu um estilo de jogo moderno, dinâmico e muito difícil de ser parado, baseado no toque de bola rápido e na infiltração de jogadores rápidos. Essa tática fica a cada rodada mais evidente, na medida em que os atletas conseguem cada vez mais sintonia entre si.

Os números, nesse caso, não mentem. Na vitória de virada sobre o Botafogo (4 a 2), em Brasília, os são-paulinos trocaram nada menos do que 479 passes certos (e apenas 37 errados), de acordo com o serviço de estatísticas Footstats. De acordo com o mesmo serviço, o São Paulo é o campeão nesse quesito em todo o campeonato.

Não se trata de trocar passes por trocar, sem objetivo, e a prova são os resultados. Contra o Botafogo, a equipe conseguiu a sexta vitória nos últimos sete jogos, o melhor desempenho recente entre todos os times que disputam o Brasileiro. O bom momento faz até Muricy, sempre muito econômico em elogios, avaliar que o São Paulo está jogando tão bem quanto o Cruzeiro, o atual líder disparado do campeonato.

“A gente hoje, quando vem ver o São Paulo, vê um bom jogo. É muita dinâmica, posse de bola, criação e também sempre em direção ao gol adversário”, afirmou ainda em Brasília, depois da partida contra o Botafogo. “Hoje dá gosto de ver o São Paulo jogar. A gente tomou a virada, mas estávamos muito seguros, estávamos com um time muito forte.”

Muito dessa mudança pode ser creditado ao tipo de treinamento que Muricy vem ministrando aos jogadores. Nas atividades, é possível perceber uma cobrança muito grande pelo passe preciso, além, claro, da preocupação com a marcação sob pressão, característica tradicional do técnico.

O lance mais evidente dessa nova mentalidade foi um gol no último domingo contra o Sport, quando vários jogadores trocaram passes rápidos de sua própria área até a área adversária. O movimento terminou com um gol de Pato. Contra o Botafogo, também houve lances semelhantes, como o que resultou no segundo gol de Souza, um volante que se infiltrou na área e recebeu um passe de Pato para virar a partida.

“Está todo mundo se movimentando, é mérito do time que vem treinando isso, quem está bem posicionado sempre busca o outro companheiro melhor posicionado”, afirmou Pato.

O novo estilo fez o time não necessitar mais de chutões pra frente ou cruzamentos inúteis para a área. Viradas de jogo, por outro lado, que sempre dificultam a marcação adversária, estão na moda: foram 10, todas corretas, na última partida.

Furos na defesa

Mas, se o ataque vai muito bem, obrigado, a defesa voltou a mostrar alguma fragilidade, depois de uma sequência de partidas seguras. O Botafogo fez dois gols de jogo aéreo, nos quais os zagueiros e volantes não conseguiram atrapalhar os jogadores adversários.

O capitão Rogério Ceni, que no primeiro gol ainda fez uma defesa incrível, mas não pôde evitar o rebote chutado por Zeballos, preferiu exaltar os adversários e não criticar seus próprios companheiros.

“Não foram tanto erros defensivos. Certo que eles tiveram muitas chances, mas os gols eu credito muito mais à batida do Wallyson. Ali talvez tenhamos que melhorar o posicionamento, tem que voltar a trabalhar, treinar mais, fazia tempo que não tomávamos gol de bola parada", afirmou o jogador.