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Santos blinda Aranha no caso de racismo e reforça segurança em Porto Alegre

Samir Carvalho

Do UOL, em Santos (SP)

18/09/2014 06h00

Diretoria, comissão técnica e jogadores alinharam o discurso nesta semana e fugiram de qualquer tipo de polêmica sobre o caso de racismo envolvendo o goleiro Aranha e os torcedores do Grêmio. O técnico Enderson Moreira e os atletas, que concederam entrevistas coletivas, minimizaram o ocorrido e procuraram desviar o assunto ao responder sobre o retorno do Santos a Arena Grêmio após o polêmico jogo do último dia 28.

Além disso, a diretoria santista blindou o goleiro Aranha. Desde que sofreu injuria racial dos gremistas, o jogador não concedeu nenhuma entrevista no CT Rei Pelé. O camisa 1 só falou com a imprensa após o jogo do Santos contra o Vitória, da Bahia, no Pacaembu, no dia 6 deste mês,e avisou que seria a última entrevista sobre o tema. Nesta semana, Aranha recusou todos os pedidos de entrevistas e sequer se aproximou da sala de imprensa.

Além da blindagem a Aranha e o discurso alinhado, o UOL Esporte apurou que o Santos reforçou a segurança para a viagem a Porto Alegre. Normalmente viajam apenas dois seguranças, mas a polêmica com a torcida do Grêmio fez a diretoria santista mudar de ideia. Quatro seguranças embarcaram com a delegação santista e estão no Sul do país acompanhando o elenco que enfrenta o Grêmio nesta quinta-feira, às 20h30 (de Brasília), pela 22ª rodada do Campeonato Brasileiro.

Os santistas estão preocupados com a recepção dos gremistas na Arena Grêmio. Isso porque o clube gaúcho foi excluído da Copa do Brasil após seus torcedores serem flagrados em atos de racismo na vitória do Santos por 2 a 0 pelas oitavas de final da Copa do Brasil. Aranha foi chamado de macaco por alguns torcedores que estavam atrás do gol da Arena.

Externamente, o Santos tenta demonstrar tranquilidade com o fato. Nem as provocações do técnico Luiz Felipe Scolari, que insinuou uma suposta armação do goleiro Aranha no caso de racismo, tiraram um discurso polêmico dos santistas. Questionado sobre o fato de Felipão perguntar se a imprensa iria 'cair na esparrela do goleiro de novo', Enderson Moreira amenizou.

“Sinceramente, eu acho que isso (declarações do Felipão) não interfere. Não estamos preocupados com o que acontece fora de campo. Acima de tudo, temos de nos respeitar sempre. Todos somos profissionais e queremos fazer o trabalho da melhor forma possível. Vamos sofrer pressão da torcida, vão tentar nos desestabilizar, mas isso acontece sempre quando o time joga fora. O que determina o resultado é o que acontece dentro das quatro linhas”, disse Enderson.

O Grêmio tem postura diferente do Santos e não minimiza o discurso sobre a polêmica envolvendo os dois clubes. O diretor de futebol do clube gaúcho, Rui Costa, prevê ânimos acirrados. A partida será a primeira entre as duas equipes desde o encontro pela Copa do Brasil em 28 de agosto, também na Arena Grêmio, marcado pelas manifestações racistas de parte da torcida gremista.

Para Rui Costa, os dois times se enfrentaram em cenário atípico, já que, segundo ele, o clube gaúcho tem sido alvo de generalizações negativas desde o incidente. Em entrevista à "ESPN Brasil", o dirigente reclamou que até mesmo atletas do Santos têm criado um clima ruim diante dos problemas ocorridos na Copa do Brasil.

O diretor gremista foi taxativo ao criticar as "manifestações dos atletas do Santos", pedindo responsabilidade pelas declarações e admitindo um clima ruim para o confronto desta quinta-feira.