Valor de ingresso causa disputa interna e racha diretorias em dupla Fla-Flu
O clássico entre Flamengo e Fluminense neste domingo (21), às 16h, no Maracanã, pela 23ª rodada do Campeonato Brasileiro, marca mais um capítulo da novela envolvendo os valores dos ingressos praticados pelos clubes no Maracanã. A questão se transformou em alvo de disputas internas, racha nas diretorias e até causou a saída de um cartola tricolor.
Desde que a administração Bandeira de Mello assumiu o comando na Gávea, o Rubro-negro investiu no programa de sócio-torcedor e também passou a praticar valores mais elevados nos bilhetes com a alegação de compensar os custos do Maracanã.
Apesar da arrecadação líquida de R$ 2,4 milhões nos jogos em casa durante o primeiro turno do Brasileirão, o Flamengo deixou de ganhar exatos R$ 3.348.165,74 - valor levantado pelo UOL Esporte nos borderôs das partidas disputadas no estádio. Apenas o aluguel custa cerca de R$ 200 mil por jogo e ainda existem R$ 300 mil de despesas operacionais.
Os valores são tratados pela diretoria como um enorme prejuízo. Por isso, a torcida costuma pagar a conta. E “jogar para a galera” por pouco não causou a saída do vice-presidente de futebol Alexandre Wrobel na última semana. O dirigente assumiu o cargo e prometeu a manutenção dos valores definidos enquanto o time ocupava a lanterna do torneio.
Na ocasião, ex-mandatários e conselheiros pressionaram o presidente pela redução do preço ao entenderem que o apoio do torcedor era fundamental para tirar o time da delicada situação. Com aval do técnico Vanderlei Luxemburgo, o acordo foi firmado e o setor mais barato do Maracanã passou a custar R$ 40 - R$ 20 meia.
No entanto, a gestão aumentou os valores para o jogo contra o Corinthians e revoltou os torcedores. Wrobel ameaçou deixar o cargo se os preços antigos não fossem retomados. O episódio expôs a disputa na diretoria com o vice-presidente de marketing, Luiz Eduardo Baptista. O vice de futebol saiu vitorioso, já que os preços para o clássico contra o Fluminense voltaram ao acordado, mas o clima nos bastidores da Gávea é rotineiramente conturbado no que envolve o tema.
O Fluminense, por sua vez, chegou a provocar o Flamengo ao ter ingressos mais baratos no começo do Campeonato Brasileiro. Nos setores administrados pelo Tricolor no Maracanã, as entradas custavam apenas R$ 20 - R$ 10 meia. O clube das Laranjeiras foi na contramão do rival e apostou na popularização, mas nem tudo saiu como esperado.
Pouco mais de dois meses após divulgar uma tabela fixa de preços para o Campeonato Brasileiro, o Tricolor suspendeu o quadro no fim de julho e aumentou os valores, agora definidos a cada rodada.
A mudança ocorreu após a queda de braço entre o vice-presidente de Projetos Especiais, o empresário Pedro Antônio Ribeiro, que defendia o aumento, e outros dirigentes, entre eles o Gerente de Arenas Carlos Eduardo Moura, que deixou o cargo logo após perder a disputa nos bastidores.
A justificativa para o aumento - de R$ 20 para R$ 30 - foi a maior valorização dos sócios-torcedores. Segundo os defensores da alteração, eles pagavam mais do que os não sócios, pois arcavam também com a mensalidade de R$ 29,90 e 50% do preço dos bilhetes.
Convenientemente, a alta dos valores também ajudou a resolver outro problema detectado por parte da diretoria: a queda na arrecadação mesmo com os bons públicos do Tricolor no Campeonato Brasileiro.
Apesar das polêmicas, os rivais vão relativamente bem no que envolve a média de público no Brasileirão. O Fluminense tem a quinta melhor marca como mandante - 21.265 torcedores por partida. Ainda com ingresso mais caro em comparação ao Tricolor, o Flamengo ocupa a marca de terceiro anfitrião do torneio e leva em média 25.128 pessoas ao Maracanã por jogo.
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