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Com poucas palavras, Cícero vira líder e peça-chave de Cristóvão no Flu

Rodrigo Paradella

Do UOL, no Rio de Janeiro

23/09/2014 06h00

Ao contrário do capitão Fred, o meia Cícero não é de falar muito. Bem mais discreto que o camisa 9 do Fluminense, o apoiador assumiu papel de liderança e de peça-chave no time do técnico Cristóvão Borges com seu desempenho dentro de campo. Não à toa, é um dos jogadores que mais disputaram partidas oficiais desde sua volta às Laranjeiras, em agosto deste ano.

Mesmo sendo um dos principais jogadores da equipe, Cícero passaria desapercebido não fosse o bom futebol e os gols que marca com frequência pelo Tricolor. Hoje aos 30 anos, o meia exibe um perfil menos extrovertido que o brincalhão Fred, maior referência no elenco do Fluminense atualmente.

Mas isso não o tira do posto de um dos jogadores mais queridos da torcida no Fluminense. Com status de grande contratação, Cícero retornou ao Fluminense no meio deste ano após uma passagem bem-sucedida pelo clube entre 2007 e 2008, quando foi vendido ao Hertha Berlim, da Alemanha.

A identificação cresceu ainda mais com uma evolução clara apresentada por Cícero em seu retorno: os gols que se acostumou a fazer durante passagens por São Paulo e Santos. O meia marcou nove gols em dois meses e duplicou a média registrada em sua primeira estadia nas Laranjeiras: 0,52 contra apenas 0,23 entre o começo de 2007 e julho de 2008, mês de sua venda para o Hertha.

O aumento no número de gols vem também por uma habilidade desenvolvida por Cícero nos últimos anos: atuar em diversas posições dentro de campo, desde volante a centroavante. Essa versatilidade já podia ser notada em 2007, mas agora está mais consolidada. Tanto é que ele recebeu elogios por brilhar como homem de área em uma das partidas do Campeonato Brasileiro.

"A posição de centroavante de referência não é nova para Cícero e hoje ele voltou a corresponder. Nós precisávamos de posse de bola e, Cícero, como é versátil e inteligente, soube fazer isso. Ele ajudou a abrir a defesa do Figueirense, prendeu a bola para esperar a chegada dos meias, e ainda marcou. É um jogador muito inteligente", avaliou Cristóvão após ver Cícero marcar o gol tricolor no 1 a 1 com o Figueirense, pelo Campeonato Brasileiro.

Um dos trunfos de Cícero em seu retorno é o bom entrosamento com Conca, que também disputou a Libertadores de 2008 pelo Fluminense. Os dois, por sinal, tem em comum a assiduidade nos jogos do Tricolor: o argentino desfalca a equipe pela primeira vez no Brasileiro contra o Grêmio, na quarta, enquanto Cícero só não jogou em uma partida desde que chegou às Laranjeiras.

O meia é um dos homens de confiança de Cristóvão Borges. Além de atuar como volante, meia e atacante, Cícero tem mostrado boa condição física e, por isso, foi substituído em seis das 17 partidas que fez pelo Tricolor, número baixo se levado em consideração o fato de que o meia vinha de dois meses de inatividade antes de estrear pela equipe em julho.

O certo é que a fase de Cícero não poderia ser melhor. O meia soma 20 gols em 39 jogos neste ano, contadas as partidas que fez pelo Santos antes de se transferir para o Fluminense. A média de 0,51 gols é alta até mesmo para um atacante. O ídolo Fred, por exemplo, tem média de 0,53, praticamente a mesma marca do companheiro.