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É bom os atletas ficarem de mãos atadas; veja quando mão na bola é pênalti

Fábio Santos converte penalidade após bola na mão de Antonio Carlos em clássico paulista - Alexandre Schneider/Getty Images
Fábio Santos converte penalidade após bola na mão de Antonio Carlos em clássico paulista Imagem: Alexandre Schneider/Getty Images

Do UOL, em São Paulo

24/09/2014 16h17

A nova orientação sobre marcação de pênaltis gerou preocupação extra aos jogadores para a rodada deste meio de semana no Brasileirão. A ordem é tomar máximo de cuidado com os movimentos de mãos e braços dentro da área. A Fifa ordenou que seja considerado penalidade quando um atleta interceptar a bola com a mão ou braço mesmo sem intenção.

A única ressalva feita pela Fifa sobre o “mão na bola” é quando o atleta recolher corretamente a mão ou o braço no momento da interceptação (sem intenção) da bola.

Neste caso, não deve ser anotada a penalidade quando a bola for interceptada pelo jogador com o braço, pois ele se preocupou em não deixar o braço “exposto” dentro da área.

“Tem que colocar os braços para trás, senão vai ter polêmica”, alertou o zagueiro do São Paulo, Edson Silva.

Chefe do Departamento de Arbitragem da Fifa, Massimo Bussaca concorda que é impossível correr sem mexer os braços, mas enfatiza que os atletas têm de ter maior atenção na execução de determinados movimentos do corpo.

“Um jogador precisa de sua mão e de seu braço para correr, para se equilibrar e para saltar. Não se pode jogar sem mão”. “Mas quando um jogador tenta fazer seu corpo maior usando a mão, isso deve ser punido”.

NÃO FOI PÊNALTI

O árbitro Sandro Meira Ricci errou ao marcar pênalti de Fágner na partida Flamengo 1 x 0 Corinthians, no Maracanã, em 14 de setembro. O lateral corintiano interceptou a bola, mas seu braço não estava posicionado para eventual interrupção da trajetória da bola. A orientação fala em pênalti mesmo sem intenção, mas não quando o atleta está com o braço "colado" ao corpo, como no caso de Fágner.

“O Fágner está com o braço junto ao corpo. Não houve a penalidade”, destacou o ex-árbitro Paulo César de Oliveira durante a transmissão da rede Globo.

FOI PÊNALTI

Partindo do princípio de que bola na mão é pênalti (a menos que esteja devidamente recolhida), a CBF entende como pênalti a infração cometida pelo palmeirense Renato na partida vencida pelo Fluminense por 3 a 0, no Maracanã, em 13 de setembro.

Renato não teve intenção de interceptar a bola com o braço no cruzamento de Wagner, mas se colocou em risco ao deixar o braço aberto na disputa.

“Ele [Renato]  comete a infração ao levantar os braços preocupado em proteger o seu gol. Ele se arrisca. E ao se arriscar, levanta os braços, em que a bola toca. Nos novos conceitos, o árbitro tem que marcar”, explicou a ex-bandeirinha Ana Paula de Oliveira, secretária da escola Nacional de Arbitragem da CBF.

O lance envolvendo o santista Alison na partida contra o Figueirense é semelhante ao do palmeirense Renato (citado acima). Alison não teve intenção de tocar na bola, mas colocou a jogada em risco ao deixar o braço “solto”. A bola seguia em direção ao gol. Para a Fifa, houve bloqueio deliberado por parte do atleta do Santos. Portanto, pênalti.

“No caso do santista, ficou nítido que a posição do braço estava longe do corpo, de forma que interrompeu a trajetória da bola. Mesmo ele não tendo intenção, houve pênalti”, disse ao UOL Esporte o chefe da comissão de arbitragem da Federação Paulista de Futebol, Coronel Marinho.

PÊNALTI CONTESTADO

A penalidade assinalada após toque da bola no braço de Antonio Carlos é contestada. O ex-árbitro Leonardo Gaciba entende que o juiz acertou ao marcar a infração no clássico entre Corinthians 3 x 2 São Paulo.

“Para mim, houve a penalidade. Eu costumo fazer um exercício quando ocorre esse tipo de jogada. Se o Antônio Carlos fosse um atacante, e a bola entrasse no gol, você validaria o gol ou anularia por ter sido com a mão? Todos nós marcaríamos o toque”, disse Gaciba ao Sportv.

Em contato com o UOL Esporte, um árbitro que pediu para não ser identificado, entende que não deveria ser marcado o pênalti.

“Deve ser levado em conta três fatores para esse tipo de situação [mão na bola]: velocidade da bola, distância do jogador para o local em que partiu a bola, e direção ao gol. O Antonio Carlos estava muito perto de onde veio a bola. A bola veio rápida, sem tempo para reação, e não ia em direção ao gol. E ele não estava com o braço aberto, e sim colado ao corpo”, justifica.

Fifa quer fim de “interpretação” em jogadas de mão na bola

O instrutor da Comissão de Arbitragem da Fifa, Jorge Larrionda, esteve na Granja Comary no início de setembro para retransmitir os novos conceitos sobre mão na bola.

Antes da recomendação recente feita pela Fifa aos árbitros, prevalecia a interpretação do árbitro: ficava a critério do juiz entender se o atleta teve ou não o intuito de colocar a mão na bola.

As novas diretrizes da Fifa visam justamente diminuir com a “interpretação”. A Fifa, portanto, não alterou a Regra 12 (que aborda mão na bola), mas, sim, orientou árbitros e auxiliares a seguirem um mesmo critério.