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Da multa à faixa de capitão. O Palmeiras tem uma meta: reconstruir Valdivia

Danilo Lavieri

Do UOL, em São Paulo

26/09/2014 10h01

O salário mais alto do elenco, o que mais jogou pelo clube e mais fez gols, já disputou duas Copas e próximo dos 31 anos. Com ele, o time tem quase 50% de aproveitamento no Brasileirão e a chance de vitória e lances mágicos cresce consideravelmente. É o típico camisa 10. E, por tudo isso, o Palmeiras quer transformar Valdivia de problema em referência. De dor de cabeça com lesões e suspensões em líder na luta contra o rebaixamento.

A mudança começou já com a multa no salário imposta pela expulsão contra o Flamengo. O chileno pisou em Amaral e será julgado nesta segunda-feira, com a possibilidade de pegar até 12 jogos. No dia em que foi comunicado do castigo, o meia não escondeu sua chateação, treinou mal, pouco se esforçou e colocou mais a mão na cintura do que os pés na bola.

Dias depois, no entanto, mostrou que assimilou o golpe. Mais do que isso. Recebeu a faixa de capitão das mãos de Dorival Júnior e saiu do estádio do Pacaembu, após o triunfo contra o Vitória, aplaudido de pé pelos quase 15 mil torcedores que estiveram por lá na quinta-feira. Teve o pedido da contratação de seu fisioterapeuta favorito também atendido.

“O Lúcio tem uma liderança natural, já é dele, não preciso que ele coloque uma braçadeira para que ele se mostre como capitão. Falei que daria essa responsabilidade ao Valdivia, porque quero o Valdivia mais inteiro dentro do clube, não só na parte técnica, mas com responsabilidade. Ele pode ajudar muito, é diferenciado, e de repente assumindo uma postura um pouco diferente perante o grupo ele possa ser um pouco mais útil do que vem sendo”, disse o treinador.

Valdivia poderá ser o tutor de nomes que surgem para o futuro do Palmeiras. João Pedro, Renato, Victor Luis e Nathan são os melhores exemplos de atletas que acabaram de sair das categorias de base e precisam de um espelho para poder crescer.

O camisa 10 sabe dessa responsabilidade. Por isso, mudou totalmente de postura. Ele sabe que poderá voltar a ter uma passagem boa no clube em que sempre faz questão de agradecer por fazer parte.

“Desde quando o Dorival chegou, a gente conversou e eu entendi. Espero corresponder, é uma responsabilidade muito grande, ainda mais pela situação em que a gente se encontra. Eu espero sair dessa situação com os outros jogadores. A gente teve uma palestra com o Lulinha ontem, e ele disse que as coisas mudam muito rápido. Eu posso terminar o ano com uma imagem diferente ao que muitas pessoas pensam”, disse o meia.

“O país está precisando de jovens jogadores. Hoje eu falei para eles que deu orgulho e prazer ver jogar Renato, Victor Luis, João Pedro, Nathan. São caras que cresceram aqui. No Chile, passei pela mesma situação deles, quando eu era jovem, com muita pressão. Eles foram muito bem e acredito que eles estão jogando no time titular porque estão merecendo”, completou.

Com contrato encerrando em agosto de 2015, Valdivia já disse que toparia voltar à Europa, mas que vê com bons olhos a chance de terminar a sua carreira no Palmeiras. Por isso, mostra consciência que cabe a ele colocar a cabeça no lugar, os pés no chão e voltar a exibir o futebol que o colocou como candidato ao hall de ídolos alviverdes.

“Sou um dos mais velhos aqui no clube, um dos mais cobrados. Sei muito bem o quanto sou importante. E espero continuar sendo, continuar correspondendo, e para isso tem que jogar, ganhar... Sei muito bem. A única coisa que posso fazer é agradecer a confiança, vejo nos jogadores, eles falam para mim que quando eu jogo eles se sentem mais seguros. Espero que continuem se sentindo seguros. Se pelo fato de eu jogar eles forem bem como hoje, para mim é muito melhor”, finalizou.