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Fiéis escudeiros ajudam Marcelo Oliveira a conduzir Cruzeiro ao título

Thiago Fernandes

Do UOL, em Belo Horizonte

23/11/2014 06h10

Todo grande herói tem fiéis escudeiros. Dom Quixote sempre esteve acompanhado de Sancho Pança, assim como Batman tem Robin a seu lado. Se o cenário for adaptado ao futebol, o técnico Marcelo Oliveira, que neste domingo pode se tornar bicampeão brasileiro no comando do Cruzeiro, também conta com dois assessores de sua confiança.

Quando assumiu o Cruzeiro em janeiro do ano passado, Marcelo Oliveira buscou dois auxiliares com os quais já havia trabalhado. Tico dos Santos e Ageu Gonçalves, que já se conhecem há muitos anos, tornaram-se seus fiéis escudeiros. Embora tenham liberdade para trabalhar, a palavra final é sempre do pacato treinador.

O trio formou-se em Curitiba, mais especificamente no Paraná, em 2010. A relação de Tico com Marcelo, no entanto, é antiga. A dupla se conheceu em 2001. Na ocasião, Tico era auxiliar de Levir Culpi e Marcelo trabalhava nas categorias de base do Atlético-MG. Apesar do longo tempo de amizade, o primeiro trabalho nos atuais moldes foi no Ipatinga, em 2009. O assistente acompanhou o treinador nas passagens pelo Coritiba e Vasco da Gama. Junto deles, o preparador físico Juvenilson de Souza.

“Eu conheço o Marcelo desde 2001, quando fui para o Atlético mineiro trabalhar com ele na base. Eu estava na base e ele era técnico do juvenil. Depois, fomos nos encontrar novamente, eu como auxiliar dele em 2009, no Ipatinga. Passamos juntos por Ipatinga, Paraná, Coritiba, Vasco e, agora, Cruzeiro. Estamos há seis anos juntos, desde 2009”, disse Tico dos Santos ao UOL Esporte.

Ageu Gonçalves passou a integrar a comissão técnica de Marcelo Oliveira no Paraná, em 2010. Quando o treinador deixou o clube e seguiu para o Couto Pereira, o auxiliar foi para o Grecal-PR, de Campo Largo. A parceria foi retomada em 2013 na chegada do comandante à Toca da Raposa.

“Estou no segundo ano no Cruzeiro com o Marcelo, mas tive a oportunidade de trabalhar com essa comissão, junto do Tico e do Juvenilson no Paraná, em 2010. Agora na vinda para o Cruzeiro, tive o convite para fazer parte dessa comissão novamente”, contou ao UOL Esporte.

Se a inserção de Ageu no grupo ocorreu somente em 2010, a integração entre ele e Tico dos Santos é antiga. Em 1993, aos 21 anos, ele contou com o auxílio do atual companheiro de profissão e do treinador Levir Culpi para se profissionalizar pelo Paraná. Apesar da diferença de idade, a amizade teve início na década de 1990.

“O Marcelo conhece o Tico há pouco mais de dez anos e eu conheço o Tico há 20 anos, porque eu trabalhei com ele e com o Levir Culpi no Paraná em 1993 e eu era dos juniores, acabei subindo para o profissional com o Levir e o Tico. Tenho uma afinidade maior com o Tico, mas o Marcelo me dá toda a abertura para resolver as situações, mas tudo dentro da sua hierarquia. A gente tem que respeitar e acatar em prol da comissão e do trabalho do Cruzeiro, que é o mais importante”, revelou.

Há uma divisão de tarefas entre os fiéis escudeiros de Marcelo Oliveira. Enquanto Tico dos Santos atua nos treinamentos ao lado do técnico, Ageu Gonçalves se responsabiliza pelos zagueiros e por analisar os adversários da equipe celeste.

“O trabalho da comissão técnica tem que ser integrado, cada um com sua função. Nós trabalhamos em dois auxiliares com o Marcelo. As coisas são bem divididas. O Ageu trabalha com a parte de vídeo dos adversários, acompanha a base mais próximo do que eu. Ele também trabalha no campo conosco. Ele treina os zagueiros, porque foi um zagueiro que foi muito bem na profissão”, afirmou Tico.

“Eu fico com o Marcelo nas demais coisas do trabalho, no dia a dia. Viajamos juntos e fico com o Marcelo nos dias dos jogos. Ele é uma pessoa tranquila, confia na comissão técnica, mas a última palavra sempre vai ser dele. Mas ele ouve muito a preparação física e a comissão técnica nas questões referentes ao trabalho”, acrescentou.

Reuniões familiares

Nem só de obrigações vivem os comandantes cruzeirenses. Amigos fora dos gramados, eles costumam se encontrar para jantar e almoçar. As confraternizações, em família, têm assuntos distintos do mundo do futebol, mas se encontram sem os seus parentes, não tem jeito. O esporte volta à tona.

“Às vezes, quando estamos nós quatro jantando ou almoçando, costumamos falar de futebol, mas quando vêm as famílias, procuramos dar uma desligada, curtir um pouco. São poucos momentos que a gente curte a família. Quando eles vêm para Belo Horizonte, a gente troca ideias e informações do dia a dia”, observou Ageu, endossado por Tico dos Santos.

“A gente vive futebol 24 horas. Às vezes, acordamos de madrugada pensando no jogo, no adversário, no time, no que vai fazer, na palestra. Ele consome muito a gente. Então, quando estamos com a família, a gente procura uma outra área, falar mais sobre cinema, televisão, política, coisas diferentes do nosso dia a dia para que possamos dar um tempo e não tenhamos que tratar do nosso trabalho”, ponderou.

“Às vezes, as pessoas esquecem que o nosso trabalho é o lazer do povo. Na hora do nosso lazer, a gente tem que relaxar, mesmo estando com a família. É ideal que falemos de outras coisas para que você possa se reciclar sobre as coisas do cotidiano. Somos cidadãos normais, como qualquer pessoa. Precisamos nos envolver com o contexto social, as coisas que envolvem a vida de cada”, acrescentou Ticos dos Santos.