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Gritos de D'Ale, lágrimas e café de Abel. Os bastidores da vitória do Inter

Marinho Saldanha

Do UOL, em Porto Alegre

23/11/2014 06h00

Não foi nada fácil, mas o Inter conseguiu vencer o Atlético-MG, no sábado, e entrou novamente na linha de classificação para próxima Libertadores. O 2 a 1 teve bastidores movimentados. Dos gritos de D'Alessandro em campo às lágrimas do roupeiro Gentil, passando pelo café oferecido por Abel Braga aos jogadores no intervalo. Tudo para culminar no gol de Fabrício, aos 48 da etapa final, que garantiu os três pontos. 

O primeiro tempo foi muito ruim. Mesmo que tenha saído na frente e sofrido o empate em um pênalti, o Inter teve atuação muito abaixo do previsto. Na avaliação do técnico Abel Braga, a falência dos setores do time vermelho se deu por conta da pressa. O time queria fazer tudo rapidamente. 
 
E como ele resolveu isso? Chamando os jogadores para um café. E com açúcar, para acalmar. Foi isso que, nos vestiários durante o intervalo, recolocou o Inter nos trilhos e abriu caminho para a vitória. 
 
"O que eu vi do primeiro tempo foi meu time ansioso, extremamente apressado, coisa que não vemos há muito tempo. Em vários momentos passamos da bola. Faltando 5 minutos para acabar eu comecei a me perguntar: Dou no meio dos caras [no intervalo]? Pensei: Não. E fui light demais. Peguei um copo de café com açúcar, falei: acho que vou dar um pouco para vocês. Precisam acalmar um pouquinho. Se quiser correr demais, tiver vontade demais, reclamar demais, passa do ponto. Eu acalmei o time e voltamos para o segundo tempo todo mundo mais perto daquilo que joga", revelou Abel. 
 
Enquanto o relógio era oponente do Inter e cada minuto parecia muito mais rápido do que era de fato, D'Alessandro além de meia e capitão foi também motivador e cronômetro. Ele dizia, aos gritos, aos demais jogadores quanto tempo ainda faltava. E, ao mesmo tempo, pedia apoio. 
 
"Eu cheguei a olhar o placar eletrônico para ver quanto tempo faltava. Me lembro que era lateral e estava com 47. Foi um minuto antes do gol. O D'Ale ficava gritando: vamos lá que falta um minuto, vamos lá que ainda temos um minuto. O Aránguiz também falava isso. Os gritos me motivaram. Pensei: vou para área nem que seja a última bola. Graças a Deus sobrou e fiz o gol", contou o lateral esquerdo Fabrício, que definiu o jogo.
 
E a trinca de pontos relevantes nos bastidores da conquista vermelha foi completa após a partida. Gentil, roupeiro da equipe, chorava no vestiário quando todos entraram. Abel Braga tratou de dedicar a ele o feito no Beira-Rio. 
 
"As lágrimas do Seu Gentil no vestiário. Aquilo ali são lágrimas da alma, do coração. Eu queria que os jogadores soubessem, porque muitos deles não atentam para os detalhes. Eu cheguei aqui em junho de 1988. Seu Gentil já estava. Ele nunca, quando distribui as camisas após o aquecimento, pega com uma das mãos e entrega. Ele pega a camisa com as duas mãos. É um negócio incrível. Quando cheguei fui falar com ele. Disse que a emoção não pode mais passar por cima dele, não é mais menino. Mas foi legal. Essa vitória foi para ele, que para mim é o maior de todos os colorados", disse. 
 
Os jogadores do Inter voltam a trabalhar no início da semana. O próximo passo para garantir vaga na próxima Libertadores será dado no sábado (29). O Palmeiras será o adversário, no Beira-Rio, às 19h30 (horário de Brasília).