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Bota repete fórmula de fracasso: desmanche, salário atrasado, crise e queda

Bernardo Gentile e Luiz Gabriel Ribeiro

Do UOL, no Rio de Janeiro

01/12/2014 06h00

O Botafogo, por causa de grave dificuldade financeira e da decisão de Seedorf em se aposentar, teve que lidar com muitas mudanças no elenco para iniciar a temporada 2014. Após campanha de sucesso no Brasileirão-2013, em que terminou na quarta colocação e conseguiu classificação para a Copa Libertadores, a diretoria alvinegra não conseguiu segurar seus principais jogadores.

Este era o início de uma fórmula seguida à risca e que resultou em um fim de ano melancólico com a confirmação do rebaixamento neste domingo, na Vila Belmiro. "Não caímos hoje", resumiu o técnico Vagner Mancini após a derrota por 2 a 0 para o Santos.

A receita para o fracasso é conhecida. O caminho tomado por grandes clubes que fracassaram recentemente era um exemplo de qual estratégia não deveria ser seguida, mas não foi levado em consideração pela gestão encabeçada pelo presidente Maurício Assumpção.

Com orçamento mais baixo para a atual temporada, o time que recolocou o Botafogo na competição continental após 18 anos foi totalmente desmanchado. Nomes fundamentais para uma trajetória positiva em 2013 deram adeus a General Severiano e fizeram falta.

O holandês Seedorf encabeça a lista, por decisão pessoal de abandonar o futebol como atleta. A lista é extensa e conta com outros nomes importantes: Dória, Vitinho, Lodeiro, Fellype Gabriel, Rafael Marques e Andrezinho, por exemplo. A folha salarial diminuiu sensivelmente com as baixas – R$ 5 milhões para R$ 3,5 milhões –, mas os problemas financeiros se multiplicaram.

Sem capacidade de pagar salários por estar fora do Ato Trabalhista e ter todas as suas receitas bloqueadas, o clube colecionou incríveis mais de seis meses de atrasos salarias em carteira e direitos de imagem. Foi salvo por torcedores ilustres e endinheirados, que buscaram intervenção para solucionar alguns dos diversos problemas nos bastidores.

As crises explodiram com ausência dos atletas a treinos e amistosos agendados por diretoria e comissão técnica. O rompimento dos jogadores por causa das seguidas promessas não cumpridas mostrava a dificuldade em se chegar a uma solução para os problemas. Protestos de torcedores, com direito a invasão ao vestiário do time, também não amenizavam o clima. O ambiente ficou ainda mais quente em outubro, quando Assumpção decidiu romper o contrato de quatro jogadores – os líderes Emerson, Bolívar, Edilson e Julio Cesar foram demitidos.

Após as demissões de Bolívar e Julio Cesar, em outubro, apenas Jefferson e Gabriel seguiram no Alvinegro como peças chave de um elenco que não obteve êxito em momento algum do ano. A reformulação forçada trouxe graves prejuízos para o clube, que não passou da fase de grupos da Libertadores, teve campanha muito fraca no Carioca e terminou o ano com o rebaixamento no Brasileirão.

Exemplo parecido foi dado pelo Vasco, que também enfrentou dificuldades financeiras e se viu obrigado a liberar os seus mais importantes jogadores pouco a pouco. O elenco cruzmaltino que ficou na segunda e quinta colocações nos Brasileiros de 2011 e 2012, respectivamente, já não existia em 2013.

Diego Souza, Alecsandro, Eder Luis e Dedé, por exemplo, deixaram São Januário. O resultado também foi trágico para o Vasco, que fracassou no torneio nacional e teve que disputar a Série B em 2014.

Em grave crise financeira, o Alvinegro terá obstáculos para iniciar uma nova reformulação no elenco para competir na próxima temporada e se recuperar da queda de forma imediata.