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Como a parceria entre Fluminense e Unimed chegou à pior fase em 15 anos

A parceria entre Fluminense e Unimed Rio vive momento delicado  - Bruno Haddad/Fluminense FC
A parceria entre Fluminense e Unimed Rio vive momento delicado Imagem: Bruno Haddad/Fluminense FC

Rodrigo Paradella

Do UOL, no Rio de Janeiro

04/12/2014 06h00

A rediscussão da parceria entre Fluminense e Unimed Rio nos últimos dias tem deixado claro que a relação vive seu pior momento desde o início, em 1999. A previsão de uma diminuição no investimento por parte da empresa e o endurecimento na negociação, no entanto, são também sintomas de que a cooperativa enfrenta problemas próprios.

Uma das principais causas para o enfraquecimento da parceria vem de fora do futebol. A Unimed Rio encara sérias dificuldades após ter mais de uma década de prosperidade ao lado do Fluminense. Os problemas surgiram em grande parte pela construção de um hospital próprio na Barra da Tijuca e pela incorporação da carteira de associados da Golden Cross, no ano passado.

A construção do hospital aumentou o grau de endividamento da cooperativa, que causou até mesmo o rebaixamento da empresa nas análises da Fitch Ratings, recentemente. A absorção de clientes da concorrente, por sua vez, gerou uma demanda que a Unimed teve dificuldades em dar conta. Em agosto, para piorar, uma cliente morreu após aguardar 21 horas por uma cirurgia no centro médico da cooperativa.

Existe a possibilidade, inclusive, do hospital ser vendido a uma rede do setor pouco mais de um ano após ser inaugurado. À Unimed, restaria a diminuição do prejuízo com a negociação. O cenário, é claro, desmotiva a empresa a investir no futebol e aumenta a pressão política interna sobre o presidente Celso Barros, que prometeu aos cooperados reduzir os valores da parceria com o Fluminense.

A pressão por uma parceria com o Fluminense com valores mais de acordo com o mercado não é novidade na Unimed. Na eleição de 2013, Celso enfrentou a oposição do candidato Claudio Salles, que prometia rever o contrato com o Tricolor. Naquela época, porém, a empresa ainda prosperava, e o presidente conseguiu mais uma reeleição com boa vantagem.

Se dentro de casa as coisas não andam boas para a Unimed, na relação com o Fluminense não estão muito melhores. Celso Barros colecionou atritos com o presidente tricolor Peter Siemsen recentemente e chegou a ameaçar o fim da parceria em entrevistas após a demissão de Renato Gaúcho, em abril. O conflito foi contornado, mas a relação entre os dois não é das mais próximas.

A própria negociação pela permanência da Unimed no Fluminense tem sido tumultuada. A empresa e o clube encaram uma discussão tensa, que tem deixado até mesmo jogadores com Fred, Wagner e Rafael Sóbis apreensivos em relação ao futuro de seus contratos. Além disso, atletas com vínculos até o fim do ano como Diego Cavalieri, Gum, Diguinho e Valencia sequer sabem se terão seus compromissos renovados.

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