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Clássico é chave para direção, técnico e torcida se entenderem no Palmeiras

Pedro Lopes

Do UOL, em São Paulo

29/05/2015 06h00

O Campeonato Brasileiro mal começou, mas depois de um excelente Paulistão, o Palmeiras vive seus primeiros dias de turbulência em 2015. Ao longo da semana, vários fatos aconteceram e geraram divergências envolvendo comissão técnica, diretoria e a torcida do alviverde. O remédio pode ser um clássico diante do Corinthians.

No domingo, jogando de forma ofensiva e pressionando muito o adversário, o Palmeiras acabou tropeçando e perdendo por 1 a 0 para o Goiás. O efeito da derrota, que deixou o clube com dois pontos em três partidas no Brasileirão, foi imediato.

Na segunda-feira o diretor de futebol Alexandre Mattos surpreendeu na Academia de Futebol: interrompendo um treinamento dos reservas, trouxe a campo também os titulares e os reuniu no gramado; sob os curiosos olhos dos profissionais de imprensa, conversou por cerca de 40 minutos com o elenco, em alguns momentos em tom de cobrança.

A iniciativa fez com que o dirigente e o treinador Oswaldo de Oliveira não falassem a mesma língua. No dia seguinte, Oswaldo pediu para se dirigir aos jornalistas e discordou de forma franca do "puxão de orelha" dado publicamente nos seus atletas no dia anterior.

"Eu prefiro conversar a portas fechadas. Na minha casa, quando tem necessidade, converso com meus filhos a portas fechadas. Embora o Palmeiras seja de domínio público, é melhor controlar para manter o nosso ânimo aqui. Até porque não sou de dar bronca, sou ais light, prefiro de forma mais comedida e mais controlada. Acho que os mais experientes não gostam muito (de cobrança pública). Os mais jovens acatam melhor", afirmou.

Diante da colocação de um repórter, que teria dito que a conversa gerou mudanças nos treinamentos do alviverde, Oswaldo foi mais contundente. "Tenho 64 anos de idade, 40 de carreira, sendo 22 fora do Brasil. Não tenho necessidade de viver da pressão de pessoas com menos experiência no futebol do que eu".

Uma vitória na quarta poderia ter acalmado as coisas, mas ela não aconteceu. O empate em 0 a 0 com o ASA pela Copa do Brasil revoltou a torcida palmeirense, que cobriu o time e, principalmente Oswaldo, de vaias e gritos de "burro".

Ainda há muito campeonato pela frente, mas a semana é a primeira em um 2015 que começou promissor na qual dirigentes, treinador e torcida do Palmeiras parecem não falar a mesma língua. O melhor remédio -ou o maior veneno - está no horizonte: clássico contra o Corinthians no domingo.

Não existe absolutamente nada capaz de encerrar qualquer príncipio de crise do que uma vitória sobre o rival em plena Arena Corinthians. Ao mesmo tempo, uma derrota contundente é capaz de poluir de vez o ambiente e provocar mudanças profundas.

Da última vez que Palmeiras e Corinthians se enfrentaram, valia uma vaga na final do Campeonato Paulista; o alviverde foi à casa do rival, se impôs e levou a melhor. Agora, o momento é diferente, mas o obstáculo é o mesmo e, o prêmio, igualmente importante. Uma vitória em Itaquera é mais do que suficiente para que todos voltem a falar a mesma língua no Palmeiras.