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Sete erros da diretoria que culminaram em más campanhas do Cruzeiro em 2015

Gilvan de Pinho Tavares, presidente do Cruzeiro, assistiu às eliminações do clube no Mineiro e na Copa Libertadores - Washington Alves/Light Press
Gilvan de Pinho Tavares, presidente do Cruzeiro, assistiu às eliminações do clube no Mineiro e na Copa Libertadores Imagem: Washington Alves/Light Press

Thiago Fernandes

Do UOL, em Belo Horizonte

29/05/2015 06h00

Depois de se sagrar bicampeão brasileiro e deixar a torcida mal acostumada, o Cruzeiro vive um momento conturbado na temporada com a eliminação precoce no Campeonato Mineiro, o início ruim no Brasileirão e a queda vexatória na Copa Libertadores da América. Marcelo Oliveira recebe muitas críticas por parte da torcida, mas a diretoria também tem parcela de culpa nesta situação.

Os erros da cúpula não são poucos e incluem a ausência de uma figura centralizadora para o comando do futebol, a perda de atletas importantes em temporadas anteriores, as contratações arriscadas e problemas até no discurso. Motivado por isso, o UOL Esporte lista os principais erros da diretoria:

1) Não encontrar um diretor de futebol
Responsável por comandar o futebol do Cruzeiro entre março de 2012 e o início desta temporada, Alexandre Mattos deixou a Toca da Raposa II em janeiro passado, apesar de a saída ser anunciada em dezembro de 2014. Desde então, o presidente Gilvan de Pinho Tavares adotou discursos distintos quanto à necessidade de contar com um substituto.

Sem uma pessoa responsável pelo futebol, a direção ficou perdida para traçar o planejamento para a atual temporada e encontrou inúmeras dificuldades para efetuar as contratações de atletas.

2) Cadê o substituto de Éverton Ribeiro?
Éverton Ribeiro foi eleito o melhor jogador de duas edições consecutivas do Campeonato Brasileiro. Cérebro do time entre 2013 e 2014, ele foi negociado para o Al-Ahli, dos Emirados Árabes Unidos, e a diretoria não encontrou um substituto à altura. As promessas foram inúmeras, mas até o momento o clube não achou o nome ideal. Nessa quinta-feira, o gerente de futebol Valdir Barbosa disse que vai procurar o atleta no futebol europeu.

“Estamos trabalhando de uma forma sem apavoramento. Não adianta trazer uma contratação para tentar iludir o torcedor, porque a resposta vem lá na frente. O torcedor pode ter certeza que vamos nos recompor de alguma forma assim que a janela da Europa for aberta”, afirmou.

O Cruzeiro tentou oito nomes para a posição. Os principais nomes foram Valdivia e Cleiton Xavier, ambos do Palmeiras, Robinho e Lucas Lima, do Santos, Alex, do Internacional, Wagner, do Fluminense, Cristian Rodriguez, do Grêmio, e Paulo Henrique Ganso, do São Paulo.

3) Contratações arriscadas
O Cruzeiro apostou em atletas que não vinham de bons momentos em seus antigos clubes. O chileno Felipe Seymour disputou a Série B do Campeonato Italiano pelo Spezia durante a temporada 2013/14 e fez a sua última partida em maio de 2014. Depois disso, o atleta ficou desempregado e retornou à América do Sul no início do ano para atuar pelo atual bicampeão brasileiro. A contratação do jogador foi um pedido do presidente Gilvan de Pinho Tavares.

Riascos viveu algo semelhante na Toca da Raposa II. Atualmente no Vasco por empréstimo, o colombiano chegou ao clube avalizado pelo mandatário. Entretanto, não teve oportunidades com o técnico Marcelo Oliveira. O atacante não colecionava bons momentos pelo Monarcas Morelia, do México, seu último clube antes de chegar ao Brasil, e acabou assinando contrato por três temporadas.

O zagueiro Douglas Grolli chegou ao Cruzeiro por conta de uma dívida do Grêmio com o clube. Quase seis meses depois de sua contratação, ele não fez nenhuma partida sequer. O defensor ainda luta por sua oportunidade, mas não deve entrar em campo tão cedo. Questionado sobre estas contratações, o gerente de futebol Valdir Barbosa fez a sua análise:

“Essas contratações que às vezes não dão certo elas acontecem em qualquer época de clubes, vencedores, perdedores ou não. Nesse elenco que tivemos em 2012, 2013 e 2014, vários jogadores contratados não deram certo. Só que não dá destaque, porque a equipe está em momento muito bom e conseguiu ganhar dois campeonatos consecutivamente. Às vezes, alguns chegam sem chegar ao melhor. Por isso sai para buscar uma melhora em outro clube”, comentou.

4) Reintegração de afastados
A diretoria não cometeu erros somente na contratação de atletas. Jogadores que não atuavam há algum tempo pelo clube também apareceram entre os equívocos da cúpula. Os casos mais marcantes são os retornos de Gilson e Charles à Toca da Raposa II.

A volta do lateral esquerdo não durou muito tempo. Após boa temporada atuando como meia-atacante pelo América-MG, ele foi novamente emprestado. O destino, nesta oportunidade, foi a Ponte Preta. No clube de Campinas, ele se tornou um dos nomes prediletos do técnico Guto Ferreira.

Embora a situação de Gilson tenha ganhado notoriedade, o retorno mais emblemático foi o de Charles. O volante não praticava o futebol desde novembro de 2013, quando defendeu o Palmeiras pela Série B. O jogador ficou um ano treinando em separado no Cruzeiro e recebeu uma oportunidade no Carnaval deste ano. Desde o seu retorno, ele é utilizado com frequência por Marcelo Oliveira.

5) Divergências de discursos
A ausência de um substituto para Alexandre Mattos, que negociou a sua ida para o Palmeiras no início do ano, fez com que a diretoria do Cruzeiro tenha vivido um cenário novo para muitos. O presidente Gilvan de Pinho Tavares, o supervisor de futebol Benecy Queiroz e o gerente Valdir Barbosa tiveram os discursos desencontrados em algumas situações. O caso que melhor simboliza as informações distintas é a venda de Egídio para o Dnipro, da Ucrânia, em janeiro deste ano.

Inicialmente, foi divulgado que Egídio defenderia o Dínamo de Kiev, também da Ucrânia. Entretanto, no dia seguinte, a cúpula ‘mudou’ o destino do lateral esquerdo e revelou que a negociação seria para o Dnipro.

Na noite do dia 6 de janeiro, o supervisor de futebol Benecy Queiroz confirmou a venda do atleta para o clube europeu. No dia seguinte, o presidente Gilvan de Pinho Tavares adotou um discurso mais cauteloso por meio do departamento de comunicação e disse que a negociação ainda não acontecera.

6) Pedidos de Marcelo não foram atendidos
No início do ano, Marcelo Oliveira solicitou alguns jogadores à diretoria. Entre os atletas pedidos pelo treinador estava o zagueiro Leandro Almeida, do Coritiba, o volante Arouca e o meia-atacante Robinho, ambos do Santos.

Os dirigentes cogitaram buscar o trio, mas não encontraram a melhor maneira de viabilizar as contratações. O defensor permaneceu no Couto Pereira, já que a diretoria considerou elevado o pedido do Coritiba para a sua liberação.

Arouca assinou um pré-contrato com o Palmeiras enquanto defendia as cores do Santos. O atleta foi levado por Alexandre Mattos, ex-diretor de futebol do Cruzeiro, para a Academia do Futebol.

Robinho foi outra contratação perdida para o ex-membro da cúpula cruzeirense. O meia-atacante se destacou pelo Coritiba e acabou negociado com o Palmeiras no início da atual temporada.

7) A estranha situação de Joel
O camaronês não podia entrar na Argentina por não possuir o visto de trabalho do país. Na fase de grupos da Copa Libertadores da América, quando o atual bicampeão brasileiro foi a Buenos Aires para enfrentar o Huracán, o atacante foi deportado pela Polícia Federal e não reuniu condições de atuar fora de casa. A situação se deu por conta da ausência do documento que ele deveria possuir para exercer a sua profissão na nação.

Nas quartas de final do mesmo torneio, a situação se repetiu. Marcelo Oliveira chegou a colocá-lo entre os relacionados para o compromisso, mas o camaronês não possuía o visto necessário para o confronto e acabou permanecendo no Brasil. Vale destacar que, na ocasião, o supervisor de futebol Benecy Queiroz revelou que ele estaria à disposição da comissão técnica para o jogo disputado no estádio Monumental de Nuñez.