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Presidente do Cruzeiro revela quando decidiu demitir Marcelo Oliveira

Gilvan de Pinho Tavares revela quando decidiu demitir o ex-treinador do Cruzeiro - Washington Alves/Light Press
Gilvan de Pinho Tavares revela quando decidiu demitir o ex-treinador do Cruzeiro Imagem: Washington Alves/Light Press

Thiago Fernandes

Do UOL, em Belo Horizonte

03/06/2015 13h47

A saída de Marcelo Oliveira da Toca da Raposa II, confirmada na tarde dessa terça-feira, poderia acontecer até antes. No entanto, duas situações impediram que o presidente Gilvan de Pinho Tavares demitisse o treinador: a sua ausência em Florianópolis, onde o time disputou a sua última partida no domingo, e a disputa na Copa Libertadores da América.

Durante a apresentação de Vanderlei Luxemburgo, o mandatário explicou o que houve para que ele não estivesse em Santa Catarina e contou também que a disputa contra o River Plate, da Argentina, nas quartas de final do torneio continental, retardou a sua decisão.

“Eu não iria cometer uma indelicadeza desse tipo com um treinador que ficou no Cruzeiro por dois anos e cinco meses. Estava com febre e não pude viajar a Florianópolis. Não iria cometer uma indelicadeza dessa, pedir ao Valdir Barbosa para demitir o Marcelo Oliveira. Indelicado vocês sabem que eu nunca fui. Eu tive uma educação de berço e não sou de agir dessa forma. Depois que fizemos o acerto, que ele achou que realmente estava difícil de continuar, teve outras propostas e achou que não era o momento de sair, ele viu que a situação estava difícil de ser mantida. Não seria indelicado de demiti-lo lá em Florianópolis”, afirmou.

“Não adiantou porque eu não pude trocar o treinador antes. Não era aconselhável trocar o treinador do Cruzeiro durante a disputa da Libertadores. estávamos nas quartas de final da Libertadores, enfrentando um adversário difícil. O São Paulo é uma das maiores equipes do Brasil. conseguimos segurar, jogamos a segunda partida contra o São Paulo e fizemos uma bela partida, com um futebol típico de Libertadores. Chegamos às quartas de final, fizemos uma bela partida em Buenos Aires e fomos eliminados aqui, o que é normal na Libertadores. Perdemos para um grande clube do futebol sul-americano. Não era o momento de trocar. Demos tempo para trocar na hora certa. Depois de quatro rodadas do Brasileiro sem a equipe voltar a jogar com o brilho e vontade que tinham antes, a gente teve que pensar em trocar sim e achamos que foi no momento certo. O ideal seria que o Vanderlei chegasse aqui para fazer a pré-temporada”, acrescentou.

A decisão de demitir Marcelo Oliveira, técnico bicampeão brasileiro pelo Cruzeiro, não foi o único assunto abordado por Gilvan de Pinho Tavares. O presidente do clube ainda elogiou Luxemburgo e fez uma análise do momento do Cruzeiro. Confira:

Boas-vindas a Luxemburgo
Gostaria de dar uma explicação sobre a saída do Marcelo Oliveira e sobre o momento da saída. O time do Cruzeiro não foi tão bem quanto em anos anteriores. O momento exato foi definido depois da saída do Cruzeiro na Libertadores. Durante o Campeonato Mineiro, a caminhada do Cruzeiro não foi a esperada. A diretoria do Cruzeiro vinha impaciente com a diretoria e a comissão técnica anterior. A gente esperou o máximo possível. Não poderíamos esperar mais, porque o Brasileiro está em andamento e só conseguimos um ponto em 12 disputados. O Cruzeiro é um clube muito grande, tem história. Precisávamos trazer alguém que colocasse o clube onde merece. A pessoa escolhida por um consenso da diretoria foi o Vanderlei Luxemburgo, porque teve uma passagem brilhante pelo Cruzeiro e excelente no futebol brasileiro. A gente oscila, mas podemos ter um caminho de glórias e cheio de conquistas.

Reforços
“Eu sempre disse à imprensa que, por melhor que seja o plantel do Cruzeiro e mesmo quando ganhávamos títulos atrás de títulos, o Cruzeiro está de portas abertas para grandes jogadores. Estamos com portas abertas para contratar atletas que possam melhorar o nível do plantel. Um ou outro jogador do Cruzeiro foi a diretoria quem contratou. Contratar jogador não é fazer imposição ao treinador. Às vezes, a gente contrata um jogador para fazer um investimento. Jogadores que quantificaram na Taça São Paulo de Futebol Junior vieram para o nosso time de base. Teve jogadores que não houve tempo. Contratamos jogadores para o time de juniores, da base e dali o treinador trazer ou não para o plantel dependendo do crescimento desse atleta”.

Desmanche
O que significa essa palavra desmanche? Por que desmanche? Qual o time do Cruzeiro que desmanchamos se a maioria permaneceu? O Dedé, por exemplo, está em recuperação. Sofreu uma cirurgia. O Marcelo Moreno não era um atleta do Cruzeiro, era um atleta que estava emprestado ao Cruzeiro e não houve possibilidade de manter o jogador. Não mandamos o Marcelo Moreno embora. Tínhamos um atleta que não era mais titular do Cruzeiro, o Nilton, um jogador de meio de campo, que foi ao meu gabinete insistir várias vezes para deixar o Cruzeiro. Ele e a esposa dele insistiram tanto que conseguiram que a gente cedesse e saísse do Cruzeiro. A gente não pode considerar que isso seja desmanche de time. Outro jogador que saiu foi o Egídio, que não é jogador do Cruzeiro. Era um jogador emprestado. Era um jogador do Tombense e todo mundo sabe que esse time tem um investidor. Ele foi colocado no Cruzeiro com a condição que a gente liberasse quando tivéssemos uma proposta. Dois jogadores que saíram apenas que não conseguimos as peças necessárias de reposição: Éverton Ribeiro e Ricardo Goulart. O Éverton Ribeiro foi duas vezes escolhido o melhor do país pela crônica esportiva. Eram jogadores que tinham contrato assinado, estava próximo de terminar e que adquiriram valor econômico no Cruzeiro. Foram valores astronômicos e com salários que não poderíamos bancar. Trouxemos o De Arrascaeta, considerado por muitos, uma grande aquisição do Cruzeiro. É um jogador jovem, promissor e que tem tudo para crescer dentro do Cruzeiro. O Ricardo Goulart, quando trouxemos para o Cruzeiro, sofreu críticas por ser um atleta que atuava em um time da segunda divisão. Ninguém consegue segurar um jogador eternamente no clube. Não existe mais isso no futebol brasileiro. Jogador nenhum fica mais eternamente no clube. Ele se esforça, se dedica e evolui com o objetivo de ser negociado.

Nível técnico do elenco
É um time que está mostrando para gente que vacila. Faz partidas muito boas e partidas abaixo daquilo que pode apresentar. Se olharmos com a visão nova de um novo treinador, esse time pode render tudo que pode. O plantel do Cruzeiro sempre foi visto como um bom plantel.