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Lucas Lima está em alta, mas Inter não deu muita bola para ele. Por quê?

Lucas Lima jogando com a camisa do Inter: cena rara e que facilitou saída - Jefferson Bernardes/Divulgação Internacional
Lucas Lima jogando com a camisa do Inter: cena rara e que facilitou saída Imagem: Jefferson Bernardes/Divulgação Internacional

Jeremias Wernek

Do UOL, em Porto Alegre

26/06/2015 06h00

Destaque do Santos em 2014 e na mira do Porto, de Portugal, Lucas Lima apareceu para o futebol brasileiro com os direitos ligados ao Internacional, mas nunca teve chance real no Beira-Rio. Tratado sempre como moeda de troca, o meia reencontrará o ex-clube e o Beira-Rio no final de semana – em jogo da nona rodada do Brasileirão. A explicação para o tratamento vem de uma fórmula que une reforços caros (como Diego Forlán) e condição intocável de D’Alessandro no time titular.

Lucas Lima foi contratado pelo Inter na gestão de Fernandão como executivo de futebol. Foi indicação de Dorival Júnior, mas só foi ganhar chance de jogar mesmo quando o diretor assumiu como técnico. No segundo semestre de 2012 ele ficou como alternativa real a D’Alessandro em algumas partidas. Acumulou 14 jogos (somente quatro como titular), mas a queda de Fernandão e o clima do vestiário podaram seu crescimento na hierarquia interna.

Em 2013, com Dunga no comando do vestiário, as chances foram mínimas. Apenas para constar no scout: dois jogos no Campeonato Gaúcho. O capitão do tetra liberou Lucas Lima antes do quarto mês daquela temporada, sob alegação técnica e de que o elenco já contava com alternativas suficientes no meio-campo. A centralização de jogo em D’Alessandro naquela temporada também pesou. Capitão e líder do time, o argentino foi fundamental em uma campanha feita longe do Beira-Rio (fechado para reformas para Copa do Mundo).

No Sport, Lucas Lima fez sete gols e foi peça-chave na campanha que culminou com volta à Série A do Brasileirão. O bom desempenho dele não fez a diretoria repensar a avaliação técnica, mas sim vislumbrar um ótimo negócio. A saída ocorreu, mas também sinaliza o status do jogador: a transferência jamais foi citada em discursos dos dirigentes como um dos históricos casos de vendas (desde Diogo Rincón passando por Luiz Adriano e Alexandre Pato até Otávio) do Colorado.

O primeiro clube a sondar Lucas Lima foi o Palmeiras. O Santos entrou depois na briga, com apoio do fundo maltês Doyen Sports, e negociou por quase dois meses para fechar a compra de 25% dos direitos do meia. O valor obtido na época ajudou a sanar as finanças do Colorado – que havia investido pesado entre 2012 e 2013 com as chegadas de Rafael Moura, Juan, Diego Forlán e Ignacio Scocco. Dias depois de confirmar negócio com o time paulista, o Colorado também se desfez da dupla de estrangeiros.

Além do lado financeiro, que rendeu 2,5 milhões de dólares ao Inter, o quesito técnico seguiu presente. O Colorado não via em Lucas Lima um jogador capaz de se tornar titular de seu time. Mais de um ano depois do adeus ele voltará a Porto Alegre afirmado e jogando como poucos no Beira-Rio imaginaram que ele pudesse jogar. Uma espécie de prova dos nove sobre a avaliação do time gaúcho. E que tem cara de decisão por envolver equipes com a mesma pontuação no Campeonato Brasileiro.