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Reforços baratos e garotos da base. Tite já brilhou assim no Corinthians

Tite conversa com Rogério no primeiro de seus 310 jogos pelo Corinthians - Jose Patricio/ Arquivo Folhapress
Tite conversa com Rogério no primeiro de seus 310 jogos pelo Corinthians Imagem: Jose Patricio/ Arquivo Folhapress

Dassler Marques

Do UOL, em São Paulo

27/06/2015 06h00

Saídas de jogadores importantes, presença maior das divisões de base e reforços pontuais e baratos. A realidade do Corinthians de 2015 que enfrenta o Figueirense às 21h (de Brasília) neste sábado, em Itaquera, já foi vivida por Tite no clube. E, por mais que possa se questionar sobre a vocação dele para esse tipo de trabalho, a história do treinador mostra que é possível. Para ver tudo sobre o jogo, clique aqui.

Em 2004, ao ser convidado para segurar uma bronca parecida no mesmo Corinthians, Tite não pestanejou. "Ele não estava empregado e me dava uma boa impressão. Eu tinha a informação de que era uma pessoa séria e dedicada", relata Antônio Roque Citadini, vice de futebol da época. "Mandei o Edvar Simões (diretor de futebol) ligar para ele. Marcamos numa churrascaria no Tatuapé, acertamos e ele falou que dava o treino no mesmo dia", relembra.

A exemplo do momento atual, o Corinthians vivia tempos difíceis. O dinheiro da parceira Hicks Muse tinha ido embora, o clube vivia com cotas bloqueadas e a ideia de contratar Rivellino para ser diretor técnico foi um fiasco. Com um time e meio de reforços inexpressivos, o elenco corintiano quase foi rebaixado no Paulista. Tite, depois de Juninho Fonseca e Oswaldo de Oliveira, foi o terceiro treinador da temporada. E chegou para participar de uma limpeza.

Principal ídolo, Freddy Rincón foi um entre quase um time inteiro de dispensados como Adrianinho, Piá, Régis Pitbull e Samir. Em contrapartida, Tite ajudou a direção a buscar reforços como os atacantes Alessandro Cambalhota e Alberto, o lateral Zé Carlos e o meia Fábio Baiano, que viria a ser um dos jogadores mais importantes naquele Brasileiro. Mas foi, além disso, atrás de soluções na base.

Jô 2004 - Folha Imagem - Folha Imagem
Jô comemora gol marcado em 2004. Ele era um dos garotos de Tite
Imagem: Folha Imagem

Atualmente cobrado para utilizar os jovens, Tite foi responsável por promover jogadores como o lateral Edson e o volante Bruno Octávio, além de afirmar outros como o meia Rosinei, o atacante Jô e o zagueiro e volante Wendel. A maioria não deslanchou na carreira, mas quase todos tiveram sua contribuição naquela campanha surpreendente. O treinador assumiu na zona de rebaixamento e terminou na quinta posição. A última rodada marcou goleada por 5 a 2 contra o mesmo Figueirense que é adversário neste sábado.

"A vibração do Tite foi uma marca daquele time, porque ele vive tudo intensamente. Tem treinador que não vê a hora de voltar para casa, mas a vida dele é essa", acredita Citadini. "Depois daquela passagem de 2004, me encontrei com ele, já não era mais da diretoria, e ele me disse que as relações daquele período no Corinthians foram impressionantes para a vida dele".

Em 2015, em meio a dificuldades parecidas, a estrela de Tite precisará brilhar mais uma vez.