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"Quarta e domingo" de volta! Pequenos pagam pato pelo calendário apertado

Sport, líder do Brasileiro, é um dos times que mais se beneficiariam com outro calendário - MARLON COSTA/FUTURA PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO
Sport, líder do Brasileiro, é um dos times que mais se beneficiariam com outro calendário Imagem: MARLON COSTA/FUTURA PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO

Do UOL, em São Paulo*

02/07/2015 06h00

A rodada deste meio de semana reinaugura a temporada do “quarta e domingo” no futebol nacional. Depois de algumas semanas mais “leves”, os clubes do país começam a maratona de jogos a cada três dias que caracteriza o calendário nacional. Apertado pelos Estaduais, o Campeonato Brasileiro divide um prejuízo que, na Europa, é só dos grandes.

Não está errado quem diz que também se joga a cada três ou quatro dias no Velho Continente. Para levantar a tríplice coroa, por exemplo, o Barcelona teve de entrar em campo 60 vezes ao longo da temporada europeia. Foram 38 jogos no Espanhol, 13 na Liga dos Campeões e nove na Copa do Rei.

Para fazer o mesmo, um time brasileiro também precisaria de 60 partidas – 38 no Brasileiro, 14 na Libertadores e oito na Copa do Brasil. A diferença é que, ao contrário dos europeus, qualquer equipe tupiniquim teria de atravessar os extenuantes Estaduais antes de sequer começar a briga pelo título nacional.

Hoje, quase todos os torneios regionais ocupam 19 datas do calendário. O tamanho dessas competições encavala os jogos ao longo da temporada e exige que todas as datas possíveis sejam ocupadas. E é aí que se cria um abismo considerável em relação à Europa.

No Velho Continente, os torneios nacionais, salvo raras exceções, só acontecem aos fins de semana, com terças, quartas e quintas servindo às copas. A questão é que os pequenos e médios jogam menos vezes de meio de semana. Para que fique mais claro, vamos usar o exemplo do Rayo Vallecano, décimo colocado do último Espanhol.

O modesto time da cidade de Madri terminou o ano com 40 jogos. Como não havia se classificado para nenhuma competição europeia e foi eliminado na primeira rodada da Copa do Rei, o Levante teve a maior parte das semanas livres ao longo do ano. Isso lhe permite, entre outras coisas, manter um elenco mais enxuto e se preparar melhor para a competição principal.

O Sport, no Brasil, não tem o mesmo direito. Líder do Campeonato Brasileiro após dez jogos, o time pernambucano já tem 37 partidas na temporada, tendo ainda três quartos do torneio mais importante do ano pela frente. Pela composição do calendário, os nordestinos, assim como outros times médios do país, não têm o direito de folgar no meio de semana.

A composição faz com que os clubes brasileiros se mexam. Daqui até o fim do ano, os clubes só terão raras folgas no meio de semana se forem eliminados precocemente das copas. Em várias semanas, porém, o próprio Brasileirão ocupará quartas e quintas com rodadas em sequência.

“A partir de agora temos de começar a ver com nosso departamento médico, preparadores e fisiologistas as condições de cada atleta, pois teremos essa sequência de jogos. Quando não for quarta e domingo, pode ser quinta e sábado ou quinta e domingo. Tudo será avaliado com nosso departamento para que não tenhamos problemas”, disse Celso Roth, técnico do Vasco.

“Quando começarmos a jogar quarta e domingo, vamos ter de implementar o rodízio. É impossível para um atleta competir tão seguido e sempre com os mesmos jogadores. Na Europa as equipes jogam 65 jogos e há uma alta porcentagem de clubes que se destacam em cada liga. E fazem o rodízio”, “avisou” Juan Carlos Osorio, técnico do São Paulo, prevendo problemas com a sequência. 

*Colaboraram Bruno Braz, Diego Salgado, Marinho Saldanha, Samir Carvalho, Thiago Reis e Vinicius Castro