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Escolinha de professor corintiano faz goleiros brilharem no Brasileirão

Tite cumprimenta Mauri Lima, preparador de goleiros do Corinthians desde 2008 - Daniel Augusto Jr/Agência Corinthians
Tite cumprimenta Mauri Lima, preparador de goleiros do Corinthians desde 2008 Imagem: Daniel Augusto Jr/Agência Corinthians

Dassler Marques

Do UOL, em São Paulo

06/08/2015 06h00

Realizado há sete anos, um amistoso entre os reservas do Corinthians e o time sub-20 mudou a vida de um dos melhores goleiros do Campeonato Brasileiro 2015. 

Destaque da posição hoje no Sport, Danilo Fernandes já tinha a aposentadoria do futebol decidida por lesões aos 20 anos. Mas aquele jogo chamou a atenção de Mauri Lima, o preparador de goleiros do profissional do Corinthians. Depois de seis temporadas nas mãos de Mauri, estava preparado mais um dos arqueiros que se destacariam no cenário nacional. 

Se não bastassem Cássio e seu reserva Walter, destaques da melhor defesa do Campeonato Brasileiro, três goleiros da base do Corinthians e que foram moldados por Mauri Lima se destacam. Danilo Fernandes brilha no Sport, Weverton mantém regularidade no Atlético-PR há alguns anos e Júlio César faz sucesso com o Náutico. 

"O segredo para se manter por tantos anos é estar sempre sendo cobrado, em todos os dias da tua vida", conta Mauri, levado do Juventude para o Corinthians por Antônio Carlos Zago, então dirigente, em 2008. "Mas, em contrapartida, precisa ter conquistas. Tem que mostrar porque está ali em um clube grande", explica ao UOL Esporte

DANILO FERNANDES IRIA SE APOSENTAR EM 2008

"Ele vinha de cinco fraturas na mão. Tinha placas, parafusos, dificuldade na movimentação de uma das mãos, mas eu vi qualidade. Ele ia parar para ser o auxiliar do preparador de goleiros do sub-20, mas desistiu", conta Mauri. Hoje, depois de anos de serviços prestados no Corinthians como reserva, Danilo brilha no Sport. "Está substituindo um grande goleiro, de nome, que é o Magrão. Correspondendo muito pelo trabalho", analisa o colega Cássio. 

Danilo Fernandes - Ricardo Nogueira/Folhapress - Ricardo Nogueira/Folhapress
Danilo Fernandes no Sport: um dos melhores na Série A
Imagem: Ricardo Nogueira/Folhapress

MAURI NÃO QUIS REFORÇO PARA O GOL

No primeiro ano de Mano Menezes no Corinthians, o preparador pediu que nenhum goleiro fosse contratado para que pudesse trabalhar Danilo Fernandes. Essa, aliás, é uma marca de Mauri Lima. A ponto de, internamente, entrar em atrito com o então presidente Andrés Sanchez pela contratação de Renan, ex-Avaí. O preparador defendia que Júlio César fosse o titular. O que, na prática, se confirmou. "Não era a prioridade na época", diz rapidamente. 

TITE DESAFIOU PREPARADOR PARA CONTRATAR WALTER

Como levar um goleiro rebaixado no Campeonato Paulista para o Corinthians? Mauri Lima acertou em cheio quando viu Walter na União Barbarense. "Sabíamos que o Júlio e o Danilo iam sair. Fiz a indicação ao Edu Gaspar e ao Tite. Eu havia acompanhado e sabia que, trabalhando, poderíamos melhorá-lo", conta o preparador. "O Tite disse: 'você vai trazer um goleiro rebaixado? Eu respondi que é um goleiro que sempre jogou no fio da navalha, sem poder errar, e ele disse: 'você tem razão, a gente traz'". "O Walter você põe contra qualquer time grande e ele parece estar jogando um dois toques", define.

WEVERTON FICOU MAGOADO COM MAURI

"Trabalhamos com ele mais de dois anos. Esse foi lapidado, você percebia o crescimento dele durante o trabalho. Tem técnica, super alto, muita força. Na época, tínhamos que optar. Ele era uma qualidade parada, às vezes nem ia para o banco como quarto goleiro e optei por liberar. Ele ficou chateado comigo, mas foi melhor para ele. Passou por Oeste, América-RN, Portuguesa e conversei com ele no Pacaembu. 'Sei que um dia você ficou chateado, mas fiz pela oportunidade'. Deixar ele ali era mais fácil. Hoje tenho que agradecer. Você vê o crescimento dele e até hoje mantemos contato". 

INDICAÇÃO DE JÚLIO AO NÁUTICO FOI DELE

Ídolo do Náutico por sua passagem como goleiro do clube, Mauri indicou Júlio César no ano passado e deu certo. O pupilo não só é titular e destaque, mas também capitão. "Fomos campeões brasileiros em 2011 contra tudo e contra todos. É uma simpatia, tem grande amizade com todos e uma pessoa muito humilde. Todos estão sempre torcendo por ele. Dentro de campo é dedicado. Ele teve a chance de ser campeão com méritos em 2011", define. 

CÁSSIO SEGUNDO O MESTRE

16.dez.2012 - Goleiro Cássio, do Corinthians, faz milagre e segura em cima da linha o chute de Cahill, do Chelsea, durante a final do Mundial de Clubes da Fifa, em Yokohama, no Japão - Flavio Florido/UOL - Flavio Florido/UOL
Cássio fez milagre na final do Mundial de Clubes de 2012 ao salvar bola em cima da linha
Imagem: Flavio Florido/UOL

"Dentro do que a gente procurou fazer sempre, ele foi um cara que acreditou no trabalho e mostrou porque veio. Tem uma frieza enorme e uma grande velocidade. Dentro do trabalho, ele apresentou de forma geral um crescimento muito grande". Um ponto citado por Cássio e que os colegas concordam é o relacionamento que Mauri consegue estabelecer entre todos os goleiros, titular e reservas. Invariavelmente, todos eles vão à casa do chefe para almoçar.