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Poucos técnicos e comissão fixa. Como o Atlético-MG reagiu em quatro anos

Cuca chegou ao Atlético-MG há quatro anos e ajudou a implantar uma linha de trabalho que permanece no clube até hoje - Bruno Cantini/Site do Atlético-MG
Cuca chegou ao Atlético-MG há quatro anos e ajudou a implantar uma linha de trabalho que permanece no clube até hoje Imagem: Bruno Cantini/Site do Atlético-MG

Victor Martins

Do UOL, em Belo Horizonte

08/08/2015 06h00

A delegação do Atlético-MG já está em Goiânia para o duelo com o Goiás, pela 17ª rodada do Campeonato Brasileiro. Líder da competição, o time mineiro só perde o posto com uma combinação de resultados. Só uma derrota no Centro-Oeste e o triunfo do Corinthians no clássico com o São Paulo, no Morumbi, fazem o Atlético sair da primeira colocação.

Situação invejável e que começou a ser construída quatro anos atrás. Se em 2015 o Atlético curte a liderança do Brasileirão, em 8 de agosto de 2011 a situação era inversa. Com apenas quatro vitórias em 15 rodadas e sete gols negativos no saldo, o técnico Cuca era apresentado na Cidade do Galo, para substituir Dorival Júnior e com a missão de evitar o rebaixamento. Embora tenha assumido uma equipe na 15ª colocação, o Atlético de Cuca figurou entre os últimos logo após o primeiro jogo com o treinador no Brasileiro, na derrota para o Coritiba.

Cuca chegou confiante. Mal sabia que seria campeão da Libertadores com o próprio Atlético, em 2013, mas já na primeira entrevista como técnico alvinegro ele falou em se classificar para a competição sul-americana. É verdade que a classificação veio no ano seguinte, mas tudo só foi possível por causa da manutenção do trabalho.

Técnico do Cruzeiro até algumas semanas antes de assumir o posto no Atlético, Cuca chegou com rejeição por parte da torcida. “Eu não tenho dúvidas que o torcedor do Atlético vai acreditar e gostar do meu trabalho”, profetizou em agosto de 2011. Mas o trabalho foi árduo e a diretoria teve paciência e acertou.

Cuca perdeu as seis primeiras partidas, quatro pelo Brasileiro e duas pela Sul-Americana. Chegou a ficar na penúltima colocação, cinco pontos atrás da primeira equipe fora da zona de rebaixamento. Mas a manutenção do trabalho e uma linha traçada mudou a história do Atlético. Cuca não foi demitido, evitou o rebaixamento e, em 2012, deu sequência ao trabalho de culminaria com vários títulos: Estaduais, uma Libertadores, uma Recopa e uma Copa do Brasil.

Aliás, foram poucas trocas no comando técnico do Atlético desde então. Cuca chegou em agosto de 2011 e ficou até dezembro de 2013, por opção própria. Mesmo de contrato renovado ele aceitou uma proposta do Shandong Luneng, da China. Foi então que chegou o único treinador demitido nos últimos quatro anos. Paulo Autuori durou somente quatro meses e deu lugar para Levir Culpi, atualmente o segundo técnico da Série A há mais tempo no cargo.

Poucas mudanças no comando técnico e comissão fixa. Algo pensado e implantado a partir de agosto de 2011. “O Cuca veio com dois auxiliares. O Atlético quer ter uma comissão fixa e estamos procurando os nomes”, contou o ex-presidente Alexandre Kalil, durante a apresentação de Cuca.

Menos de dez dias depois de apresentar o treinador, o clube anunciou a chegada do preparador físico Carlinhos Neves, que fez sucesso no São Paulo e estava na seleção brasileira. Neves ficou na Cidade do Galo até dezembro de 2014, quando também acabou seduzido por uma ótima proposta do futebol chinês. Rodolfo Mehl foi contratado para assumir o cargo e por ter uma linha de trabalho parecida com a do antecessor.

Em abril de 2012 foi a vez de o Atlético contratar o preparador de goleiro Francisco Cesórsimo, que estava no Grêmio. Conhecido como Chiquinho, ele está no clube até hoje. São dois exemplos de uma comissão permanente que trabalha na Cidade do Galo, composta por diversos profissionais, como médicos, fisiologistas, nutricionistas e preparadores físicos.

Porém, a reestruturação da equipe teve um preço. Se as dívidas trabalhistas não existem mais, a conta na União está muito alta. De acordo com levantamento Procuradoria Geral da Fazenda, divulgado em março, o Atlético é o clube que mais deve impostos, aproximadamente R$ 280 milhões. Valores questionados pela diretoria alvinegra. Com o abatimento de juros, multas e dinheiro retido, o total a ser pago é inferior a R$ 150 milhões, informam os dirigentes atleticanos.

Missão para o presidente Daniel Nepomuceno resolver. Enquanto isso, Levir Culpi cuida do time e a torcida segue na expectativa de uma nova grande conquista. Cenário que não lembra em nada o que se passava na Cidade do Galo há quatro anos, com uma equipe sem confiança e uma torcida que tinha mais medo do que esperança.