Inter completa uma semana sem Aguirre com corneta, choro e alívio
A surpreendente demissão de Diego Aguirre, às vésperas do Gre-Nal, completa uma semana nesta quinta-feira. Da reunião que anunciou a saída do uruguaio até o pós-jogo com o Fluminense, o Internacional flutuou entre estupefação, desespero e alívio. No meio do caminho teve corneta interna e choro.
O adeus a Diego Aguirre era questão de tempo, mas a saída três dias antes do clássico com o Grêmio pegou a todos de surpresa. Os dirigentes citaram abatimento coletivo no anúncio da demissão, mas no fundo foi a preparação física e os conceitos do gringo que pesaram. Nos corredores do Beira-Rio, entre os dirigentes, houve alívio com a saída. Desde fevereiro eram registrados conflitos de vários departamentos com a parte estrangeira da comissão técnica. Entre os jogadores a reação foi de espanto. Um deles chegou a achar que era brincadeira a notícia da demissão do técnico. Juan, em entrevista coletiva, criticou a cultura do futebol brasileiro e se mostrou claramente contrário a saída. Para o elenco, a decisão foi mais uma atitude desleixada da cúpula - que assumiu em dezembro e luta para não atrasar direitos de imagem por mais de dois meses.
“Nós alertamos desde fevereiro, não nos omitimos. Nós alertamos, conversamos sobre o calendário do futebol brasileiro e impacto de cargas. Mas eles tiveram autonomia para trabalhar do jeito que queriam”, disse Élio Carravetta, coordenador de preparação física, o único a admitir publicamente que teve divergências com Diego Aguirre. “São pessoas com metodologia própria e fechadas nesta ideia. Chegou um momento onde não foi possível segurar”, concordou Carlos Pellegrini, vice de futebol.
Sem Aguirre, o Inter colocou o auxiliar técnico Odair Hellmann como técnico interino para o clássico. Fechou treinos e apostou no impacto da mudança junto aos jogadores. O tiro saiu pela culatra. A atuação no Gre-Nal foi pífia. Rendeu o maior vexame do clube em clássicos dos últimos 100 anos e mais: um clima pesado internamente. Hellmann foi alvo de corneta de um funcionário e acabou defendido pelos jogadores que ouviram. Na segunda-feira, dia seguinte ao 5 a 0 na Arena, o treinador temporário não aguentou e chorou por conta da frustração. Foi abraçado pelos jogadores e ficou na linha de frente do clube em Porto Alegre – já que presidente e vice de futebol viajaram ao Chile atrás do sonho de contratar Jorge Sampaoli.
O gol de Vitinho, com ajuda do peito de Diego Cavalieri, aliviou o Internacional e serviu também para dar mais razão as justificativas dos dirigentes. O Colorado garante que já nota diferença física no time em relação aos trabalhos de Fernando Pignatares e Diego Aguirre. “Os jogadores deram o que tinham, conforme recebiam. Agora terão de trabalhar mais, já estamos fazendo isso”, afirmou Carravetta. “Nós voltamos a um método de trabalho com o Élio e o João Goulart. Um método tradicional do Internacional e sem dúvida nenhuma já melhoramos”, opinou Pellegrini.
Aguirre deixou o Inter após trabalhar em 48 jogos e obter 60,4% de aproveitamento. Contratado por Luiz Fernando Costa, vice de futebol que faleceu no final de janeiro, o uruguaio esteve em vias de ser demitido três vezes, até cair de fato. A mais emblemática delas ocorreu em quatro de março, quando o Colorado encarou o Emelec pela fase de grupos da Copa Libertadores. No intervalo da partida o time equatoriano vencia por 2 a 1 e a cúpula havia definido pela saída do treinador. Os sustos em série e a fragilidade absoluta irritaram os cartolas. Mas o placar final terminou em 3 a 2 para o time gaúcho e adiou a saída. Argel Fucks, do Figueirense, é o principal candidato do momento a assumir um vestiário que precisa se reorganizar em meio à temporada.
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