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Luxemburgo revive drama e adota a mesma postura dos trabalhos anteriores

Mesmo pressionado, treinador diz estar pronto para tirar o Cruzeiro da situação ruim - Gualter Naves / Light Press / Cruzeiro
Mesmo pressionado, treinador diz estar pronto para tirar o Cruzeiro da situação ruim Imagem: Gualter Naves / Light Press / Cruzeiro

Enrico Bruno

Do UOL, em Belo Horizonte

28/08/2015 09h05

A eliminação contra o Palmeiras foi o 18º jogo de Vanderlei Luxemburgo no comando do Cruzeiro. O passeio do adversário no Mineirão escancarou ainda mais as dificuldades e agravou a crise na equipe. Bancado pela diretoria, Luxemburgo também recebeu o apoio dos jogadores, mas terá que fazer mais para mudar o atual cenário e o histórico recente das equipes em que trabalhou.

O projeto de Vanderlei era de alcançar o G-4 e sonhar com o tri do Brasileiro. Caiu por terra após seu primeiro mês de trabalho, assim como a sua preferência por dividir o campeonato em ‘módulos’, nos quais o objetivo era vencer três em cada quatro jogos. As metas foram modificadas para alcançar um lugar na parte alta da tabela, depois para apenas se desgarrar dos últimos colocados e agora o único objetivo é evitar o rebaixamento a todo custo. Em contrapartida, o discurso de Vanderlei não muda tanto quanto os objetivos. As boas lembranças, mas antigas do treinador, já não são vistas como antes e os últimos trabalhos acabam por serem os mais citados e questionados. Nos últimos sete anos, o treinador foi demitido por sete vezes, três a mais que em 16 anos (1993 a 2009), e levantou apenas dois dos atuais 22 títulos na carreira.

“Já tenho um passado de trabalho e o futebol te permite mudar. No Corinthians, em 1998, eu perdi os cinco primeiros jogos e depois bati campeão brasileiro. Já quebraram meu carro, deram porrada, invadiram vestiário. Não é a primeira vez (que é pressionado). Isso faz parte do jogo, da história, mas não me incomoda”, disse.

Com o Atlético-MG em 2010 e o Fluminense, em 2013, o treinador também assegurou a permanência na elite nos momentos em que foi pressionado, mas acabou demitido antes do final do ano, deixando ambos os clubes nas últimas colocações. Dorival Júnior foi o responsável por evitar o segundo rebaixamento dos mineiros. Já com os cariocas, Luxa teve menos de 40% de aproveitamento, deixando o time na 18ª colocação. O mesmo Dorival foi contratado para salvar a clube do descenso. No meio de semana, o técnico foi muito hostilizado na eliminação da Copa do Brasil, mas ganhou o reforço da diretoria e também garantiu que o atual campeão nacional vai ficar na elite.

“Estamos lá embaixo. Mas se nós ganharmos três jogos, estaremos próximos do quinto colocado. A competição não termina em um jogo. Ela termina com a competição. E os jogadores sabem qual é a nossa competição”, minimizou o treinador.

Os obstáculos encontrados com Luxemburgo são muitos. Desacostumado com momentos ruins, o torcedor celeste mal consegue escalar os onze titulares do Cruzeiro na temporada e já está com o alerta ligado. Alegando a necessidade de experimentos para encontrar o time ideal, Luxa repetiu a equipe uma só vez. Contra o Palmeiras, entrou com Vinícius Araújo na ponta do campo, no lugar de Marquinhos. Na zaga, optou por Bruno Rodrigo, mas manteve Paulo André, bastante criticado nos últimos meses. Em campo, o esquema com três volantes mostrou força no primeiro jogos, mas ainda não emplacou, já que o time não conta com ninguém para armar as jogadas com qualidade. Em números, a catástrofe é vista nos 15 gols anotados em 20 jogos. O terceiro pior ataque é um dos defeitos do time que necessita urgente de recuperar o caminho das vitórias e terminar o ano sem sustos para a torcida.

“O torcedor está chateado e pedindo minha saída, mas peço o contrário. Vamos passar por momentos difíceis, mas não vamos cair para a Segunda Divisão. Podem me vaiar, pedir fora Luxa, xingar, ofender, mas incentive a equipe, caminhe junto, vamos precisar do torcedor”.