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Argel revê goleiro de confiança no Inter e faz pedido: "Só chutão"

"Se Muriel fosse bom com os pés estaria na linha. O papel dele é com as mãos", disse Argel - Vinicius Costa/Preview.com
"Se Muriel fosse bom com os pés estaria na linha. O papel dele é com as mãos", disse Argel Imagem: Vinicius Costa/Preview.com

Jeremias Wernek

Do UOL, em Porto Alegre

01/09/2015 19h05

Muriel foi homem de confiança de Argel no Caxias, em 2008, e voltará a jogar sob o comando do treinador – por conta da convocação de Alisson. Um dia antes da dupla reeditar a parceria, em duelo diante do Vasco, houve uma conversa no CT do Parque Gigante. O técnico fez um pedido ao goleiro: não jogar com os pés. Sob hipótese alguma.

“Não gosto que o goleiro jogue com os pés. Se o Muriel fosse bom com os pés estaria na linha. Ele tem que dominar e dar um chutão. O papel dele é com as mão e não com os pé (sic)”, disse Argel, ao seu melhor estilo frasista, em entrevista coletiva.

Mesmo sendo reserva de Alisson, o irmão mais novo da família Becker, Muriel não está sem jogar há tanto tempo como se pode imaginar. Em virtude do rodízio de Diego Aguirre, o goleiro atuou pela última vez em 18 de julho – na vitória de 2 a 1 diante do Goiás.

“O Muriel eu conheço muito bem, fui eu que tirei ele daqui e levei para o Caxias. Foi lá que ele apareceu. É um goleiro da minha confiança”, comentou o técnico.

Além de Muriel, o Internacional terá outra mudança em relação ao time que perdeu para o Avaí no último domingo. D’Alessandro, suspenso, dará lugar a Alex. O Colorado recebe o Vasco, em jogo da 22ª rodada do Brasileirão, às 19h30min (Brasília) desta quarta-feira.

Confira outras respostas de Argel em entrevista coletiva.

FALTA MUITO PARA TER IDENTIDADE

A gente precisa de tempo e esse é o problema. A partir do momento em que você tem jogo domingo, quarta e domingo de novo cria uma sequência muito forte. Mas se nós estamos nas duas competições é porque a equipe tem condições e está jogando. Você precisa... ainda é pouco tempo de trabalho, de treinamento, mas a equipe já assimilou o que a gente quer.

JOGO COM VASCO É BOM PARA RETOMAR A CONFIANÇA

É um jogo importante, jogamos em casa e independente do adversário o nosso respeito é igual. Mas temos de fazer valer o fator casa, buscar o resultado positivo. O fator casa tem sido predominante nos jogos do Campeonato Brasileiro. Vamos em buscar do nosso objetivo.

MURIEL E ALEX CONFIRMADOS NO TIME

O time que treinou é o time que joga. E quem acompanhou o treino viu.

PALMEIRAS E SEGUNDO JOGO FORA NA COPA DO BRASIL

Não vejo muito problema, 50% para o Palmeiras e 50% para o Internacional. Em 1992 foi muito parecido, Palmeiras e depois Grêmio e a final com o Fluminense. Você jogar a partida e ida em casa e fazer 1 a 0 é grande resultado. Fazer 2 a 0 é espetacular. Em 2009 o Internacional jogou a final e o Corinthians fez 2 a 0 no primeiro jogo da final. Matou a decisão, praticamente. Forçou o Inter a jogar mais aberto aqui. A gente vê isso, em Libertadores e Copa do Brasil. O exemplo recente é o Santos, que fez 2 a 0 em casa e foi para casa do Corinthians e venceu. Porque o Corinthians teve de se expor. Eu conheço o Palmeiras, vencemos por 2 a 1 lá no Figueirense. Nós conhecemos eles, eles nos conhecem. Vejo uma eliminatória aberta e não acho que o mando de campo vai influenciar muito. Eu até prefiro jogar a primeira em casa, fazendo o resultado aqui vai para lá de outro jeito. Os dois estádios vão estar cheios... Uma equipe que quer ser campeã, não pode escolher adversário. Agora é briga de cachorro grande.

CUIDADO EXTRA CONTRA O VASCO

É o Vasco, um time grande. Nenhum jogo de futebol se entra com a tabela debaixo do braço. Quando apitam, ninguém mais lembra se é o último ou o primeiro. O Vasco não vai jogar com a tabela, nem nós. Temos de buscar uma recuperação, perdemos fora e temos de vencer. Temos obrigação de vencer o jogo, com espírito de sacrífico grande.

O POTE DE OURO NO FINAL DO ARCO-ÍRIS DO INTER

Nem vi esse arco-íris. Até porque tinha coisas mais importantes para eu me concentrar. Temos é de buscar uma recuperação. Estamos há seis pontos do G4, seis pontos acima da zona do rebaixamento. Não podemos nos dar ao luxo de pensar em muita coisa, é ir jogo a jogo. É um jogo importante, com um adversário grande. Vasco e Inter sempre foi clássico e já decidiram título. Jogamos em casa e temos de fazer o nosso melhor. Nossa equipe conseguiu fazer uma boa recuperação física, é pouco tempo, mas conseguimos e até fizemos um pouco da parte tática. Temos que fazer o nosso jogo.

O QUE APRENDEU CONTRA O AVAÍ

É preciso tirar lições quando se perde. Amanhã vem aí o melhor arbitro do futebol brasileiro, o Ricardo Marques. Nem nos favorecer e muito menos nos prejudicar. Um erro coloca todo trabalho a perder. Claro que você tem que falar com os atletas, é preciso saber porque se ganha e se perde. Às vezes uma conversa resolve um posicionamento. Foi isso que aconteceu, estivemos desarrumados nos dois últimos gols que levamos. E é normal, os jogadores já estavam tentando o empate e era mais de 40 minutos do segundo. É hora de passar confiança, credibilidade. É preciso ter coerente quando se monta uma equipe base, não é equipe titular ainda, é base.

ATÉ QUANDO INTER VAI OSCILAR

A equipe vai oscilar, é claro que vai. Se a cada cinco jogos tivermos o aproveitamento que tivemos até aqui, será aceitável. Vocês não me veem falando de sequência, de desgaste. Nós não arrumamos desculpa, se uma equipe como o Inter está jogando bastante é sinal que está bem. Matematicamente tem chance nas duas. Claro que é normal oscilar, é normal não ter uma equipe definida e sequência de trabalho. É normal, por vários fatores, ter uma oscilada. Mas se tivermos uma série como a que tivemos agora, é um aproveitamento de 75, 70% e é aceitável. Temos que trabalhar cada vez mais para diminuir a oscilação e fazer um time equilibrado. Seguro.

ALEX NO LUGAR DE D’ALESSANDRO

O Alex tem bola parada boa, ele bate falta e escanteio. O D’ale também tem isso. O Alex é líder, é um dos capitães. Isso dá uma confiança, você fica triste por não ter o D’Ale, mas fica seguro e tranquilo pelo futebol do Alex. Ele tem qualidade, é diferenciado. Bate bem na bola, é líder e identificado com o clube, com o torcedor.

ESTILO PERFECCIONISTA

Nem digo que eu procure a perfeição, mas é preciso trabalhar. Só motivação e conversa não ganha jogo. Você tem que conversar, motivar, mas a parte do trabalho é importante. Você tem que mostrar a parte técnica, tática até para cobrar depois. Quanto mais você trabalhar, melhor vai ser. Futebol é repetição e quanto mais fizer, mais fácil será. Fica automático. A gente dá o treino no dia a dia para cobrar no jogo. O treino é para o jogador assimilar e fazer na partida.

REUNIÃO COM A DEFESA APÓS O TREINO

Sei que quando a gente reúne os jogadores para uma conversa vocês querem saber. Vocês dariam tudo para estar ali no meio, para saber o que foi falado. Mas é importante conversar com eles, é algo interno. Conversamos depois do treino para acertar um detalhe. Estamos em um processo de entrosamento, de transição. É importante chamar até para passar confiança. O Muriel eu conheço muito bem, fui eu que tirei ele daqui e levei para o Caxias. Foi lá que ele apareceu. É um goleiro da minha confiança. Não gosto que o goleiro jogue com os pé. Se o Muriel fosse bom com os pés estaria na linha. Ele tem que dominar e dar um chutão. O papel dele é com as mão e não com os pé.

ALEX DIFERENTE DE D’ALESSANDRO

Comparar é muito difícil. Quando eu tiver de fazer será internamente. Os dois são importantes, cada um tem seu peso e representa de seu jeito. A partir do momento que você perde o D’Alessandro por cartão amarelo, algo que faz parte do futebol, tem o Alex. Ele vem sendo usado, ajuda. Isso me deixa tranquilo.

O QUE PENSOU PARA OS PRÓXIMOS CINCO JOGOS

Não pensei isso e não penso hoje. Não tinha como pensar. E nem tenho como pensar. Temos de olhar jogo a jogo. Já se passaram cinco jogos, o aproveitamento vocês analisam. O próximo jogo sempre é o mais difícil, o mais complicado. Não dá para programar o jogo de sábado, tenho que guardar energia e força para agora. Buscar o melhor do time, do individual e do coletivo, para o jogo de agora. Não dá para pensar lá frente. Futebol tem pressa e por isso a gente tem que pensar muito no momento. Em resolver, voltar ao caminho da vitória. Vamos com humildade, pé no chão. O torcedor vem ajudando, tem passado confiança e isso deixa o time mais forte.

GEFERSON FICOU E NÃO FOI PARA ITÁLIA

O Geferson é titular absoluto. Titular absoluto do Internacional. E estou satisfeito com o desempenho dele. Mas claro que isso influencia, é um garoto. Ele está aqui e estão vendendo ele. Já passei por isso, com 20 anos aqui e gente me vendendo para o Japão, para Portugal. Ele tem dado boa resposta, não posso avaliar ele por um jogo. Ele é importante, foi para seleção brasileira e tem qualidade para jogar. Não tenho dúvida nenhuma que este fechamento da janela, já falamos com ele sobre isso, vai deixar ele mais concentrado. Com a cabeça aqui. Ele vai querer trabalhar mais para chegar em dezembro e não ter só a Sampdoria, mas também a Roma e a Juventus atrás dele. Ele vai se concentrar e vai dar mais, até por ter uma sombra boa ali (Artur). O fechamento da janela, não só para ele, tem o Alisson e o Dourado, mexe com a cabeça dos jogadores. Sasha, Valdívia também. O fechamento da janela dá foco ainda maior para eles, vai melhorar a performance dele.