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Ex-volante Emerson sofre calote corintiano por Marciel e cogita fechar time

Emerson e o gerente corintiano Edu Gaspar, contemporâneos de seleção, celebram contrato de Marciel firmado no início do ano - Arquivo pessoal
Emerson e o gerente corintiano Edu Gaspar, contemporâneos de seleção, celebram contrato de Marciel firmado no início do ano Imagem: Arquivo pessoal

Dassler Marques

Do UOL, em São Paulo

04/09/2015 11h37

O dia seguinte ao golaço anotado por Marciel na estreia como titular entre os profissionais do Corinthians foi de alegrias e lamentações para Emerson. O Fragata, clube formador inaugurado por ele em Pelotas, no interior gaúcho, não recebeu R$ 1 referente à compra do jovem jogador que formou.

Para o ex-volante, com passagens marcantes pela seleção brasileira, pela Roma e pelo Grêmio, o calote pode fazer o Fragata fechar as portas. A dívida, segundo revela Emerson, é superior ao R$ 1 milhão informado pela direção do Corinthians há alguns meses. Pela compra de 50% dos direitos econômicos de Marciel, de acordo com o ex-volante, há R$ 1,5 milhão a ser pago. 

"Eu fico constrangido em passar por isso. Não é o que o Fragata queria passar", desabafa Emerson em entrevista ao UOL Esporte na última quinta-feira, horas depois do gol feito por Marciel. "Esse é um dos motivos que me desanimam a seguir e me fazem querer rever tudo".

Emerson explica que o pagamento de Marciel daria novo impulso ao Fragata, criado por ele. "É um clube de formação e existe uma série de outros meninos que vão para a escola, que comem todos os dias, que se alojam, que têm plano de saúde e não têm essa alegria. Acaba tendo essas surpresas. Será que vale a pena trabalhar tanto? Eu não quero mais passar por isso. Não ligo, não vou ficar falando porque sou um em um milhão. Você ainda acaba sendo o ruim da história porque está cobrando".

O ex-volante e o Fragata tiveram papel importante na formação de Marciel. Aos 16 anos, ele foi dispensado do Grêmio e jogava como lateral esquerdo. Em Pelotas, foi para o meio-campo, se destacou em um Campeonato Gaúcho sub-17 e flertou com o sonho de jogar na Europa. Realizou testes na Juventus-ITA e, por um ano e meio, treinou e jogou torneios menores na Roma-ITA. Como não tinha passaporte comunitário, passava três meses na Itália, voltava ao Brasil e ia novamente à Itália, até que todos desistiram e ele chegou ao Corinthians em 2014. 

No início da temporada passada, a direção corintiana manifestou o desejo de exercer a opção de compra prevista em contrato  para Marciel. Assim, o Corinthians aumentou sua participação de 20% para 50% nos direitos econômicos do jogador. É essa quantia que não foi paga ao Fragata, que recebeu ofertas de vários clubes, inclusive do São Paulo. 

"Continuar foi o melhor para ele, porque é onde ele se sentia bem. O Marciel foi muito correto. O jogador é que decide sempre. Durante os atrasos, jamais cogitamos ir à Justiça ou pensamos em sair. Fiquei muito feliz com a decisão dele. Falei que o Corinthians é um grande clube, tem um dos melhores treinadores que existe, o Tite, e seria bom para ele crescer. Não é agora que ele vai ganhar dinheiro. Eu tenho que preservar os garotos", explica Emerson.

Autor de gol contra o Fluminense, Marciel está cotado para ser titular no clássico de domingo diante do Palmeiras. Essa possibilidade ganhará força no caso de Bruno Henrique, com problema no tornozelo esquerdo, não ter condições de jogo. 

O Corinthians, por meio de seu departamento financeiro, diz que atravessa dificuldades e pretende pagar em breve pela compra de Marciel.