Camilo chorou pelo Palmeiras na infância. Agora virou carrasco em goleadas

Camilo era um menino que torcia fervorosamente para o Palmeiras. A paixão ao clube o levou às lágrimas por pelo menos três ocasiões nos anos 90. Uma delas foi na conquista da Libertadores de 1999.

Como qualquer aspirante a jogador, ele sonhava entrar na história do seu time de coração. E conseguiu. Mas não da maneira como imaginava. Camilo cravou seu nome em dois capítulos negativos da história alviverde: as goleadas sofridas contra o Mirassol, 6 a 2, em 2013, e contra a Chapecoense, 5 a 1, no domingo.

Ele marcou nos dois jogos: um pelo Mirassol e outro pelo time de Chapecó.

“É uma sensação diferente. Eu já chorei em casa pelo Palmeiras como torcedor e hoje vou criando uma marca contra o clube. É legal ter essa identificação, apesar de alguns palmeirenses não gostarem”, revelou Camilo ao UOL Esporte.

“Eu recebi muitas mensagens de amigos depois desse gol pela Chapecoense. A maioria falando dessa coincidência. Como torcedor, eu sempre tive vontade de jogar no Palmeiras”.

O “carrasco alviverde” de 29 anos acumula outros feitos contra o Palmeiras. O meia fez um gol atuando pelo Botafogo de Ribeirão Preto, 3 a 1, na vitória do time interiorano contra o Palmeiras, em 2014.

Mais: ele deu duas assistências para o atacante Nunes marcar na vitória do Santo André por 2 a 0, contra o Palmeiras, em 2009.

Apesar do coração alviverde, Camilo não se diz arrependido.

“Até por eu ser palmeirense, fica aquele sentido de não poder afrouxar diante do seu time de coração. Pode ser que isso pese. Mas eu coloco sempre o respeito pelo clube onde trabalho e a Chapecoense faz uma campanha muito séria”.

Comparações com Romarinho

A fama chegou às ruas. O atual camisa 10 da Chapecoense conta que torcedores de outros times o comparam a Romarinho, que marcou gols pelo Corinthians contra o arquirrival alviverde.

“Pessoal tira sarro. Falam como seria se eu jogasse com o Romarinho no Corinthians contra o Palmeiras”.

A paixão pelo Palmeiras começou na infância. Ele morava no Rio de Janeiro. Nenhum familiar torcia pelo clube, mas seu vizinho era palmeirense. A amizade fez com que Camilo absorvesse a paixão do vizinho pelo Palestra.

Nas alegrias e tristezas, Camilo se manteve fiel ao Palmeiras. Ele acompanhou jogos do time na arquibancada do Maracanã.

“Inesquecível aquele título da Libertadores. Eu chorei vendo o Palmeiras campeão. Também chorei na derrota contra o Vasco pela Mercosul. O Palmeiras virou o 1º tempo ganhando, mas levou a virada [4 a 3, em 2000]. Meus amigos são vascaínos e tiraram sarro. Eu era muito novo, mas teve a eliminação contra o Ceará [em 1994, pela Copa do Brasil]”.

Minutos depois da goleada em Chapecó, Camilo conversou no vestiário com outro carrasco alviverde: Ananias, autor do primeiro gol feito no Allianz Parque, quando jogava no Sport. Ananias atualmente defende a Chapecoense, onde foi autor de um dos cinco gols do time catarinense na goleada.

"Eu e o Ananias comentamos sobre essa coincidência. Demos risada, Não imaginávamos que isso aconteceria com a gente. Mas isso é fruto de muita determinação".