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Hegemonia x agonia. Paulistas brigam por G-4; catarinenses sofrem na degola

Delfim Peixoto cumprimenta o ex-presidente da CBF, José Maria Marin - Divulgação/CBF - Divulgação/CBF
Delfim Peixoto (dir.) é presidente da Federação Catarinense e vice da CBF
Imagem: Divulgação/CBF

Roberto Oliveira

Do UOL, em São Paulo

06/10/2015 06h00

Os estados de São Paulo e Santa Catarina têm nove dos 20 clubes na primeira divisão do Campeonato Brasileiro. São cinco do primeiro e mais quatro do segundo. Mas a realidade dos times paulistas e catarinenses são completamente opostas no Brasileirão.

Todos os cinco times paulistas - Corinthians, Santos, São Paulo, Palmeiras e Ponte Preta - já estiveram na zona de classificação para a Libertadores.

O Timão é líder com folga e principal favorito para o título brasileiro, enquanto a Macaca caiu de rendimento após ótimo início de campeonato mas ainda ocupa a 9ª colocação da tabela.

Já Santos, São Paulo e Palmeiras estão no páreo pela tão disputada vaga no G-4. O trio, aliás, também ocupa três das quatro vagas das semifinais da Copa do Brasil. Há uma hegemonia dos clubes paulistas na temporada.

Na outra ponta da tabela estão os quatro times catarinenses – Joinville, Figueirense, Avaí e Chapecoense.

O Joinville voltou à elite do futebol nacional após 26 anos, mas amarga a lanterna do Brasileirão a nove pontos do primeiro time fora do Z-4. Enquanto o Figueirense, na 18ª colocação, também está na zona da degola.

Avaí, 15º, e Chapecoense, 14º, também estão na boca da zona de rebaixamento e não podem vacilar na reta final se quiserem permanecer na Série A. Assim, o ano que começou de maneira histórica para Santa Catarina, com quatro clubes pela primeira vez na elite do futebol nacional, pode ter um final infeliz.

“Quando eles subiram a primeira coisa que eu disse foi: ‘Ótimo, parabéns. Mas não vamos sentar na vitória e bobear no ano que vem, tem que ficar focado em se manter na serie A’. Mas bobearam, alguns bobearam”, conta Delfim Peixoto, presidente da Federação Catarinense de Futebol.

“Os clubes deixaram um pouco o foco também, de trabalhar pra se manter. Tivemos alguns clubes prejudicados pela arbitragem, como outros, não por má fé, por erros”, explica o dirigente, que também é um dos vice-presidentes da CBF.

“Mas eu tenho certeza que vai haver a reação. Nem Avaí, nem Figueirense, nem Chapecoense vão cair. O Joinville infelizmente ficou lá atrás. Dois [Avaí e Chapecoense] estão fora [do Z-4] e nessas nove rodadas que faltam vamos escapar. Vamos manter os três”, afirma Peixoto ao UOL Esporte.

‘Outros interesses’

Delfim Peixoto voltou a afirmar que o futebol catarinense chegará com força para a próxima temporada, mas ponderou.

“Ano que vem vamos estar fortes, embora eu tenha certeza que muita gente não quer, talvez tenham interesses outros”, disse ele.

Mas quais “interesses outros” seriam esses?

“Estados com mais tradição, que historicamente estão muito à frente, mas hoje estão muito atrás de Santa Catarina. É um estado pequeno territorialmente, mas economicamente muito forte, o 6º do país, não tem população muito grande, não temos nenhuma cidade com 1 milhão de habitantes. Isso daí dar um pouquinho de inveja a outros estados”, explicou o dirigente à reportagem.

Desigualdades regionais

Enquanto São Paulo hegemoniza a temporada 2015 e Santa Catarina fez história ao levar quatro times à primeira divisão, o Norte, Nordeste e Centro-Oeste são pouco representados na elite do futebol nacional. Juntos, os 19 estados destas três regiões têm apenas dois times na primeira divisão.

“O Norte-Nordeste nestes últimos anos apanhou muito. Tirando eixo Rio, São Paulo, Minas, Santa Catarina, Paraná e Rio Grande do Sul, só Pernambuco, com um clube, e Goiás, com um clube, na série A”, disse Peixoto, referindo-se a Sport e Goiás.

Já um degrau abaixo, dos 20 clubes na série B, nove estão situados no Norte-Nordeste. Cinco deles, Vitória, Bahia, Santa Cruz, Paysandu e Sampaio Corrêa, brigam pela vaga na primeira divisão. Botafogo, do Rio, e América, de Minas, completam a lista de candidatos ao acesso.

Na opinião do vice-presidente da CBF, a divisão das cotas de TV faz diferença na composição do futebol nacional.

“Há disparidade da cota da Globo para determinado clubes. Por exemplo, a cota que veio pros quatro clubes de Santa Catarina é a cota mínima, enquanto tem clubes da Série B recebendo mais que os clubes daqui.”

Se a cota de TV repassada aos clubes de Santa Catarina na primeira divisão ficam muito aquém daquelas pagas aos maiores times do país, vale pensar na realidade dos clubes dos estados de fora do eixo.