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Há um ano, times mineiros estavam no topo do futebol nacional. O que mudou?

Victor Martins

Do UOL, em Belo Horizonte

05/11/2015 06h00

A noite de 5 de novembro de 2014 entrou para a história do futebol mineiro. Em Belo Horizonte, no Mineirão, o Atlético-MG conseguiu fazer quatro gols em cerca de 45 minutos e venceu o Flamengo por 4 a 1. Em Santos, na Vila Belmiro, o Cruzeiro marcou duas vezes no final do jogo e empatou a partida em 3 a 3.

Resultados que garantiram a primeira final nacional entre Atlético e Cruzeiro, mas que também consolidava Minas Gerais no topo do futebol brasileiro. A decisão da Copa do Brasil significava mais do que outro grande título para o estado, era a certeza que o melhor, o mais organizado e bem planejado futebol era praticado nas Gerais.

Semanas depois o Atlético bateu o rival e ficou com a taça. Já o Cruzeiro havia comemorado mais uma conquista de Brasileiro dias antes. Um ano depois, Atlético e Cruzeiro pouco almejam nas últimas partidas de 2015. O lado alvinegro tem mínimas chances de título no Brasileiro, mas praticamente garantiu uma vaga na Libertadores, enquanto o lado azul sonha com a competição nacional, mas a probabilidade é menor do que 1%.

Mas o que mudou em tão pouco tempo? O bicampeão brasileiro chegou a flertar com rebaixamento. O campeão das Copas Libertadores e do Brasil sofreu nos mata-matas e se contentou apenas com um Estadual, mesmo assim com uma final atípica, já que o clássico aconteceu na semifinal.

Para o Atlético, a temporada 2015 foi melhor. Campeão mineiro e praticamente assegurado na próxima Libertadores, o time alvinegro brigou pelo título nacional até a 33ª rodada. No entanto, a derrota para o Corinthians, no Independência, acabou com o sonho de outra grande conquista. Para o capitão Leonardo Silva, o trabalho desenvolvido na Cidade do Galo deve ser mantido.

A receita que funcionou bem nos anos anteriores e em 2015 valeu para colocar o Atlético na principal competição continental está na ponta da língua do zagueiro.

“Tem que trabalhar. Não tem fórmula mágica, não tem segredo, não tem ingrediente secreto. É trabalho. A gente tem que trabalhar, essa é a nossa vida. Faz parte do nosso trabalho. Quando você tem um resultado ruim, no dia seguinte já tem que treinar para tentar melhorar e ajustar a equipe. A gente tem que está forte e firme, mas com o sentimento ruim por dentro, mas com a cabeça firme para trabalhar e fazer um bom jogo na próxima rodada”.

Apesar de o ano terminar sem conquistas para o Cruzeiro, o torcedor vai ter algumas boas lembranças de 2015. A primeira vitória sobre o Atlético no Independência e a sintonia entre time e torcida nos jogos finais do Brasileiro vão ficar marcados. Mas é muito pouco para quem vinha de dois títulos nacionais. A saída de vários titulares e o erro de reposição foram determinantes para uma temporada bem abaixo do que o Cruzeiro deve apresentar.

“O Cruzeiro fez um sacrifício financeiro para ganhar dois títulos. Aí nós ficamos completamente endividados. Estamos pagando as dívidas. Como que você faz? Torcida quer que compre jogador e ganhe título. Ninguém ganha título todos os anos”, comentou o supervisor de futebol Benecy Queiroz.

Para 2016 fica a esperança de outra nova grande temporada. O Atlético vai apostar na manutenção da base montada em 2012, o que lhe dá resultados desde então. Já o Cruzeiro vai de Mano Menezes. O treinador que mudou a perspectiva da equipe durante o Brasileirão e faz o torcedor virar o ano bem mais confiante.

E que aquele 5 de novembro de 2014 sirva de exemplo em 2016. Restando cerca de 15 minutos para o término das semifinais a decisão caminhava para um Flamengo X Santos. Mas quatro gols em tão pouco tempo mudaram tudo. O Atlético fez o 2 a 1 virar goleada de 4 a 1 e o Cruzeiro tornou a derrota de 3 a 1 ser um histórico empate em 3 a 3. Que o 2016 do futebol mineiro tenha novos 5 de novembro.

*Colaborou Thiago Fernandes, do UOL, em Belo Horizonte