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Atacante 'ressurge' no Cruzeiro e sonha com 9 do Brasil: "tenho potencial"

Willian vive um momento iluminado pelo Cruzeiro e sonha até com a seleção Brasileira - CRISTIANE MATTOS/FUTURA PRESS
Willian vive um momento iluminado pelo Cruzeiro e sonha até com a seleção Brasileira Imagem: CRISTIANE MATTOS/FUTURA PRESS

Thiago Fernandes

Do UOL, em Belo Horizonte

19/11/2015 06h00

A fase de Willian permite uma infinidade de desejos por parte do atleta: lutar pelo G-4 do Brasileirão, sagrar-se artilheiro do Cruzeiro na temporada e chegar à seleção brasileira. O último, talvez, não esteja tão próximo, mas está longe de ser impossível, já que a sua média recente supera, inclusive, a de Ricardo Oliveira, atleta contemplado por Dunga com convocações para as quatro primeiras rodadas das Eliminatórias Sul-Americanas para a Copa do Mundo de 2018, na Rússia.

Nos últimos 12 jogos que disputou pelo atual bicampeão brasileiro, o Bigode Grosso, como é conhecido, estufou as metas adversárias em dez oportunidades, e detém média de 0,83 gol por partida.

Nem Ricardo Oliveira, artilheiro da atual edição do Campeonato Brasileiro e dono da camisa 9 da seleção, detém aproveitamento tão bom na cara do gol. Em suas últimas 12 aparições pelo Santos, detentor de seus direitos, ele celebrou com os companheiros sete vezes, o que lhe confere 0,58 tento por confronto.

Embora faça questão de demonstrar respeito aos concorrentes por uma vaga na equipe nacional, o goleador do Cruzeiro garante que tem potencial suficiente para atuar ao lado de craques como Neymar, do Barcelona, Douglas Costa, do Bayern de Munique, e o seu xará Willian, do Chelsea.

“É meu sonho realmente, vou me dedicar muito no Cruzeiro para que ele aconteça. Sei que é uma posição nova que está surgindo, desse falso 9 ou segundo atacante mais solto, como tenho jogado. Sei que na seleção tem grandes jogadores. Mas eu tenho esse potencial e espero colocar em prática no Cruzeiro para que um dia eu possa realizar esse sonho e ter a oportunidade de jogar na seleção”, disse em entrevista exclusiva ao UOL Esporte.

“A gente tem que estar sempre acreditando, não sei se seria como centroavante, o futebol está mudando. Não que não tenha mais centroavante, mas muitos times da Europa e do Brasil, o próprio Grêmio joga desta forma. Muitas equipes jogam assim ali na frente, os atacantes se movem muito. Essa troca de posições, o segundo atacante entrando na área, esse falso 9 vindo por trás. A gente se dedica ao máximo, no clube, fazendo o seu melhor. Quando você tem esse momento bom, essa regularidade no clube, acredito que os olhos do Dunga e do restante da seleção podem se voltar para isso, os atletas que se destacam”, acrescentou.

Antes da boa fase, porém, o artilheiro do Cruzeiro diz que se questionou se tinha desaprendido a jogar futebol durante o mau momento vivido por ele e pela equipe celeste no Brasileiro. Mas nega culpa do técnico Vanderlei Luxemburgo por ter amargado o banco de reservas. Confira trechos da entrevista com Willian:

Como você avalia sua passagem pelo Cruzeiro até aqui?
Acho que muito mais de alegrias, felicidades, conquistas do que coisas ruins. É uma passagem maravilhosa, muito feliz. Eu, hoje, estou muito feliz por estar num clube muito gostoso de se trabalhar, um ambiente tão gostoso. É um ambiente que favorece, que me dá prazer de trabalhar, com grandes profissionais. Eu me sinto abençoado por Deus por ter essa oportunidade.

É o seu melhor momento na carreira?
Até pelo tempo maior de clube, realmente eu vivo o meu melhor momento. Conquistando dois títulos do Brasileiro, campeonato cobiçado por todos do Brasil. Campeonato muito difícil de se conquistar. Eu tenho essa honra de ter conquistado três títulos. Minha passagem pelo Corinthians foi espetacular. Eu era um pouco mais jovem, mas serviu de muito aprendizado também. Foi meu primeiro título na carreira o de 2011. Então tem um sabor especial. Depois sendo campeão da Libertadores, título que o clube não tinha. Foi um ano muito especial. Aqui no Cruzeiro já há um tempo maior e eu conquistando esses títulos. Isso que marca a carreira do atleta. Então fico feliz em marcar meu nome na história do clube. Estou muito feliz e meu alvo aqui é conquistar muito mais. O tempo que estiver dentro do clube vou sempre me dedicar ao máximo e ter sempre a ambição de conquistar títulos. Que eu possa dar continuidade e fazer parte dessa história e conquista do clube.

O que mudou em você desde a chegada do Mano, além do posicionamento?
Se você não colocasse essa frase, eu iria colocar, até porque não mudou nada. A confiança voltou. O momento que o Cruzeiro não estava tão bem, o meu momento também não era bom. A gente tem essas oscilações infelizmente. O futebol em si, pela quantidade de jogos, a gente nunca consegue estar em alto nível em todos os jogos. Nem sempre é assim. Até porque são 20 clubes brigando por um objetivo só que é o título. A competitividade e a disputa são grandes. Tem a concorrência dentro do elenco para você jogar. Envolve uma responsabilidade grande.

O que pode falar sobre 2015?
A gente começou mal, por conta de todo o processo de reformulação. Depois não era mais o processo, o time todo não vinha apresentando um bom futebol. As coisas não estavam acontecendo, teve mudança de treinador. Eu, com o Vanderlei, depois daqueles jogos que começamos a perder, ele começou a mudar a equipe. Tentou outras apostas e eu fui para o banco, mas nunca deixei de trabalhar, sempre pedindo força para Deus para que pudéssemos, mesmo na situação ruim, depois de dois anos de conquistas, viver momentos de alegrias novamente. Em um momento ou outro a gente ficava triste, porque ninguém desaprende a jogar futebol assim. Eu pensava: “será que desaprendi? Não é possível”. A gente confiou em Deus, porque ele pode modificar todas as coisas. Sempre vim aos treinos, nunca deixei de respeitar ninguém. A gente colhe o que a gente planta. Mesmo em um momento ruim nunca deixei de ser profissional, de acreditar. Hoje eu estou muito feliz pela volta que consegui dar, sair daquele momento, não só individual, mas coletivo. Hoje estamos há 10 jogos sem perder, numa colocação bem melhor. O que mudou foi meu momento profissional e meu trabalho sempre existiu. Nunca deixei de trabalhar. O que acontece hoje é o que plantei. Estou colhendo coisas positivas. É isso que me deixa feliz.