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Torcida do Cruzeiro vaia mais Allano do que rivais. Mas o meia tem proteção

Improvisado ou não, Allano é um dos jogadores mais criticados pela torcida do Cruzeiro - Washington Alves/Light Press
Improvisado ou não, Allano é um dos jogadores mais criticados pela torcida do Cruzeiro Imagem: Washington Alves/Light Press

Enrico Bruno e Thiago Fernandes

Do UOL, em Belo Horizonte

13/07/2016 06h00

Na partida contra o Atlético-PR, uma cena voltou a se repetir no Mineirão. Desde que entrou em campo, a cada passe que recebia, o meia Allano ouviu vaias das arquibancadas. O comportamento de parte dos cruzeirenses virou reflexo do atual momento vivido pelo garoto de 21 anos que, mesmo quando não atua mal, termina as partidas como um dos alvos da torcida. Na segunda-feira, ele foi mais vaiado do que os rivais paranaenses.

Contudo, a intensidade das vaias se contrapõe à frequência de atuações. Seja com o técnico Paulo Bento ou com seus antecessores, Allano nunca se firmou entre os titulares, mas virou um curinga.

“Quero deixar uma palavra de apreço a um jogador jovem, que entrou num contexto difícil, que é o caso do Allano, em um ambiente que não é bom”, comentou Paulo Bento, após a derrota para o Atlético-PR.

No início do ano, o técnico Deivid citou a versatilidade de Allano para justificar sua escalação em alguns jogos. Pelo clube, o jogador já atuou de armador, ponta, atacante e lateral. Com Bento, a história se repete. Desde que chegou ao clube, no segundo semestre do ano passado, Allano nunca foi totalmente esquecido ou deixado de lado nas partidas. Apesar de não ter se firmado no time titular com nenhum dos últimos quatro treinadores, o jogador marcou presença em praticamente metade das passagens de cada comandante.

A função de curinga no time do Cruzeiro é um dos motivos que gera fortes críticas ao atleta. Sem nunca ter caído nas graças da torcida, Allano mescla atuações boas, regulares e ruins quando joga em sua posição original. A desconfiança já existente só aumenta nos momentos em que é destacado para cumprir as funções na lateral, aumentando também a impaciência do torcedor, independente do rendimento.

“Às vezes a torcida mira um e acaba virando o alvo. Mas é assim mesmo. Não foram todos, mas alguns torcedores, e eu sei que é a minoria do Cruzeiro. Quando a bola não entra, a torcida pega no pé. É continuar trabalhando, todo dia eu trabalho e cumpro com minha função. Isso que importa. Nós vamos voltar a jogar em alto nível no Mineirão e voltar a conquistar as vitórias”, disse, ao término do último jogo.

Segundo apuração do UOL, nos bastidores do clube mineiro, o sentimento dos diretores é de que Allano não teve atuação ruim contra o Atlético-PR, na última segunda. Contudo, os cartolas reconhecem que o jogador ainda não rendeu o suficiente nem correspondeu às expectativas com o mesmo futebol que chamou a atenção nas categorias de base. Vale lembrar que Allano passou pelas categorias de base do Cruzeiro antes de virar profissional no Botafogo. Deixou a equipe carioca por causa de indisciplina e voltou a Minas para ter uma segunda chance no time celeste.

Curiosamente, Allano tem o mesmo número de atuações com todos os últimos técnicos do Cruzeiro. Desde que chegou ao clube, em junho do ano passado, o meia entrou em oito das 19 partidas com o técnico Vanderlei Luxemburgo. Com o sucessor Mano, o jogador repetiu o número de atuações nas 16 oportunidades. Neste início de ano, Deivid também utilizou o garoto por oito vezes nas 18 partidas que comandou o time. E por último, Paulo Bento é quem mais tem escalado o jogador, que já entrou em campo por oito das 14 partidas comandadas pelo português.