Topo

STJD analisa se Atlético-PR pode perder pontos por racismo com Tchê Tchê

Danilo Lavieri, Marcello De Vico e José Edgar Matos

Do UOL, em São Paulo

16/08/2016 06h00

O STJD (Superior Tribunal de Justiça Desportiva) analisará se o Atlético-PR merece ser punido pelo caso de racismo envolvendo um de seus torcedores e Tchê Tchê. O jogador do Palmeiras foi chamado de macaco por um atleticano ainda não identificado na Arena da Baixada no jogo do último domingo (14). A ação desprezível foi flagrada e divulgada pela TV Palmeiras.

O caso se remete ao vivido por Aranha em 2014. O goleiro, na época jogador do Santos, foi xingado por torcedores do Grêmio pelo mesmo apelido. A decisão do STJD foi excluir o time gaúcho da Copa do Brasil além de aplicar uma multa de R$ 54 mil.

O procurador-geral do STJD, Felipe Bevilacqua, evitou se antecipar sobre a punição, mas prometeu medidas. “O Palmeiras não precisa tomar atitudes neste caso porque a procuradoria vai analisar", explicou Felipe ao UOL Esporte.

De acordo com o CBJD (Código Brasileiro de Justiça Desportiva), o  caso pode ser enquadrado no artigo 243-G.

A princípio, o ocorrido com Aranha e o vivido por Tchê Tchê são situações diferentes. O artigo em questão prevê punição a qualquer ato “ato discriminatório, desdenhoso ou ultrajante, relacionado a preconceito em razão de origem étnica, raça, sexo, cor, idade, condição de pessoa idosa ou portadora de deficiência”.

Há, no entanto, um parágrafo que deixa claro que a perda de pontos só acontecerá caso a “infração prevista neste artigo seja praticada simultaneamente por considerável número de pessoas vinculadas a uma mesma entidade de pratica desportiva”.

Por isso a tendência é que o Atlético-PR seja julgado dentro da seguinte punição: suspensão pelo prazo de cento e vinte a trezentos e sessenta dias, se praticada por qualquer outra pessoa natural submetida a este Código, além de multa, de R$ 100,00 (cem reais) a R$ 100.000,00 (cem mil reais).

Além disso, “os torcedores identificados ficarão proibidos de ingressar na respectiva praça esportiva pelo prazo mínimo de setecentos e vinte dias”.

O caso de Tchê Tchê reflete o segundo mau exemplo de comportamento de um torcedor do Atlético-PR neste Campeonato Brasileiro. Em junho, um atleticano disparou cusparadas na direção do goleiro Vanderlei, do Santos. O clube rubro-negro identificou o cidadão e acabou suspenso do quadro de sócios.

O QUE OS ENVOLVIDOS DIZEM

Luiz Sallim Emed, presidente do Atlético-PR

"Ainda não estou sabendo. Se eu tiver acesso às imagens e identificar, todas as medidas vão ser tomadas porque eu, como presidente, como cidadão, e também segundo os princípios do clube Atlético-PR, é inaceitável. Não dá para aceitar. O torcedor do caso Vanderlei foi punido dos jogos. Eu não sei se ele (racista contra Tchê Tchê) é sócio... Se ele for sócio o clube tem que tomar as providências, como sócio. Se ele não for sócio, é um caso de polícia. Se ele for sócio, as medidas do clube e as medidas jurídicas cabíveis. Se ele não for, as medidas jurídicas cabíveis. Se eu tiver acesso às imagens e identificar, todas as medidas vão ser tomadas porque eu, como presidente, como cidadão, e também segundo os princípios do clube Atlético-PR, é inaceitável. Não dá para aceitar". 

Nota oficial do Palmeiras

“A Sociedade Esportiva Palmeiras repudia veementemente a atitude desse cidadão e lamenta que esse tipo de comportamento ainda exista em nossos estádios. Entendemos que esse ato irresponsável não representa o pensamento do Atlético-PR e de seus torcedores. O clube se coloca à disposição do atleta para auxiliá-lo nas providências que ele desejar e, desde já, solicita que as autoridades competentes punam o agressor de forma exemplar", comunicou o clube.