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Com gringos assustados, SP teme que atletas errem por "medo de apanhar"

Vanderlei Lima

Do UOL, em São Paulo

28/08/2016 06h00

O São Paulo enfrenta o Coritiba neste domingo (28), a partir das 16h (de Brasília), sob forte pressão. Um dia depois de ter seu Centro de Treinamentos invadido por torcedores organizados, que roubaram material esportivo do clube e agrediram jogadores como Wesley, Carlinhos e Michel Bastos, a preocupação é com o estado emocional da equipe para uma partida importante no Campeonato Brasileiro.

"Alguns ficaram mais chateados, alguns mais tristes que outros. Os estrangeiros, na verdade, ficaram com uma imagem não muito legal da nossa torcida. Mas eu e outros jogadores falamos: 'isso aí não é a torcida do São Paulo'. Os estrangeiros ficaram bem preocupados com isso, mas ao mesmo tempo não tem como fugir, não podemos nos esconder", disse o auxiliar técnico Pintado ao UOL Esporte.

"Tomara que isso não reflita dentro do jogo, tomara que os jogadores não sintam, que não fiquem com medo de errar, porque o momento é difícil. Os jogadores ainda vão com esta pressão: 'se eu errar, vão me buscar, vão me bater'. Isso é muito ruim", continuou.

Além de ter afetado diretamente o clima entre os jogadores, o episódio da invasão também teve impacto direto no trabalho do técnico Ricardo Gomes. A entrada dos torcedores no CT da Barra Funda interrompeu o treinamento e fez com que a atividade não pudesse ser concluída.

"Fiquei surpreso pela maneira como aconteceu essa invasão. Tinha muita gente na hora do treino, quando a gente está trabalhando para tentar encontrar uma saída. A gente não conseguiu treinar hoje, no momento em que o Ricardo ia definir a equipe, arrumar algumas situações, nós não pudemos trabalhar", lamentou Pintado.

O auxiliar entende que a cobrança da torcida por mais empenho é equivocada. Segundo ele, alvos da torcida como Wesley e Michel Bastos não deixam de se esforçar no dia a dia, e não é intimidando os jogadores que o rendimento do time vai melhorar.

"Não só o Wesley, outros jogadores também foram agredidos, e isso para mim já parte para outro lado. Perde a razão totalmente. Os jogadores ficaram muito sentidos, porque por mais que eles não consigam jogar bem, eu estou vendo eles treinarem todos os dias, eu estou vendo eles trabalharem. Não acho justo pra quem trabalha, dentro do seu local de trabalho, ser agredido. Isso é muito negativo", disse.

O São Paulo venceu apenas dois de seus últimos dez jogos na temporada. A equipe perdeu o jogo de ida das oitavas de final da Copa do Brasil para o Juventude por 2 a 1, em casa, e ocupa a 11ª colocação no Brasileirão.