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Briga por título extrapola campo e vira guerra entre Flamengo e Palmeiras

Eduardo Bandeira de Mello e Paulo Nobre trocaram acusações após o Fla-Flu - Montagem/UOL
Eduardo Bandeira de Mello e Paulo Nobre trocaram acusações após o Fla-Flu Imagem: Montagem/UOL

José Edgar de Matos e Vinicius Castro

Do UOL, em São Paulo e no Rio de Janeiro

15/10/2016 06h00

A agressiva entrevista concedida pela dupla Paulo Nobre e Alexandre Mattos tornou pública a insatisfação do Palmeiras com a diretoria do Flamengo, fomentada desde o duelo direto entre os rivais no Allianz Parque no mês passado. A recíproca é verdadeira na Gávea. Os clubes não falam a mesma língua, e a disputa pelo título do Campeonato Brasileiro extrapolou as quatro linhas. A diferença é de um ponto na tabela a favor do clube alviverde (61 a 60).

Paulo Nobre acusou, Bandeira respondeu e as torcidas trocaram acusações nas redes sociais. Os ânimos estão exaltados no momento em que restam oito jogos para o encerramento de uma das edições mais disputadas da competição nacional. A confusão causada pelo árbitro Sandro Meira Ricci no Fla-Flu foi o estopim para a troca de acusações. Entretanto, os bastidores dos clubes apontam que a insatisfação vem de longa data.

Segundo apuração do UOL Esporte, a postura dos dirigentes do Flamengo em relação aos torcedores do Palmeiras, durante o empate por 1 a 1 entre os dois times disputado em 14 de setembro, gerou o nascimento da briga extracampo pelo título brasileiro.

Os vídeos divulgados com objetos arremessados por palmeirenses intensificaram o clima tenso entre os postulantes ao título, o que piorou com a denúncia originada no STJD (Superior Tribunal de Justiça Desportiva).

A construção do documento incomodou o Palmeiras, pois as provocações dos cartolas rubro-negros não apareceram no documento oficial - torcedores do clube alviverde também acusaram a delegação carioca de arremessar pedras de gelo no Setor Gol Sul do Allianz Parque. O Fla-Flu, então, foi apenas um atalho para Paulo Nobre destilar a fúria contra os cariocas.

"O Palmeiras, desde o primeiro dia, se esforça muito para conquistar todos os resultados dentro de campo. Ninguém vai levar [o título] na mão grande. Se tiverem competência, meus parabéns, mas esse tipo de pressão não pode acontecer. Não vamos admitir. Infelizmente, estão usando dois pesos e duas medidas", afirmou.

A exposição pública de Nobre para falar de questões relacionadas à arbitragem remete ao último momento no qual o clube disputou diretamente o título brasileiro até as rodadas finais. Em 2009, Luiz Gonzaga Belluzzo, então presidente do Palmeiras, utilizou a imprensa para reclamar sobre a anulação de um gol no duelo contra o Fluminense, disputado em novembro daquele ano.

Depois da entrevista polêmica - na qual o dirigente ofendeu o então árbitro Carlos Eugenio Simon por anular o lance do centroavante Obina -, o time caiu de rendimento. Nas quatro rodadas finais, o Palmeiras de Belluzzo amargou o baixo retrospecto de duas derrotas, uma vitória e um empate.

A equipe alviverde sucumbiu à pressão; de iminente postulante ao título, o Palmeiras sequer se classificou para a Copa Libertadores. O Flamengo, por sua vez, sagrou-se hexacampeão.

O presidente Eduardo Bandeira de Mello acompanhou as declarações de Paulo Nobre atentamente, e o departamento jurídico do Flamengo estuda como proceder em relação ao mandatário do time alviverde. O certo é que o clima entre as partes azedou e virou questão de honra levar o título do Brasileirão para casa.

"Isso só pode ser fruto do desespero. O Flamengo está incomodando. Acompanhei essas manifestações mal-educadas e lamento muito. Trabalhamos normalmente e estamos surpreendidos com essa reação desproporcional. Eu não vi o presidente do Palmeiras preocupado quando o Márcio Araújo foi expulso injustamente e deixou o time dele em vantagem no jogo que fizemos. Também não vi essa preocupação quando a Mancha Verde, que estava posicionada embaixo do camarote, nos atirou objetos. Acho que cada um deve cuidar de si, não ficar com essa choradeira absurda", encerrou o mandatário.