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Como Fernando Diniz fez corintiano se reinventar após 15 anos de Flamengo

Camacho, que revê o Flamengo, treina sob observação do auxiliar Fábio Carille - Rodrigo Gazzanel/Agência Corinthians
Camacho, que revê o Flamengo, treina sob observação do auxiliar Fábio Carille Imagem: Rodrigo Gazzanel/Agência Corinthians

Dassler Marques

Do UOL, em São Paulo

23/10/2016 06h00

Entre os jogadores do Corinthians que tentará surpreender o Flamengo na reabertura do Maracanã, neste domingo, estará um atleta praticamente nascido e criado na Gávea: Guilherme Camacho, que de titular nas últimas partidas acabou no banco de reservas.  

Mas, para quem conhece o jogador há mais tempo, existe um consenso. Uma transformação em seu estilo de jogo e a sequência que gera confiança é que foram capazes de levar Camacho, novamente, ao circuito dos clubes grandes. Meia ofensivo em toda sua história de 15 anos pelo Flamengo, no qual chegou para o futsal quando ainda era criança, ele foi adaptado por Fernando Diniz no Audax. 

"Além da continuidade de aprendizado com a gente na base, teve a continuidade com o Diniz", conta Anthoni Santoro, treinador de Camacho no Flamengo dos 9 aos 16 anos. Na Gávea, o jogador sempre teve histórico de promessa com carga de expectativa para o futuro, mas nunca conseguiu sequência. 

A mudança de perspectiva se deu após três temporadas no Audax. Com Diniz, foi adaptado para as funções de segundo volante e, eventualmente, primeiro. É justamente assim, como o homem mais recuado do meio-campo, que ele ganha oportunidades para se afirmar no Corinthians. Para Santoro, essa é uma experiência inédita em relação à formação do jogador, mas também não surpreende tanto.

"No futebol de salão ele demonstrava muita inteligência para o jogo, uma capacidade rápida de assimilar conteúdos e entender as propostas de jogo. Para alguns garotos, eu diminuía o número de informações. Para ele, eu sempre tinha que aumentar. Ele sempre assimilou tudo", explica o ex-treinador.  

A exemplo no que ocorria no complexo sistema de jogo do vice-campeão paulista Audax, em que era o líder do time, Camacho precisa desse entendimento de jogo para triunfar na atual posição pelo Corinthians. Para a comissão técnica, a função de primeiro volante no 4-1-4-1 é a mais complexa e que demanda leitura do jogador que ocupa. É necessário sincronizar movimentos com os quatro defensores e fechar espaços dos dois lados do campo. 

O desempenho de Camacho nessa função é marcado por alguns altos e outros baixos desde que Fábio Carille, então interino, o efetivou como titular depois da saída de Cristóvão Borges. A aposta, passada a era Ralf no Corinthians, é em um jogador com grande capacidade técnica para iniciar as jogadas com mais qualidade. E isso, há poucas dúvidas, o meio-campista pode oferecer.

"Ele sempre teve essa capacidade de construção, de distribuir e de fazer inversões longas e fazer passes curtos", explica Santoro, que além de treinador é amigo do ex-comandado - os pais de Camacho são padrinhos de casamento dele.

Camacho ao lado de Anthoni Santoro, ainda criança, nos tempos de Flamengo - Arquivo Pessoal - Arquivo Pessoal
Camacho ao lado de Anthoni Santoro, ainda criança, nos tempos de Flamengo
Imagem: Arquivo Pessoal

O gol marcado por Rildo diante do Cruzeiro na quarta passada, por exemplo, surgiu justamente de uma longa e precisa inversão de bola feita por Camacho. Mas, bastante pressionado pela marcação cruzeirense, ele chegou a falhar em saídas de bola, o que se amenizou quando Oswaldo de Oliveira trocou o posicionamento do time.

No último sábado, Oswaldo de Oliveira surpreendeu. Willians, criticado por uma parte da torcida, foi eleito para dar maior poder de marcação ao meio-campo. Com isso, Camacho acabou no banco de reservas. Aos 26 anos, ele ainda é um jogador de algumas virtudes, mas também margem de crescimento.

Exatamente como o atual Corinthians, sétimo colocado que tenta terminar entre os seis primeiros do Brasileirão. Só assim para salvar um ano difícil e de mais frustrações que alegrias para seus torcedores.