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São Paulo cede empate ao Flu em casa e flerta com a zona do rebaixamento

Bruno Freitas

Do UOL, em São Paulo

25/06/2017 17h54

A crise do São Paulo no Campeonato Brasileiro de 2017 teve mais um capítulo neste domingo (25). O time comandado por Rogério Ceni até abriu o placar, mas cedeu um empate por 1 a 1 ao Fluminense e foi dominado em grande parte do duelo, fazendo do goleiro Renan Ribeiro um dos protagonistas no Morumbi. No fim, a despeito de uma reação no segundo tempo, os paulistas acumularam o quinto jogo consecutivo sem vencer e podem encerrar a décima rodada na zona de rebaixamento para a segunda divisão.

Com o empate, o São Paulo chegou a 11 pontos em dez apresentações no Campeonato Brasileiro. O time tricolor termina o domingo fora da zona de rebaixamento, mas apenas um ponto acima do Bahia, o 17º colocado neste momento. Um bom termômetro da fase negativa é que os paulistas foram amplamente vaiados por seus torcedores neste domingo.

O Fluminense, em contrapartida, tem motivos para celebrar o resultado deste domingo. O time carioca, que havia batido o Avaí na rodada anterior, chegou a 15 pontos e está a um de Palmeiras (terceiro colocado) e Santos (quarto colocado).

O melhor: Wendel

O volante do Fluminense acertou 36 passes neste domingo (na equipe carioca, foi superado apenas por Orejuela, com 39). Além disso, foi o jogador dos visitantes com mais tempo de posse de bola (11,31% do total, segundo dados do Footstats). As duas estatísticas, contudo, contam apenas parte da importância que ele teve. Moderno, presente em uma enorme faixa de campo, o camisa 37 é fundamental para diferentes ações de seu time, da saída de bola à chegada no ataque. Quase tudo passa pelos pés de Wendel, e contra o São Paulo essa presença foi premiada com o gol de empate.

O pior: Cueva

Diante da atuação deste domingo, é até difícil admitir que Cueva já foi um dos pilares do setor ofensivo do São Paulo. O peruano foi displicente contra o Fluminense, participou pouco do jogo, errou cinco passes e permitiu que os meio-campistas rivais tivessem liberdade em uma faixa enorme do campo. A maior prova do quanto ele foi mal é que o melhor momento dos mandantes no duelo aconteceu no segundo tempo, depois que o camisa 10 deu lugar a Lucas Fernandes.

O último jogo de Lugano?

O empate deste domingo pode ter sido a última apresentação de Diego Lugano com a camisa do São Paulo. O uruguaio tem contrato até o dia 30 deste mês, já foi procurado pela diretoria para renovar e ainda não acertou sua permanência no Morumbi.

Lugano foi titular ao lado de Rodrigo Caio em uma defesa com linha de quatro jogadores. Anteriormente, Rogério Ceni havia dito que considerava o uruguaio uma opção apenas para apresentações em que o São Paulo tivesse uma zaga com três homens.

São Paulo tem início dos sonhos no Morumbi

Questionado antes do início da partida sobre as mudanças promovidas na escalação, Rogério Ceni explicou que precisava montar um São Paulo mais ofensivo e enalteceu a participação do atacante Denilson na quarta-feira (21), em derrota por 1 a 0 para o Atlético-PR. Contra o Fluminense, contudo, não houve tempo para testar a aposta tática do comandante ou o impacto proporcionado pela entrada do jogador contratado do Avaí. Logo aos 6min, quando a partida ainda se desenrolava apenas nas intermediárias, o time da casa abriu o placar no Morumbi. Cueva cobrou falta da direita na direção do segundo pau, e Henrique errou uma tentativa para cortar de cabeça. Denilson ficou com a sobra e cruzou para Jucilei completar para as redes.

Rodrigo Caio sem fair play

O lance do gol foi a primeira investida aguda de uma das equipes no Morumbi. Também serviu como combustível para a primeira grande polêmica: o cruzamento de Cueva tinha direção de Rodrigo Caio, que estava impedido. O defensor são-paulino não participou do lance, mas jogadores do Fluminense alegaram que a posição dele motivou a ação atabalhoada de Henrique.

Depois do gol, Fluminense esteve em casa

O gol abriu espaços significativos para contragolpes do São Paulo, que usou dois atacantes pelos lados (Marcinho pela direita e Denilson pela esquerda). Também causou um abalo anímico no Fluminense, que estava fora de casa e foi vazado logo no início do duelo. Era um cenário perfeito para que os paulistas dominassem o confronto, mas o que aconteceu foi exatamente o contrário: a equipe das Laranjeiras assumiu totalmente o controle.

Esse bom momento do Fluminense no duelo teve duas forças motrizes: a atuação de Wendel e Scarpa, que levaram vantagem sobre os meio-campistas do São Paulo e tiveram espaço para encaixar passes longos, e um notório problema de recomposição dos paulistas, que deixaram o lateral direito Araruna isolado em praticamente todas as ações de marcação.

Foi no setor de Araruna que Richarlison criou jogada individual aos 27min do primeiro tempo, foi à linha de fundo e cruzou na cabeça de Henrique Dourado. No limite da pequena área, completamente livre, o artilheiro do Campeonato Brasileiro teve tempo de ajeitar o corpo e cabecear para baixo. Renan Ribeiro, no entanto, defendeu com os pés.

Renan Ribeiro ou Rodolfo Rodríguez?

Também foi na direita da defesa do São Paulo a origem do lance mais incrível do primeiro tempo. Aos 38min, Léo teve liberdade para cruzar da esquerda e mandou a bola mais uma vez na direção do segundo pau. Henrique Dourado recebeu livre mais uma vez e finalizou de pé direito, mas o goleiro da equipe paulista espalmou. O rebote ficou com Calazans, que chutou de primeira e proporcionou outra intervenção do camisa 30. Calazans ainda pegou mais duas sobras no mesmo lance: na primeira, tentou um cruzamento rasteiro e acabou rechaçado; na segunda, mandou uma tentativa de bicicleta nas mãos do arqueiro rival.

A sequência de defesas de Renan Ribeiro remeteu à série protagonizada pelo goleiro uruguaio Rodolfo Rodíguez em 1984, quando o jogador do Santos enfileirou intervenções em um mesmo lance de uma partida contra o América-SP pelo Campeonato Paulista.

O que os jogadores falaram sobre o primeiro tempo

“Estou feliz pelo gol, mas tivemos uns lances de falta de atenção e eles conseguiram chegar”, lamentou o são-paulino Jucilei em entrevista ao canal fechado “Premiere FC”. “Não tem o que falar daquele lance. É trabalho”, completou o goleiro Renan Ribeiro.

O atacante Richarlison, um dos destaques individuais do Fluminense, corroborou as análises são-paulinas e lamentou os gols perdidos: “Sabemos da dificuldade que é jogar aqui. Tivemos oportunidades para fazer um ou dois gols, mas não conseguimos. Assim fica complicado”.

São Paulo volta mais incisivo no segundo tempo

O domínio do Fluminense em grande parte da etapa inicial mexeu com o comportamento do São Paulo. O time da casa voltou mais incisivo para o segundo tempo, adotou postura aguda e tentou apertar os cariocas. A mudança de postura teve reflexo logo aos 3min, quando os paulistas chegaram ao ataque em superioridade numérica, rodaram a bola e não conseguiram finalizar.

Foi só um susto: Fluminense volta a dominar e empata

O bom início do São Paulo no segundo tempo, porém, durou pouco. Aos 6min, em cobrança de falta ensaiada, Gustavo Scarpa rolou para Wendel na intermediária. O volante teve espaço para conduzir e finalizou de longe, de pé direito, no canto direito baixo de Renan Ribeiro.

Gol reforça protagonismo de Renan Ribeiro

O gol reestabeleceu o panorama do primeiro tempo, com o Fluminense superior – sobretudo pelo lado esquerdo de seu ataque. Além disso, serviu para confirmar o protagonismo de Renan Ribeiro na partida: foram várias defesas incríveis (aos 13min, por exemplo, ele espalmou um chute colocado de Gustavo Scarpa), mas o empate aconteceu numa bola de muito longe, no canto em que o camisa 30 estava posicionado. Entre detratores e torcedores que festejaram sua presença, o defensor da meta paulista chegou a ser um dos dez assuntos mais comentados do planeta na rede social Twitter.

Ceni mexe, e o São Paulo cresce

O domínio do Fluminense no jogo só ruiu depois de uma alteração de Rogério Ceni. Aos 26min, o técnico do São Paulo trocou o inoperante Cueva por Lucas Fernandes, que deu mais volume ao setor ofensivo e criou as principais ações dos donos da casa na sequência da partida.

Abel tentou reagir com mudanças no meio-campo – Wendel e Scarpa cederam seus lugares a Marquinho e Renato, respectivamente –, mas o São Paulo seguiu melhor. No entanto, a despeito de dominar a bola e de ter passado mais tempo na intermediária ofensiva, a equipe paulista sofreu para acionar Pratto ou para entrar na área.

FICHA TÉCNICA

São Paulo 1 x 1 Fluminense

Campeonato Brasileiro - 10ª rodada

Data: 25 de junho de 2017
Horário: 16h (de Brasília)
Local: estádio do Morumbi, em São Paulo (SP)
Árbitro: Anderson Daronco (RS)
Auxiliares: Rafael da Silva Alves e Elio Nepomuceno de Andrade Júnior (ambos do RS)
Cartões amarelos: Lucas (Fluminense) e Lugano (São Paulo)
Gols: Jucilei, aos 6min do primeiro tempo, e Wendel, aos 6min do segundo tempo
Público total: 17.742 torcedores
Renda: R$ 448.293,00

São Paulo: Renan Ribeiro; Araruna, Rodrigo Caio, Diego Lugano e Júnior Tavares; Thiago Mendes e Jucilei; Marcinho, Cueva (Lucas Fernandes) e Denilson (Thomaz); Pratto
Técnico: Rogério Ceni

Fluminense: Júlio César; Lucas, Reginaldo, Henrique e Léo; Orejuela e Wendel (Marquinho); Richarlison, Gustavo Scarpa (Renato) e Calazans (Wellington Silva); Henrique Dourado
Técnico: Abel braga