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Da artilharia ao jejum. Fred e Robinho fecham 2017 com 4 gols em decisões

Robinho e Fred formam o ataque do Atlético desde junho do ano passado - Bruno Cantini/Clube Atlético Mineiro
Robinho e Fred formam o ataque do Atlético desde junho do ano passado Imagem: Bruno Cantini/Clube Atlético Mineiro

Victor Martins

Do UOL, em Belo Horizonte

06/10/2017 04h00

Diante do cenário atual, o Atlético-MG teve um grande fim de temporada em 2016. Terminou na quarta colocação do Campeonato Brasileiro, conquistando vaga direta na Copa Libertadores após as mudanças da Conmebol, e foi vice-campeão da Copa do Brasil. Naquele momento, pelo elenco que Marcelo Oliveira tinha em mãos, "tudo isso" foi considerado pouco pela diretoria, que trocou o treinador.

Quase um ano depois, já com o terceiro técnico na temporada, o Galo não vai chegar nem perto do que atingiu no fim do ano passado. A Copa do Brasil, a Copa Libertadores e a Primeira Liga eram alguns dos desejos dos atleticanos, mas todas viraram vexames contra Botafogo, Jorge Wilstermann e Londrina, respectivamente. Cada eliminação com seu roteiro trágico, mas em comum a ineficiência do ataque alvinegro.

Nos confrontos com os times citados acima, o Atlético marcou somente um gol em cinco partidas, anotado por Cazares, contra o Botafogo, no primeiro jogo pelas quartas de final da Copa do Brasil. Contra o Jorge Wilstermann, por exemplo, foram mais de 180 minutos sem balançar as redes de uma equipe que na fase seguinte levou um impiedoso 8 a 0 do River Plate, da Argentina. Já contra o Londrina, a defesa mais vazada da Série B, o Galo finalizou oito vezes durante a final, mas nenhuma no rumo do gol.

É fato que o time como um todo não funcionou em 2017, mas algo que ajuda explicar essa queda de produção ofensiva é o desempenho da dupla Robinho e Fred. Maiores estrelas do elenco atleticano, os atacantes foram muito bem na temporada anterior. Robinho conseguiu ser o maior artilheiro do futebol brasileiro, algo inédito em sua carreira, enquanto Fred foi o goleador máximo do Campeonato Brasileiro pela terceira vez.

Por tudo o que já fizeram, pelo fim de temporada em 2016 e pela expectativa criada em torno do elenco do Atlético, muito se esperava da dupla Fred e Robinho. O começo de ano, especialmente de Fred, foi ótimo. Durante o Mineiro e a fase de grupo da Libertadores, o camisa 9 tinha média superior a um gol por jogo.

Só que faltaram os gols nas decisões. Fred anotou apenas um nos jogos eliminatórios que disputou na temporada, contra o Paraná, na volta das oitavas de final da Copa do Brasil. Já Robinho, mesmo com menos gols do que Fred no ano (23x9), marcou mais vezes nos mata-matas. Foram três, contra a URT, na semifinal do Mineiro, o Cruzeiro, na decisão do Estadual, e também contra o Paraná, pela Copa do Brasil.

Como não podia ser diferente, o Atlético também sofre com a falta de gols de suas principais estrelas no Campeonato Brasileiro. Ano passado, juntos, Fred e Robinho marcaram 24 vezes, sendo responsáveis diretos por 40% dos gols da equipe. Nesta edição, Fred e Robinho fizeram somente oito gols, o que representa 27% dos gols anotados pelo Atlético.

Temporada marcada por jejuns históricos

Fred ganhou a braçadeira de capitão do Atlético-MG, como sinal de confiança do treinador - Bruno Cantini/Clube Atlético Mineiro - Bruno Cantini/Clube Atlético Mineiro
Fred ganhou a braçadeira de capitão do Atlético-MG, como sinal de confiança do treinador
Imagem: Bruno Cantini/Clube Atlético Mineiro

Acostumados com gols, briga por títulos e muito destaque, Robinho e Fred passaram por momentos diferentes em 2017. A falta de gols incomodou e ainda incomoda os dois principais atacantes do Atlético. Em um ano de baixa produção ofensiva, principalmente no segundo semestre, Robinho e Fred encontraram outro adversário: o jejum de gols.

Robinho já conseguiu superar o seu, o maior ao longo dos mais de 15 anos como jogador profissional. O camisa 7 do Galo ficou quatro meses sem marcar. Ao todo foram 22 partidas em branco, entre o empate em 2 a 2 com a Ponte Preta, pela 3ª rodada do Brasileirão, dia 28 de maio, e o triunfo por 2 a 0 sobre o Atlético-PR, no último dia 1º, pela 26ª rodada.

Já Fred viu seu jejum virar recorde contra o Londrina. Desde que retornou ao futebol brasileiro, em meados de 2009, para defender o Fluminense, jamais o atacante havia ficado 11 partidas sem fazer gols. Marca negativa atingida nessa quarta-feira, na decisão da Primeira Liga.

Chegada de Oswaldo pode ser o ponto de virada

Oswaldo de Oliveira quer resgatar a confiança dos jogadores do Atlético. Com Robinho começou a funcionar - Bruno Cantini/Clube Atlético Mineiro - Bruno Cantini/Clube Atlético Mineiro
Oswaldo de Oliveira quer resgatar a confiança dos jogadores do Atlético. Com Robinho começou a funcionar
Imagem: Bruno Cantini/Clube Atlético Mineiro

Uma das primeiras ações de Oswaldo de Oliveira como treinador do Atlético foi reunir com alguns jogadores. O técnico chamou aqueles mais experientes, os líderes do elenco. Robinho e Fred estava em entre eles e participaram da conversa. A ideia de Oswaldo era mostrar para esses atletas a importância que eles têm para o time e que ele precisa da ajuda dos líderes do elenco para conseguir fazer um bom trabalho.

Oswaldo deu confiança aos jogadores, que estava sumida da Cidade do Galo, após uma série de resultados ruins e uma temporada muito abaixo do que era esperada. “Esse elenco é tudo isso sim”, comentou o treinador em sua apresentação, dando ainda mais moral para os atletas.

Fazer Robinho ser titular do Atlético no Brasileirão, após dois meses, e dar a braçadeira de capitão a Fred, na decisão da Copa do Primeira Liga, são algumas das estratégias de Oswaldo para recuperar a confiança de seus atacantes. O técnico do Galo sabe que os dois ainda podem ser muito importantes para o time nas 12 rodadas finais do Brasileirão.

“O Robinho é um jogador que dispensa comentários. Eu conheço bem e sei que ele ainda tem muito a dar para o Atlético”, disse Oswaldo, após o triunfo sobre o Atlético-PR. Fred também foi elogiado pelo treinador, mesmo sem gols nos dois primeiros jogos sob seu comando.

“Isso é natural. Todo atacante passar por uma fase assim e eu não conheço nenhum que nunca tenha passado. O Fred tem muita qualidade e eu tenho certeza que logo ele vai conseguir superar.