Topo

Com armas e gás de pimenta, São Januário assusta com Vasco em crise

Segurança armado tenta conter torcedores que invadiram treino do Vasco - Reprodução - Reprodução
Segurança armado tenta conter torcedores que invadiram treino
Imagem: Reprodução

Bruno Braz

Do UOL, no Rio de Janeiro

05/05/2018 04h00

As brigas na arquibancada no jogo com o Cruzeiro na última quarta e a invasão de organizadas ao treino desta sexta-feira colocaram o Vasco em alerta. Neste sábado, às 19h, em São Januário, o Cruzmaltino receberá o América-MG pelo Campeonato Brasileiro e um forte esquema de segurança foi solicitado no intuito de garantir tranquilidade aos torcedores e aos profissionais que trabalharão na partida. Quem frequenta o clube, porém, sabe que o clima de tensão e a convivência com pancadaria, gás de pimenta e até armas de fogo tem sido prática corriqueira no “regime de terror” no estádio.

Motivadas por questões políticas, as confusões se somam num quadro preocupante de criminalidade no clube. O ambiente violento se agravou a partir do ano passado, quando se intensificaram os casos de agressões e ameaças nas dependências da “Colina Histórica”.

Torcida do Vasco entra em conflito com a PM em São Januário - Premiere/Reprodução - Premiere/Reprodução
Imagem: Premiere/Reprodução

Ao longo do tempo, o UOL Esporte conversou com pessoas que passaram por esse tipo de situação, mas a grande maioria, com medo, preferiu não revelar sua identidade. O consenso, porém, é que os atos partiram de seguranças particulares ou de membros de organizadas ligados a grupos políticos pelo simples fato das vítimas se manifestarem a favor ou contra um dos lados da história.

Em julho de 2017, o estopim ocorreu no clássico com o Flamengo em São Januário, quando vândalos promoveram um quebra-quebra e, em confronto com a Polícia Militar do lado de fora, Davi Rocha Lopes, de 26 anos, foi baleado e morto.  O Vasco sofreu uma punição de seis jogos no Campeonato Brasileiro, sendo três com portões fechados e três a 100 km do Rio de Janeiro.

Antes, porém, foram diversas as pancadarias, geralmente após manifestações contrárias ao ex-presidente Eurico Miranda. Em meio ao caos, tem se tornado comuns as cenas de crianças chorando e pais desesperados tentando colocar seus filhos nos camarotes através das janelas.

Torcedor é ameaçado por homem armado após dar tapa no carro de Eurico Miranda - Reprodução/Esporte Interativo - Reprodução/Esporte Interativo
Torcedor é ameaçado por homem armado após tapa em carro de Eurico
Imagem: Reprodução/Esporte Interativo

Este ano, mesmo com a mudança de direção, o cenário não mudou. O sócio remido Luis Rocha acusou o presidente do Conselho Deliberativo, Roberto Monteiro, de tê-lo agredido sem maiores motivos em São Januário logo após a vitória do Vasco por 2 a 0 sobre o Universidad Concepción (CHI) pela Copa Libertadores. Ele relatou o fato em redes sociais e postou fotos de seu rosto ensanguentado. O dirigente, porém, negou as acusações.

Na última quarta-feira, na goleada sofrida por 4 a 0 para o Cruzeiro, além da pancadaria na arquibancada que resultou na prisão de Yan Leonardo Faria Martins – que vestia a camisa de uma organizada – o Esporte Interativo flagrou um segurança do ex-presidente Eurico Miranda sacar uma arma e ameaçar dar tiros para cima dos torcedores que hostilizavam e batiam no veículo do dirigente.

Nesta sexta-feira, durante a invasão, novamente uma pistola foi empunhada, desta vez dentro do gramado por um segurança do clube. Membros da organizada invasora alegam que tiros foram disparados para o alto por ele, algo que o presidente Alexandre Campello não conseguiu confirmar:

“Também ouvi dizer sobre arma, tiro... A atitude que o clube vai tomar é sair daqui e ir na delegacia para que a polícia apure todos esses fatos”, disse o presidente, complementando: “O clube tem segurança. Se é policial e anda armado, acho que não deveria (dar tiros)”.

Na 17ª Delegacia de Polícia (São Cristóvão), o dirigente entregou imagens da invasão às autoridades para a investigação.

Campello mantém distância de organizadas

Isolado politicamente no clube, Campello alega não conceder ingressos para organizadas e procura ter pouco contato. Ele lembra da situação irregular de algumas delas – a “Força Jovem”, maior delas, está suspensa pelo Ministério Público desde 2014 – e quer se manter dentro da lei. Diante do fato, o cartola não descartou a possibilidade de que a invasão tenha sido uma "sabotagem".

Para o jogo deste sábado, onde torcedores convocam um protesto contra o dirigente antes de a bola rolar, ele garante que medidas de segurança serão tomadas.

“O jogo deveria ser tranquilo, mas nós vamos tomar todas as medidas necessárias para dar segurança a jogadores, comissão técnica, torcedores e profissionais que trabalham neste evento. Todas as medidas necessárias nós vamos tomar”.

Wagner retorna

O meia Wagner, que desfalcou o Vasco contra o Cruzeiro por estar gripado, retorna à equipe. Em compensação, o técnico Zé Ricardo não poderá contar com os atacantes Rildo e Paulo Vitor e o meia Evander, lesionados.

VASCO X AMÉRICA-MG
Local:
São Januário, Rio de Janeiro (RJ)
Hora: 19h (horário de Brasília)
Árbitro: Flavio Rodrigues de Souza - SP
Auxiliares: Alex Ang Ribeiro - SP e Tatiane Sacilotti dos Santos Camargo - SP

Vasco
Martín Silva, Yago Pikachu, Werley, Paulão e Henrique; Desábato e Wellington (Bruno Silva); Wagner, Thiago Galhardo e Andrés Rios; Riascos
Técnico: Zé Ricardo

América-MG
João Ricardo; Norberto, Rafael Lima, Messias e Carlinhos; Juninho, Wesley, Serginho e Marquinhos; Aylon e Rafael Moura. 
Técnico: Enderson Moreira.