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Sem Maycon e Renê Jr, Loss tem "cobertor curto" no meio-campo corintiano

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Dassler Marques

Do UOL, em São Paulo

02/09/2018 04h00

Depois de ter Maycon e Renê Júnior como opções de segundo volante até a parada da Copa do Mundo, o Corinthians hoje vive um dilema nessa função que se tornou importante no modelo de jogo adotado pela equipe nos últimos anos. O primeiro foi vendido ao Shakhtar, o segundo se lesionou com gravidade e, agora, Osmar Loss se vê em espécie de cobertor curto quando não tem Douglas à disposição. O cenário se repetiu no empate de sábado com o Atlético-MG em 1 a 1

A dupla entre Gabriel e Ralf, concorrentes na vaga de primeiro volante, foi novamente escalada pelo treinador, que já havia adotado a mesma formação em derrota em casa para o Grêmio. Sem muita confiança no jovem Thiaguinho, que até pouco tempo atuava na segunda divisão paulista, e com Paulo Roberto às voltas com lesões, Loss só tinha essa alternativa mais defensiva. Ou outra considerada ousada, com Mateus Vital e Araos em um sistema 4-1-4-1. Foi o time escalado em derrota para a Chapecoense. 

A falta de um jogador equivalente a Douglas faz com que Loss se divida entre uma formação muito defensiva no setor ou outra que pode ceder espaços. "Muitas vezes a escolha passa pelo adversário. O Cazares flutua na região e consideramos a melhor formação pelos cuidados defensivos. Gabriel cumpriu uma função ofensiva interessante, se projetando pelo lado direito. Claro que ele não vai fazer o mesmo papel do Jadson. Eu poderia ter colocado o Vital, talvez, mas a intensidade na marcação na saída de bola do Atlético a gente perderia. Roubamos 12 bolas no campo do Galo. Esse pedaço do jogo funcionou".

Loss admitiu ainda que falta uma alternativa nessa posição, mas o clube não deve mais ir ao mercado nesse ano. "O segundo volante a gente está com dificuldade de ter um jogador com a característica do Douglas. Até demoramos para encontrar ele. São situações em que escolhemos um caminho. Em Chapecó, utilizamos só o Gabriel porque a Chape usava um caminho mais por fora, sem flutuações. O Galo flutua muito por dentro. Precisamos de jogadores que cumpram uma orientação de se posicionar nesses espaços", comentou. 

A consequência desse cenário, no empate dentro de casa, foi um time que conseguiu roubar as bolas à frente, mas poucas vezes foi criativo com seus volantes. "Faltou criação, sim. Poderíamos ter melhorado o terço final. Talvez jogar um pouco mais pelo lado", analisou. "Pensamos, sim, [em retirar Gabriel ou Ralf]. Avaliamos que o adversário era perigoso ali. Colocar um jogador mais ofensivo na função para mexer nos dois mexeria em uma estrutura que defensivamente não deu errado. A fase defensiva hoje não foi ruim, foi boa. O primeiro passo para vencer é não perder", analisou o treinador. 

Chave dentro desse cenário, Gabriel já foi meia no início da carreira, pelo Paulínia, e um volante com mais chegada ao ataque nos tempos de Botafogo. Após quatro anos no futebol paulista, porém, se habitou a destruir mais que construir. Para ele, as coisas podem melhorar com o tempo. 

"De três ou quatro anos da minha carreira para cá, joguei duas vezes na função de segundo, que foi com o Ralf. Requer mais tempo, entrosamento, não temos tempo para treinar. Não treinamos essa minha função de sair mais, chegar como elemento surpresa, mas tentamos fazer o melhor. Já fiz a função muito tempo atrás e hoje em dia jogava em função de primeiro. É tentar treinar nessa função para evoluir e ajudar o time. Fiz gols aqui em infiltração, tem lances em que posso ser aproveitado nessa função", declarou.