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Rodrigo Caio volta ao São Paulo com empate, mas vai bem como "novo Militão"

Bruno Grossi

Do UOL, em São Paulo

22/09/2018 17h54

Foram cinco meses longe dos gramados, o segundo maior período de inatividade da carreira. Mas Rodrigo Caio voltou a jogar pelo São Paulo. Neste sábado, no empate por 1 a 1 com o América-MG pela 26ª rodada do Campeonato Brasileiro, o zagueiro foi escalado como titular pela primeira vez por Diego Aguirre desde que precisou operar o pé esquerdo. A lesão foi sofrida durante empate sem gols com o Ceará, em Fortaleza, no dia 22 de abril. 

Nesse tempo de recuperação, Rodrigo mais uma vez viu suas expectativas de ser vendido acabarem frustradas. O Lyon chegou a sondá-lo durante a Copa do Mundo. O Mundial, aliás, foi motivo de outra decepção, já que figurou apenas na lista de suplentes formada por Tite e não poderia ser convocado justamente por causa da cirurgia no pé esquerdo.

Em seu retorno aos gramados, ironizado - "se não ganhar, a zica é dele" - e contestado por alguns torcedores, apareceu em posição incomum: a lateral direita. No começo de sua carreira, Rodrigo chegou a atuar por ali. Esse foi o motivo, inclusive, para que sua relação com o ex-técnico Émerson Leão sempre tenha sido inconstante. Aguirre, porém, confiou no zagueiro para tentar resgatar o equilíbrio que o Tricolor tinha quando ainda contava com Militão, negociado com o Porto na última janela de transferências.

A estratégia é ter um lateral marcador pela direita, deixando a esquerda mais livre para as descidas de Reinaldo. Aguirre havia tentado o mesmo com Robert Arboleda no domingo passado, contra o Santos, mas a tática não funcionou da melhor maneira. Até os times da base atuam dessa forma, vide o estilo de Caio ou Tuta no sub-20. Com Rodrigo, as virtudes que eram mostradas por Militão reapareceram com mais nitidez.

Uma jogada clássica, por exemplo, é o tiro de meta cobrado por Sidão com destino à lateral direita, perto da linha de meio de campo. Militão subia, desviava e deixava o ponta em boas condições para avançar. Rodrigo Caio conseguiu o mesmo em pelo menos duas jogadas. Também foi quase perfeito no mano a mano contra os jogadores do América-MG, outra especialidade de Militão - que, curiosamente, tem sido convocado para a seleção brasileira em vaga que era do ex-colega.

A recepção da torcida à volta de Rodrigo Caio começou tímida, com aplausos no anúncio da escalaçao e gritos breves por seu nome vindos da arquibancada. Conforme foi respondendo bem em campo, principalmente no segundo tempo, as reações se tornaram mais calorosas, intensas. Uma sequência de desarmes, com direito a arrancada para o meio, passou a confiança que andou abalada pela temporada irregular do zagueiro em 2017.

No último ano, o camisa 3 cometeu ao menos oito falhas individuais. Um número quatro vezes maior do que costumava apresentar pelo São Paulo e que fez os torcedores passarem a vê-lo como um problema. Além disso, a coincidência de sua trajetória no clube com a seca de títulos o torna, para muitos, bode expiatório.

Só que nas duas vezes em que Rodrigo Caio subiu muito na área adversário - algo que sempre teve como virtude -, a torcida transpareceu o desejo pelo gol de quem tanto foi criticado. As cabeçadas não tiveram a direção esperada, mas o desempenho de quem há tempos não jogava foi além das expectativas.

Rodrigo comemorou a volta aos gramados depois do jogo, mas lamentou o resultado. "Volta importante, muito tempo sem jogar. Estou à disposição para jogar na lateral, se o Aguirre precisar. Mas foi ruim ter sido um empate", falou.