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Mais do que clássico, Fla-Flu é celebração de vida para César e preparador

O goleiro César (d) com o amigo e preparador José Jober no treino do Flamengo - Divulgação/Flamengo
O goleiro César (d) com o amigo e preparador José Jober no treino do Flamengo Imagem: Divulgação/Flamengo

Vinicius Castro

Do UOL, no Rio de Janeiro

13/10/2018 04h00

O goleiro César e o preparador José Jober caminham para 12 anos de amizade no futebol. Vestindo rubro-negro, eles estarão juntos mais uma vez no Fla-Flu deste sábado (13), às 17h (de Brasília), no Maracanã. Foi assim durante muitos jogos a partir de 2007, quando a vida os uniu no modesto Sendas, depois batizado de Audax Rio. Entre idas e vindas no mundo da bola, eles estiveram sempre ligados.

O reencontro se deu no meio do ano passado. Jober era preparador de goleiros na base do Flamengo e foi promovido para o segundo da função no departamento de futebol profissional - divide as funções com Rogério Maia, um dos preparadores da seleção na última Copa do Mundo. Pouco tempo depois, o pupilo, então quarto goleiro, virou a opção por uma crise interna na posição para os jogos decisivos da Copa Sul-Americana. Defendeu até pênalti na ausência do lesionado Diego Alves.

César e Jober se conheceram em 2007, no Sendas. A amizade já caminha para 12 anos  - Arquivo Pessoal - Arquivo Pessoal
César e Jober se conheceram em 2007, no Sendas. A amizade já caminha para 12 anos
Imagem: Arquivo Pessoal
O cenário se repete. Hoje reserva imediato do camisa 1, César tem dado conta do recado desde que voltou ao Flamengo após dois empréstimos. Ele e o amigo Jober comemoram o que construíram quase juntos na carreira. Dificuldades, inclusive, não faltaram.

“Chegamos praticamente juntos ao Sendas em 2007. Ele sempre conquistou o espaço com muito trabalho. Como se destacou, passou a despertar o interesse de outros clubes. Caminhamos juntos, ainda que separados [risos]. Ele passou alguns meses pelo Botafogo antes de se transferir ao sub-20 do Flamengo. Logo depois, eu tive a oportunidade de ir para o Botafogo. Por muito pouco não saímos de um clube para trabalhar no outro. Eu fiquei por lá, mas sempre o acompanhei”, contou Jober.

O preparador ficou no Botafogo até o final de 2012. Foi quando surgiu a oportunidade de trabalhar na base do Flamengo. Já sendo um dos goleiros do elenco profissional, o pupilo César retribuiu ao amigo a ajuda que recebeu na formação de atleta. Ele referendou o currículo de Jober ao então coordenador da base e hoje diretor executivo, Carlos Noval. Entrevista marcada, aprovação e início de um novo ciclo.

“É lógico que a amizade é fundamental, mas foi pelo trabalho dele. Sempre precisamos das pessoas na vida. Agradeço por todos que me auxiliaram de alguma forma na carreira”, minimizou César.

Debaixo de algumas risadas, o preparador contou que ajudou até como "cupido" na formação da família do goleiro. Casado com Amanda, César foi pai recentemente da pequena Sara.

“Na época do Orkut [rede social], vi as primeiras mensagens entre a esposa e ele. Disse para dar atenção. Não sei se contribuiu [risos], mas estão juntos. A filhinha dele nasceu agora. Fico feliz por um cara tão comprometido e dedicado ter a possibilidade de viver isso na carreira. De certa forma, ter passado um pouco na vida dele me deixou em parte realizado como profissional. É um cara de grandes valores”, elogiou Jober.

Embora seja considerado internamente um dos profissionais mais sérios no dia a dia do Flamengo, César esbarra no problema do goleiro reserva. Joga pouco no ano, assim como as aparições são raras. O cenário poderia incomodá-lo. Não é o caso. A maturidade chegou bem antes dos 26 anos.

“A gente treina para jogar. É o principal. Trabalhamos todos os dias para isso. Só que nem sempre será assim. Só joga um. Estou ali como segundo, terceiro, quarto goleiro... Mas aprendi na carreira que tudo faz parte do meu trabalho. Treino, academia, dar entrevista. Vai muito além de jogar. Isso faz entender o propósito de estar aqui. Não desanimo por não estar jogando. Entendo que o meu trabalho faz sentido para o Flamengo”, afirmou.

Se hoje César e Jober têm a estrutura do Flamengo à disposição, as dificuldades superadas em conjunto não saem da memória. O garoto que precisava usar camisa do colégio para não pagar passagem e treinar todos os dias se transformou em um chefe de família. E os valores foram passados também através do amigo Jober, há quase 12 anos, no modestíssimo Sendas. Para eles, vencer no futebol é bem mais do que um sonho de menino, virou uma celebração de vida.

FLAMENGO X FLUMINENSE

Data/hora: 13/10/2018, às 17h (de Brasília)
Local: Maracanã, no Rio de Janeiro (RJ)
Árbitro: Wilton Pereira Sampaio (GO)
Auxiliares: Marceo Van Gasse (SP) e Bruno Raphael Pires (GO)

Flamengo
César; Pará, Léo Duarte, Réver e Renê; Cuéllar, Willian Arão, Lucas Paquetá, Everton Ribeiro e Vitinho; Uribe
Técnico: Dorival Júnior

Fluminense
Julio Cesar; Ibañez, Gum e Digão; Matheus Norton (Igor Julião ou Dodi), Richard, Jadson e Ayrton Lucas; Marcos Jr, Everaldo e Luciano
Técnico: Marcelo Oliveira