Quem tem mais, tem dez: por que o Palmeiras celebrou o deca no Brasileirão
O Campeonato Brasileiro começou em 1971? Desde 2010, não. Há quase uma década, a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) aceitou um estudo produzido pelo pesquisador santista Odir Cunha e unificou os títulos do Torneio Gomes Pedrosa e da Taça Brasil, ocorridos entre 1959 e 1970 [confira todos os vencedores abaixo]. A entidade máxima do futebol nacional considera todos os títulos com o mesmo peso da taça erguida no último domingo pelo Palmeiras, que, na conta, tem dez.
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Na conta atualizada pela CBF a partir do estudo de Cunha, o Palmeiras levantou quatro troféus na Era Antiga do Brasileirão. A primeira vitória veio na Taça Brasil de 1960. Beneficiado pela seleção paulista ter conquistado o Brasileiro de seleções no ano anterior, o time alviverde entrou na semifinal e conquistou a competição em apenas quatro jogos - empate e vitória contra o Fluminense e dois triunfos sobre o Fortaleza, com direito a um 8 a 2 no jogo final.
A segunda taça veio emendada com a terceira. Sim, na nova conta da CBF, o Palmeiras conquistou dois Campeonatos Brasileiros em 1967. O primeiro ocorreu em junho no Troféu Roberto Gomes Pedrosa ao terminar em primeiro no quadrangular final contra Internacional, Grêmio e Corinthians. O Robertão acabou organizado pelas federações paulista e carioca e reuniu naquele ano clubes do sul e sudeste.
A terceira estrela ocorreu na Taça Brasil, em novo troféu em um curto período de jogos: seis partidas (três contra o Grêmio na semifinal e outras três contra o Náutico na decisão) bastaram para o time de Dudu, Ademir da Guia e César Maluco assegurar o título já nos últimos dias de dezembro.
Dois anos depois de embalar dois nacionais em um ano, o Palmeiras alcançou o topo novamente no Roberto Gomes Pedrosa. A extinção da Taça Brasil fez a então Confederação Brasileira de Desportos (CBD, que depois viraria CBF) organizar a competição vencida novamente pelo time liderado por Ademir da Guia, que ganhou o quarto Brasileiro na conta da CBF ao superar Cruzeiro, Corinthians e Botafogo no quadrangular final.
O quinto troféu já teve como plano de fundo o novo Campeonato Brasileiro. A entidade máxima do futebol brasileiro começou a organizar uma nova competição em 1971, quando o Atlético-MG saiu vencedor. Bastou um ano, entretanto, para o Palmeiras novamente ser vencedor.
Em 1972, a mesma geração palmeirense da Academia levou o troféu com uma campanha regular nas fases mais decisivas. Na segunda fase, duas vitórias em três partidas foram suficientes para catapultar o time alviverde para a semifinal. Empates contra Internacional (1 a 1) e Botafogo (0 a 0), na final, deram o quinto título para a equipe.
O hexa veio em 1973 e ratificou aquela geração do Palmeiras como uma das melhores equipes da história do futebol brasileiro. Com uma defesa segura (apenas 11 gols sofridos), o clube liderou o Brasileiro no primeiro turno e a sua chave na fase seguinte. Vitórias sobre o Cruzeiro e Internacional e um empate sem gols com o São Paulo asseguraram o troféu no quadrangular final.
Jejum quebrado na Era Parmalat
Se no espaço de 13 anos, o Palmeiras levou seis troféus de grande repercussão no país. O fim da Academia significou o afastamento do clube da galeria dos campeões. O jejum durou 20 anos e foi quebrado com uma equipe de estrelas, formada pelo forte patrocínio da Parmalat. O esquadrão de Roberto Carlos, Edmundo e Evair entrou para a história com nova dobradinha.
Em 1993, o Palmeiras liderou duas fases do campeonato até pegar um surpreendente Vitória na decisão. O clube baiano não resistiu e caiu duas vezes para um fortalecido elenco palmeirense, que viu as três estrelas do seu ataque marcarem: Edilson (1 a 0 na ida, em Salvador) e Evair e Edmundo (2 a 0 na volta, no Morumbi, como os grandes destaques.
O bicampeonato (e oitavo no geral) entrou para a história como um dos mais comemorados no clube. Afinal, a taça saiu após superar diretamente o maior rival na decisão. Rivaldo, que jogara meses antes no próprio Corinthians, brilhou com dois gols e liderou a vitória por 3 a 1 no primeiro confronto. O empate por 1 a 1 na volta encerrou a competição com título nacional.
Era de Prass, Jesus e Dudu
Foram mais de duas décadas de jejum para o Palmeiras novamente embalar. Passados dois rebaixamentos, o time contou com uma nova parceria (Crefisa) e uma equipe reforçada para chegar ao decacampeonato nos novos cálculos da CBF. Em 2016, a segurança de Fernando Prass, a liderança técnica de Dudu e a estrela de uma ainda revelação Gabriel Jesus terminou com o enea.
Cuca levou o Palmeiras a registrar a segunda melhor campanha dos pontos corridos com 20 clubes. Os 80 pontos somados só ficam atrás do Corinthians de 2015, comandado por Tite e guiado por Renato Augusto e Jadson em campo. O título foi garantido com vitória por 1 a 0 contra a Chapecoense, no Allianz Parque.
O deca, enfim, veio com novas caras. Se Dudu ainda se sustenta como destaque e deve levar o prêmio de craque do Brasileirão, o Palmeiras 2018 tem novas caras como pilares, como Bruno Henrique, Felipe Melo e Weverton. Todos nomes que chegaram com a anuência e o investimento alto da Crefisa.
Fora de campo, Luiz Felipe Scolari se reencontrou. Felipão levou o time a bater o expressivo recorde de 23 jogos invictos e repetiu a campanha de Cuca há dois anos. O decacampeonato, oficializado há quase dez anos pela CBF, faz o Palmeiras se vangloriar: quem não tem, corre atrás.
Confira todos os vencedores da Era Antiga do Brasileirão:
Taça Brasil
1959 ? Bahia
1960 ? Palmeiras
1961 ? Santos
1962 ? Santos
1963 ? Santos
1964 ? Santos
1965 ? Santos
1966 ? Cruzeiro
1967 ? Palmeiras
1968 ? Botafogo
Torneio Roberto Gomes Pedrosa/Taça de Prata
1967 ? Palmeiras
1968 ? Santos
1969 ? Palmeiras
1970 ? Fluminense
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