Topo

Torcida do Flu respira aliviada, mas dá adeus a um ano para ser esquecido

Saída de Gustavo Scarpa abriu grande crise no Fluminense - Mailson Santana/Fluminense F.C
Saída de Gustavo Scarpa abriu grande crise no Fluminense Imagem: Mailson Santana/Fluminense F.C

Leo Burlá

Do UOL, no Rio de Janeiro

03/12/2018 04h00

A torcida do Fluminense deixou o Maracanã respirando aliviada com a manutenção do time na Série A do Brasileiro, mas é fato que o ano de 2018 não deixa boas lembranças para o torcedor, que viu o clube viver uma grave crise financeira e institucional.

O desenho da temporada complicada começou a ser rascunhado ainda em dezembro de 2017. Sem dinheiro, o Flu dispensou oito jogadores de seu elenco, dentre eles Diego Cavalieri e Henrique. O bilhete azul foi feito por mensagem de texto, o que revoltou os jogadores e fez com que a dívida trabalhista aumentasse ainda mais, já que os atletas buscaram a via judicial.

Já sem esses jogadores, o Tricolor teve uma baixa considerável em seu primeiro dia de pré-temporada. Aguardado no centro de treinamento, Gustavo Scarpa não apareceu. Insatisfeito com atrasos salariais, o ex-meia tricolor acionou o clube e, após batalha que se arrastou por todo o ano, conseguiu, enfim, sua liberação definitiva para defender o Palmeiras e os cariocas embolsaram apenas R$ 6,7 milhões, quando a ideia inicial era colocar algo em torno de R$ 40 milhões nos cofres com uma possível venda.

Em paralelo, os tricolores foram varridos por problemas que interferiram diretamente no campo, especialmente questões referentes aos atrasos salariais. Em dado momento, o presidente Pedro Abad recorreu a uma 'vaquinha' para minimizar o drama. A corda esticou ao ponto de o clube perder o diretor esportivo Paulo Autuori e o técnico Abel, que sucumbiram aos problemas internos. Em seus lugares, Paulo Angioni e Marcelo Oliveira foram os escolhidos.

Fora de campo, o diretor geral Marcus Vinicius Freire também saiu. Asfixiado, o Flu conseguiu patrocínio master da empresa Valle Express, mas a solução virou mico. Sem pagamentos, o contrato foi rescindido, o que tornou ainda mais dramática a vida financeira. O quadro é tão complexo que o clube suspendeu até os serviços de manutenção da sua sede.

O time até conseguiu se blindar de tantos problemas, mas a conta chegou. Com um elenco enxuto e sem grandes nomes, a equipe despencou no Brasileiro, caiu na Sul-Americana e chegou à última rodada necessitando de apenas um empate para permanecer na elite. 

Com o auxiliar Fábio Moreno no comando, o Flu demitiu Marcelo Oliveira a quatro dias da 'final' contra o América-MG. Em sua primeira atividade como interino, Moreno teve de conter tricolores que invadiram o CT e ampliaram a crise.

Pressionado de todos os lados, Abad terá de lidar com um processo de impeachment já autorizado pelo conselho deliberativo do clube. Ante o cenário caótico, a destituição do mandatário parece cada vez mais possível.

Apesar da salvação, as dificuldades devem persistir, visto que o clube está asfixiado por mais de R$ 440 milhões em dívidas. Ao torcedor, resta torcer por dias melhores em 2019.