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Série B - 2019

Mustafá pede cortes e diz que presidente não deve 'babar ovo' para time

O ex-presidente do Palmeiras Mustafá Contursi - Daniel Kfouri/Folha Imagem
O ex-presidente do Palmeiras Mustafá Contursi Imagem: Daniel Kfouri/Folha Imagem

Mauricio Duarte

Do UOL, em São Paulo

30/10/2013 06h00

Em entrevista exclusiva ao UOL Esporte por telefone, o ex-presidente do Palmeiras, Mustafá Contursi, afirmou que dirigente não precisa “babar ovo para equipe de futebol”.  Com o clube de volta à Série A do Campeonato Brasileiro, ele acredita que é o momento de mudar algumas coisas na gestão do presidente Paulo Nobre, principalmente no que diz respeito a cortar gastos.

Muito influente no clube e sempre atuante no COF (Conselho de Orientação e Fiscalização), o cartola deu ainda sua visão “morde e assopra” da gestão Nobre, falou sobre o impasse que o clube vive com a construtora WTorre a respeito do novo estádio alviverde e sobre suas expectativas para 2014, quando o time alviverde completa 100 anos de existência.  Leia a entrevista abaixo:

UOL Esporte: O senhor comemorou o acesso?

Mustafá Contursi: Eu não comemorei em 2003, que foi muito mais difícil. Não dá para comemorar. É obrigação. É um alívio o retorno, mas não há motivo para comemoração.

O que precisa melhorar na equipe?

Mustafá Contursi: Agora sou só torcedor, não compete a mim. Tem pessoas lá com salários milionários para resolver o problema.

Está falando do [diretor executivo José Carlos] Brunoro?

Mustafá Contursi: Não falarei nomes. Não só na direção. Atletas, administradores, eles têm obrigação de desempenhar. Garanto para você que o departamento de futebol do Palmeiras é um dos mais caros do país hoje.

Mas sua opinião ainda tem muito peso dentro do clube.

Mustafá Contursi: Não compete a mim opinar sobre essas coisas. Como disse, tem pessoas lá com salários milionários para resolver.

Como avalia a administração atual e o que é preciso para ser um bom dirigente?

Mustafá Contursi: Isso o tempo, os resultados, a opinião pública é que vão julgar. Um presidente tem outras atribuições além do futebol. Na minha passagem pelo Palmeiras, o que fiz foi qualificar a administração, aumentar o patrimônio. A partir daí, os resultados viriam naturalmente, como vieram. Obrigação do presidente não é babar ovo no time de futebol, não sou eu que vou ficar babando ovo em equipe de futebol.

O presidente Paulo Nobre faz isso?

Mustafá Contursi: Não sei. Eu sei que nunca fiz isso.

Como o senhor avalia o Nobre, especificamente?

Mustafá Contursi: A administração do Nobre começou tumultuada e as dificuldades continuam. A velocidade do saneamento não me satisfaz, estão trocando peças com valor muito pequeno de economia, mas ele tem um grande esforço pessoal. Alias, não fosse o empenho pessoal dele, o Palmeiras estaria em uma situação calamitosa (Nobre fez empréstimos a juros menores dando garantias em seu próprio nome para honrar compromissos do clube).

De onde mais ele deveria cortar?

Mustafá Contursi: Eu não tenho o direito de opinar, porque cada um tem seu estilo. Mas tem pessoas lá com salários milionários para resolver isso.

O senhor queria participar mais do projeto do centenário, em 2014?

Mustafá Contursi: Acho que o clube tem pessoas da sua história de administração, pessoas que construíram toda uma história que deveriam ser ouvidas. O primeiro ano valeu mais que o centésimo, porque foi lá que tudo começou. Centenário é de ano a ano. Não sei quais são os planos da diretoria. Essa não é uma comemoração que passa por uma decisão exclusiva da diretoria. Tem o Conselho Deliberativo, os associados. Centenário não é um momento, é a soma desses 100 anos que fizeram a soma dessa história.

Acha que Gilson Kleina deve permanecer?

Mustafá Contursi: Não opino sobre treinador. Primeira conta que diretoria deve fazer é de custo-benefício e aí decidir.

Sobre o novo estádio, como o senhor vê o impasse com a WTorre?

Mustafá Contursi: Primeiro tem uma omissão que é uma indignidade. Um ato quase que heroico do presidente [Arnaldo] Tirone de salvar o clube de despesas absurdas do contrato. Isso estava escrito no contrato. Que o Palmeiras não ia ter as cativas. Tirone, resistindo às mesmas pessoas que agora ficam enaltecendo e não analisando com justiça as questões do Palmeiras, as mesmas pessoas que assinaram tudo, que não permitiram o debate, são as que tentam de novo desestabilizar a nova diretoria. Tirone conseguiu salvar milhões [de reais] do clube.

Quem são essas pessoas?

Mustafá Contursi: São os mesmos que assinaram o contrato, que negociaram.

Tem medo de que o estádio não fique pronto?

Mustafá Contursi: Não tenho nenhum temor de não ser construído, é um negócio fantástico para a empresa. Poderia ser melhor para o Palmeiras.

O que o senhor espera do Palmeiras em 2014?

Mustafá Contursi: O principal problema do Palmeiras é fora de campo. Espero em 2014 a retomada da recuperação financeira em primeiro lugar. Podem falar o que quiser, quando você não tem recurso, você não realiza boas administrações. O resto acontecerá naturalmente se você tiver cuidado com dinheiro.