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Técnico emergente e craques na chefia levam Joinville à elite do Brasileiro

Ramon (e) e Hemerson Maria (d) observam treino do Joinville, primeiro time da Série B de 2014 que assegurou promoção à elite do Brasileiro - Site oficial do Joinville
Ramon (e) e Hemerson Maria (d) observam treino do Joinville, primeiro time da Série B de 2014 que assegurou promoção à elite do Brasileiro Imagem: Site oficial do Joinville

Guilherme Costa

Do UOL, em São Paulo

06/11/2014 06h00

César Sampaio, Ramon Menezes e o uruguaio Sergio Ramírez têm muito em comum. Todos foram jogadores de sucesso, ganharam títulos e passaram por suas seleções. Hemerson Maria não teve nada disso. Ao contrário: ex-atacante, foi profissional por apenas três anos e encerrou precocemente a carreira porque percebeu que não tinha enorme qualidade técnica. Neste ano, porém, os quatro profissionais de perfis bem diferentes moldaram um sucesso comum. Eles são a base da comissão técnica do Joinville, primeiro time da Série B do Campeonato Brasileiro de 2014 a assegurar promoção para a elite nacional.

Atual líder da segunda divisão, o Joinville ratificou o acesso na última terça-feira (04), quando bateu o Sampaio Corrêa por 2 a 1. O time catarinense chegou a 66 pontos em 34 partidas e garantiu o acesso antes da Ponte Preta, que tem 64 pontos e só entrará em campo no sábado (08). A equipe comandada por Hemerson Maria não disputa a Série A do Campeonato Brasileiro desde 1986.

O retorno do Joinville à elite tem muito a ver com Hemerson Maria, de 42 anos. Nascido em Florianópolis, o atual técnico foi atacante das categorias de base do Figueirense. Chegou aos profissionais em 1993, mas abandonou os gramados três anos depois: “Vi que não iria muito longe no futebol. Não tinha muita qualidade técnica e resolvi partir para outro caminho”.

Hemerson começou a se preparar para ser treinador. Passou pelo Guarani de Palhoça e ficou na base do Figueirense entre 2001 e 2011. Depois, comandou equipes de base do Avaí até 2012, quando assumiu o time profissional. Com ele, a equipe de Florianópolis conquistou o Campeonato Catarinense daquele ano.

“Depois fui para o Red Bull, em São Paulo, e passei pelo CRAC-GO. Lá eu consegui salvar o time do rebaixamento no Campeonato Goiano. Eliminamos o Náutico e o Betim na Copa do Brasil, mas caímos contra o Santos”, relatou Hemerson.

O treinador voltou ao Avaí em 2013 e ficou até dezembro, quando trocou a equipe da capital pelo Joinville. O contrato de Hemerson com o clube vai até o fim deste ano.

No Joinville, Hemerson encontrou uma comissão técnica com história bem diferente da dele. César Sampaio é gerente de futebol, Sergio Ramírez é coordenador e Ramon Menezes trabalha como auxiliar.

Cesar Sampaio, 46, teve carreira vitoriosa como jogador na década de 1990 e disputou a Copa de 1998. Ramon, 42, também passou pela seleção brasileira e chegou a ser campeão da Série C do Brasileiro pelo próprio Joinville em 2011. Sergio Ramírez, 62, é o mais experiente do trio. O uruguaio foi titular da seleção de seu país na década de 1970 e ficou famoso por uma cena em 1976, no Maracanã – ele tentou agredir o brasileiro Roberto Rivellino e chegou a correr atrás do meia, que escorregou e caiu na escada que dava acesso aos vestiários.

“Eles são meu suporte. Tanto nas questões de treinamento, como dúvidas que aparecem, como nas estratégias e decisões sobre os jogos. Ramon é meu auxiliar direto e está sempre comigo. A gente conversa sobre planejamento, substituições e a melhor equipe para começar as partidas, por exemplo. Sampaio e Ramírez atuam mais nos bastidores, e nenhum problema chega para nós. Eles são fundamentais, e o grupo os respeita muito”, elogiou Hemerson.

O treinador é descrito por profissionais do Joinville como um “estudioso”. “Ele esbanja conhecimento, e eu estou aprendendo muito. É um cara humilde e muito trabalhador”, avaliou Ramon Menezes.

O ex-meio-campista começou a se preparar para ser técnico quando ainda estava jogando. Fez um curso para migrar para os bancos de reservas, passou estágio de uma semana com Oswaldo de Oliveira no Botafogo e já havia sido auxiliar do próprio Sergio Ramírez quando o uruguaio era o treinador do Joinville.

“Temos uma comissão técnica experiente, que passou por grandes clubes, e o Hemerson, que é um treinador da nova geração, que fez um trabalho fantástico ao longo do ano e que já vinha fazendo grandes coisas. Ele é muito atual, muito estudioso, e tem todo respaldo dos atletas”, disse Ramon.

Entre os jogadores, o Joinville também tem várias caras conhecidas de outras torcidas. Bruno Aguiar (ex-Santos) é titular na zaga e Eduardo Ratinho (ex-São Paulo) joga na lateral direita. Marcelo Costa, que passou por equipes como Grêmio, Goiás e Palmeiras, usa a camisa 10 e a braçadeira de capitão.

“Individualmente, no Catarinense nós tínhamos dois que faziam diferença: Wellington Saci e Jael. Tínhamos uma equipe bem montada, e os dois eram diferencial. Mas o Sacil só fez o segundo jogo, e Jael nós perdemos início segundo turno da Série B. A partir daí, tivemos equipe muito forte coletivo. Não temos ninguém que desequilibre”, avaliou Hemerson.