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Cortado de voo da Chape, herói do América-MG dedica título às viúvas

CRISTIANE MATTOS/FUTURA PRESS/FUTURA PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO
Imagem: CRISTIANE MATTOS/FUTURA PRESS/FUTURA PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO

Do UOL, em São Paulo

25/11/2017 19h47

Rafael Lima foi acariciado pelo destino mais uma vez. No fim do ano passado, quando defendia a Chapecoense, ele havia se recuperado de uma lesão muscular, mas por opção do então técnico Caio Júnior foi cortado da viagem à Colômbia para a final da Copa Sul-Americana, contra o Atlético Nacional.

O avião que levava a Chape, como se sabe, caiu quando chegava a Medellín, matando 71 pessoas, entre elas tripulantes e passageiros, na madrugada do dia 29 de novembro de 2016.

Quase um ano depois da tragédia que marcou a vida e a passagem do zagueiro pelo clube catarinense, Rafael Lima ganhou a chance de ser herói, ao marcar no segundo tempo, de joelho, o gol que deu o título da Série B do Campeonato Brasileiro ao América-MG, que venceu o CRB por 1 a 0, neste sábado, no Independência.

Emocionado, o defensor dedicou o gol e a conquista às viúvas do jogadores da Chape que morreram no maior desastre aéreo que afetou o esporte nacional.

"Dedico à família e às viúvas de quem não está mais conosco por causa daquele momento triste. Não estou mais na Chapecoense, mas aquela tragédia marcou a vida de todo mundo. Esse título é um pedacinho de vocês também", afirmou o zagueiro de 31 anos na saída do gramado.

"Graças a Deus, aqui no América eu encontrei um novo começo. Só tenho de agradecer a Deus por estar comemorando não só o acesso, mas também o título", completou Lima.

Rafael Lima atuou por cinco anos na Chapecoense. Foram mais de 200 jogos e participações nas campanhas que levaram o time catarinense da Série C do Brasileiro à elite nacional. Ainda disputou a Copa Sul-Americana, que não terminou devido à terrível tragédia. A lesão, que custou a vaga de titular, também o deixou de fora da fatídica viagem a Medellín.

"Foi por opção do Caju (Caio Júnior, então técnico da Chapecoense) que eu não viajei. E infelizmente aconteceu essa tragédia. A gente tinha uma viagem marcada para Punta Cana (Caribe),de 10 casais, só que a maioria dos jogadores estavam naquele voo", contou ao jornal O Tempo em sua apresentação no América.

Rafael Lima se apresentou no América em janeiro falando em trilhar um novo caminho e com boas expectativas para a temporada. Em seu novo clube, o futuro capitão de 31 anos não conhecia nenhum outro jogador, mas assumiu papel de liderança e tornou-se um dos pilares dentro e fora do vestiário de uma equipe que reunia jovens e veteranos.

Em campo, teve desempenho superior ao de zagueiros dos rivais Atlético-MG e Cruzeiro durante o estadual. Regular, o capitão jogou 37 das 38 partidas - feito impressionante para um defensor.

Ao lado de Messias, completou o miolo de zaga praticamente intransponível que levou apenas 25 gols, consolidando-se como a melhor defesa na história dos pontos corridos na Série B, superando o Palmeiras de 2013, vazado por 28 vezes.

Rafael Lima ainda encerra a competição como zagueiro artilheiro. Foram seis gols marcados em 2017, o último deles, que valeu o título do bicampeonato.

"A tristeza nunca vai acabar, foram muitas vidas ceifadas. Mas, infelizmente ou felizmente, a vida continua e tive a oportunidade de recomeçar minha vida no América. Hoje, graças a Deus, conseguimos merecidamente o título da Série B", disse o zagueiro à ESPN.