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Oswaldo vê falta de punição e 'badalação' aumentarem racismo no futebol

Do UOL, em Santos (SP)

28/08/2014 23h07

O técnico Oswaldo de Oliveira tentou fugir das perguntas sobre racismo em entrevista coletiva após a vitória do Santos contra o Grêmio por 2 a 0 nesta quinta-feira, na Arena Grêmio, em jogo válido pelas oitavas de final da Copa do Brasil. O treinador se mostrou cansado de falar do assunto e, inclusive, ressaltou que a “badalação” em cima do tema e a falta de punição, só fazem aumentar os atos racistas no futebol.

“A questão do racismo poderíamos parar de falar e as autoridades punirem. Quanto mais badalamos isso, a punição não acontece, a proporção aumenta. É similar a violência nos estádios. Quanto mais se fala, menos se pune. E a impunidade tem tomado conta, os atos são multiplicados a cada rodada do Brasileiro e da Copa do Brasil”, afirmou Oswaldo de Oliveira.

“Insisto em dizer que poderíamos evitar falar e exigir a punição, que as autoridades, realmente punissem. Vivemos em um país em que a classe política e torcedores de futebol são abonados de qualquer punição. Precisa de mais rigor mesmo, tanto a violência, quanto a manifestação racista”, completou.

Oswaldo acredita que o Santos e o goleiro Aranha podem iniciar uma campanha contra o racismo, mas não demonstrou empolgação sobre uma solução do caso. O treinador, inclusive, lembrou que nada aconteceu com os torcedores que xingaram o volante de Arouca de macaco em março deste ano, em Mogi Mirim.

“Santos e Aranha podem, sim, tomar uma atitude. Mas a recorrência é que é o fator abominável. O Arouca sofreu uma situação assim no Campeonato Paulista, não tenho notícia de ter acontecido nada. Claro que não podemos deixar isso dormir porque ganha proporções, mas não pode ser um estímulo. O cara que vê que vai passar impune se sente motivado e motiva o vizinho dele a fazer a mesma coisa”, disse.

O atacante Robinho e o zagueiro Edu Dracena, atletas mais experientes do time do Santos, também reprovaram a atitude dos torcedores do Grêmio.

“Isso é lamentável. Tem que ser preso. A gente vive numa democracia. Todo mundo é igual independente da cor. Isso é lamentável acontecer ainda no futebol”, disse Dracena.

“Não vi, sinceramente, eu não sei. Insultos são normais, a gente sabe que jogar aqui, os torcedores vão insultar, mas não sei se falaram alguma coisa de racismo. Isso a gente não admite. Em 2014, sabemos que normal, mas a cor da pele não diferencia ninguém”, comentou Robinho.

Em sua conta no Twitter, o Santos se pronunciou sobre o caso, agradecendo ao apoio dos torcedores e pedindo para que o racismo seja combatido. "O racismo é inadmissível. Mas se ainda existe, vamos combater! Obrigado pelo apoio; esporte também é cumplicidade!", publicou a conta do clube.

O goleiro Aranha deixou o gramado acusando os torcedores gaúchos de racismo. Segundo o camisa 1, os torcedores o xingaram de “preto fedido” e fizeram um coro rápido de macaco das arquibancadas.