Gremistas irão depor e pena por racismo pode chegar a 3 anos de prisão

Dois torcedores do Grêmio foram chamados para depor na 4ª Delegacia de Polícia de Porto Alegre na segunda-feira. Patrícia Moreira, que foi flagrada pelas câmeras da ESPN chamando o goleiro Aranha de 'macaco' no duelo contra o Santos, quinta-feira, e outro aficionado serão confrontados com imagens do sistema interno de câmeras da Arena do Grêmio e comprovando-se os atos racistas serão indiciados. Se punidos, podem pegar até três anos de reclusão.

Para chegar a estes torcedores, a polícia contou com auxílio do Grêmio, que entregou nome, endereço e telefone dos envolvidos. Ambos eram sócios do clube e foram suspensos do quadro para posteriormente serem excluídos.

Na segunda-feira, a Policia irá confrontar as pessoas com as imagens do sistema de câmeras da Arena, que ainda não foram apresentadas para os homens da lei.

"Iremos ouvir os esclarecimentos das pessoas. Convocamos estes suspeitos a depor. Comprovando-se os atos de injúria qualificada, eles serão indiciados", afirmou o diretor das delegacias regionais de Porto Alegre, Cleber Ferreira, ao UOL Esporte.

Após o indiciamento, os suspeitos serão julgados e se considerados culpados a pena vai de 1 a 3 anos de reclusão.

"Vamos esperar as imagens do sistema de câmeras da Arena, que é muito bom. Queremos identificar todos os envolvidos", completou o delegado.

Patrícia Moreira, claramente identificada pelas câmeras, sofreu com xingamentos de torcedores nas redes sociais e logo deletou todos seus perfis. A garota ainda perdeu emprego em uma empresa que prestava serviços à Brigada Militar.

Grêmio cria movimento contra racismo

Enquanto isso, o Grêmio tenta acabar com focos de racismo na torcida de qualquer forma. O clube lançou um vídeo na manhã deste sábado lembrando ídolos negros na história azul, branca e preta. Além disso, movimentos de aficionados tentam banir o termo 'macaco' de músicas cantadas em jogos.

Porém, a pena pode ser dura ao clube. O STJD suspendeu o jogo de volta entre Santos e Grêmio pela Copa do Brasil até que todas instâncias de julgamento pelos atos racistas da torcida sejam vencidas. A primeira ida ao Tribunal pode ocorrer na próxima quarta-feira.

Temendo ser considerado reincidente, devido ao caso de racismo contra o zagueiro Paulão, do Inter, no Gauchão, o Grêmio crê que pode ser 'bode expiatório' no STJD. A pena prevista vai de 5 a 10 jogos com perda de mando de campo, multa ou até a exclusão da competição.