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Titulares saem do banco, ajudam Cruzeiro a vencer ABC e evitar 'zebra'

Do UOL, em Belo Horizonte

01/10/2014 21h25

Com um time misto, escalado por Marcelo Oliveira para preservar sete titulares para o confronto com o Internacional, vice-líder do Brasileirão, no próximo sábado, o Cruzeiro sofreu para vencer o ABC, por 1 a 0, na noite desta quarta-feira, no Mineirão, no jogo de ida das quartas de final da Copa do Brasil. O time celeste precisou de três dos sete titulares poupados, que entraram no segundo tempo, para construir um difícil triunfo, que lhe permitirá jogar por um empate na partida de volta, no próximo dia 15, na Arena das Dunas, em Natal.

Embora respeitando o ABC, o Cruzeiro planejava encaminhar no Mineirão a sua classificação, conseguindo uma vitória, com uma vantagem que lhe desse tranquilidade para o segundo jogo, como aconteceu na fase anterior da competição, quando goleou o Santa Rita, por 5 a 0, no jogo de ida, também no Mineirão. Nesta quarta-feira, a história foi diferente e o magro triunfo saiu com gol do zagueiro Léo, de cabeça, aos 33 min da etapa final, após cobrança de escanteio.

Mesmo deixando escapar na reta final da partida, o empate que deixaria a situação mais aberta para o segundo jogo, pode-se considerar que o ABC conseguiu o objetivo traçado pelo seu técnico, Moacir Júnior, que até há pouco tempo comandava o América-MG. “O Cruzeiro vai jogar para definir a classificação hoje e nós vamos procurar criar o máximo possível de dificuldades para levar a decisão para Natal”, disse o treinador, antes de a bola rolar. No jogo, o time potiguar complicou mais do que o esperado para o Cruzeiro.

As fases do jogo: O primeiro tempo foi muito mais complicado para o Cruzeiro do que poderia imaginar o torcedor da equipe. O ABC marcou forte, como se espera de um time visitante no Mineirão, especialmente quando há uma diferença técnica tão grande como é o caso entre as duas equipes. O diferente no roteiro é que o time potiguar não apenas se defendeu. Atacou também e, em alguns momentos, expôs deficiências do sistema defensivo anfitrião. A fase inicial não teve muita emoção. O jogo foi fraco tecnicamente.

Sem sete titulares, poupados, o Cruzeiro não demonstrava a ofensividade que o colocou na liderança do Brasileiro, com seis pontos a mais para o vice Internacional. O ABC, por sua vez, também estava muito desfalcado, mas compensava com fidelidade tática. O goleiro Camilo fez só uma defesa difícil, aos 17 min, em chute de Egídio. Fábio não foi exigido, porque os visitantes finalizaram mal. Como a equipe celeste não furava a retranca adversária, restaram chutes de fora da área, mas sem pontaria. Os dois mais perigosos foram de Willian Farias e Marlone. Ao final do tempo sem gols, vaias celestes.

O Cruzeiro voltou para o segundo tempo com Mayke, um dos titulares poupados de início no lugar de Egídio, que sentiu problema físico. Ceará passou para a lateral esquerda e o jovem lateral direito tentou levar seu time mais à frente por aquele setor. O ABC retornou com a mesma formação. Depois de ensaiar vaias, ao final do primeiro tempo, a torcida cruzeirense cantou, gritou, procurando empurrar o time em campo, que continuava com dificuldades. Tanto que Marcelo Oliveira recorreu a outro titular: o meia-atacante Ricardo Goulart na vaga do volante Willian Farias para soltar sua equipe. Na base da pressão, Léo fez o gol celeste, aos 33 min.

O melhor: Léo – Foi o herói do Cruzeiro em um jogo que se complicou contra o ABC. Além de se comportar bem, defensivamente, foi decisivo no triunfo,m ao marcar de cabeça.

O pior: Borges – Sem mobilidade, ficou isolado na frente, e pouco participou do jogo, tendo atuação bastante discreta. Aos 25 min, em sua última participação na partida, Borges desperdiçou ótima chance, cabeceando a bola para fora. Ele foi substituído por Marcelo Moreno.

A chave do jogo: Sem velocidade, bola parada decide – “A gente conseguiu neutralizar o ponto forte do Cruzeiro, que é a velocidade”. A observação do lateral direito Madson serve para se entender como o líder do Brasileirão, mesmo com um time misto, parou na retranca do ABC, apenas o 12º colocado na Série B do Brasileiro. O veterano atacante Borges concordou: “Eles marcaram muito forte”. Sem velocidade e com os jogadores escalados para criar jogadas ofensivas, pouco inspirados, casos de Marlone, Willian e Dagoberto, o Cruzeiro ficou devendo ofensivamente. Mas aí surgiu um outro diferencial cruzeirense: a bola parada, que foi decisiva para conseguir a vitória.

Toque dos técnicos: Moacir Júnior armou um efetivo sistema de marcação sobre o Cruzeiro, que tirou proveito do fato de o adversário poupar sete titulares. Mas o ABC não apenas se defendeu. Buscou contra-atacar e levou perigo para a defesa cruzeirense. A situação ficou tão complicada, que Marcelo Oliveira, no segundo tempo, utilizou três dos sete titulares poupados – Mayke, Ricardo Goulart e Marcelo Moreno –, abrindo definitivamente o seu time, tentando encurralar a equipe visitante. A ousadia do treinador e a capacidade do elenco celeste fizeram a diferença para levar o Cruzeiro a um difícil triunfo.

Para lembrar:

Descanso relativo de titulares. O técnico Marcelo Oliveira decidiu dar um ‘descanso relativo’ a sete titulares, que ficaram no banco, abrindo espaço a outros jogadores do elenco celeste. Mayke, Dedé, Henrique, Lucas Silva, Everton Ribeiro, Ricardo Goulart e Marcelo Moreno se concentraram, foram ao Mineirão, mas não começaram o jogo para evitar o aumento do desgaste físico. Três deles entraram durante a partida: Mayke, Ricardo Goulart e Marcelo Moreno.

Vídeo motivacional. Para motivar seus jogadores na difícil tarefa de eliminar o atual campeão e líder do Brasileirão deste ano, o ABC exibiu vídeo motivacional, em que usa a expressão “Eu acredito”, que fez sucesso na campanha vitoriosa do Atlético-MG na Libertadores, em 2013. A estratégia potiguar, no entanto, não deu muito certo no primeiro jogo no Mineirão.

ABC com muitos desfalques. O Cruzeiro teve um time modificado pela decisão de Marcelo Oliveira descansar titulares. Já o ABC teve desfalques. Segundo o técnico Moacir Júnior, contratado recentemente, cinco atletas não puderam jogar por terem atuado por outros clubes pela Copa do Brasil.

Público pequeno no Mineirão. A possibilidade de o Cruzeiro poupar titulares, o que acabou se confirmando, parece ter desanimado o torcedor da equipe, que compareceu em número apenas razoável: 12.522 pagantes e 14.093 presentes. Em alguns momentos, os cruzeirenses chegaram a ameaçar vaias, mas, de forma geral, apoiaram com vontade o time.

CRUZEIRO 1 X 0 ABC

Data: 1/10/2014 (quarta-feira)
Local: Mineirão, em Belo Horizonte (MG)
Árbitro: Pablo dos Santos Alves (ES)
Auxiliares: Bruno Boschilia (Fifa-PR) e Cleriston Clay Barreto Rios (Fifa-SE)
Cartões amarelos: João Paulo, Camilo, Suéliton (ABC); Dagoberto (CRUZEIRO)
Gol: Léo, aos 33 min do segundo tempo

Cruzeiro
Fábio; Ceará, Manoel, Léo e Egídio (Mayke); Willians Farias (Ricardo Goulart), Nilton, Marlone e Willian; Dagoberto e Borges
Técnico: Marcelo Oliveira
 
ABC
Camilo; Madson, Suelinton, Marlon e Samuel; Fábio Bahia, Patrick (Luciano Amaral), Daniel Amora e Xuxa; João Paulo (João Henrique) e Rodrigo Silva (Beto)
Técnico: Moacir Júnior