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Ação do Ministério Público questiona preço de ingressos para atleticanos

Do UOL, em Belo Horizonte

19/11/2014 20h22

Por meio de ação civil pública, o Ministério Público de Minas Gerais questiona o Cruzeiro por fixar em R$ 1 mil o preço dos ingressos a serem cobrados para torcedores do Atlético-MG, na finalíssima da Copa do Brasil, no próximo dia 26, no Mineirão. O MPMG considera “abusivos e desproporcionais” os reajustes nos valores das entradas.

De acordo com a nota oficial, publicada no site do órgão, a ação pede que seja determinada, liminarmente, a comercialização dos ingressos do setor “Roxo” a valor não superior a R$ 500. A referida ação pede ainda que seja garantida a venda de meia entrada conforme os dispostos no Estatuto do Idoso, Lei Federal n°10.741/03 e Lei Estadual n°11.052/93.

O Ministério Público baseia sua iniciativa no fato de considerar que a “elevação dos preços sem justa causa” afronta o Código de Defesa do Consumidor (CDC). De acordo com a nota da instituição, a infração está no fato de o aumento ter ocorrido em setores distintos sem a devida proporção ao praticado em outros jogos.

O MP diz ainda que não há qualquer parâmetro justificável quanto aos percentuais de reajuste, “que variaram de 375% a 833% com relação ao jogo Cruzeiro x Santos, pela semifinal da Copa do Brasil”.

Ainda segundo o Ministério Público, caso a liminar solicitada na ação não seja concedida a tempo, já que o jogo final ocorrerá na próxima quarta-feira, há o pedido de condenação do Cruzeiro, o réu, ao pagamento de R$ 5 milhões a título de reparação à coletividade pelo dano moral coletivo. O processo foi distribuído à 29ª Vara Cível de Belo Horizonte.

O promotor de Justiça Fernando Ferreira Abreu, coordenador do Procon-MG, considera evidente que a medida de elevação de 833,33% dos ingressos adotada pelo Cruzeiro no setor roxo, destinado aos torcedores adversários, tem como objetivo “impor ônus excessivo ao consumidor torcedor do Clube Atlético Mineiro”.

Segundo o promotor, esse preço nunca foi visto anteriormente em competições nacionais e tem a “clara intenção” de afastar o torcedor atleticano do Mineirão no dia do jogo final e “como forma de retaliação ao consumidor torcedor atleticano, circunstância hábil a potencializar a crescente violência entre torcedores das agremiações referidas”.

No encontro entre representantes dos clubes, realizado na tarde de terça-feira, na Federação Mineira de Futebol (FMF), o Cruzeiro  disponibilizou inicialmente uma carga de 2.736 ingressos ao Atlético-MG, cerca de 4,5% da capacidade total de 60 mil entradas colocadas a venda.

A diretoria celeste decidiu ainda que os ingressos para os atleticanos custarão R$1 mil, com 40% da carga destinada a meia entrada. O valor dos bilhetes e a quantidade desagradaram a diretoria atleticana. “Nem a carga de ingressos e nem o valor são satisfatórios. Nosso departamento jurídico vai resolver essa situação”, disse a diretoria executiva Adriana Branco.

Nesta quarta-feira, a diretoria celeste informou o preço das entradas destinadas ao torcedor cruzeirense, em venda que iniciará na bilheteria na sede do clube, no Barro Preto. As entradas terão valor de R$100, R$ 300, R$ 400, R$ 700 e R$1mil, no setor equivalente ao da torcida atleticana, no Mineirão. Ainda nesta quarta-feira, houve uma vistoria feita pela Polícia Militar de Minas Gerais ao Mineirão, para avaliar o espaço que será ocupado ao torcedor alvinegro no jogo da volta. Nesta quinta-feira, haverá reunião da Corporação com representantes dos dois clubes sobre o tema.

Após a reunião na terça-feira, o Cruzeiro garantiu não estar descumprindo o Estatuto do Torcedor, que impede em seu artigo 24, que um bilhete do mesmo setor tenha preços diferenciados. "Estamos cobrando o mesmo valor que cobraremos da torcida do Cruzeiro que não participa do Sócio do Futebol. Quem pagou mais barato foi o nosso sócio, porque eles têm desconto", disse o supervisor de futebol celeste, Benecy Queiroz.

"É uma partida muito importante para o futebol mineiro. Achamos que este é um valor justo para os torcedores que pretendem ir ao estádio acompanhá-la. Nós aumentamos o preço dos ingressos, como o Atlético fez na partida de ida. Esta é uma situação normal, não há o que discutir", declarou o supervisor cruzeirense.

Na noite desta quarta-feira, contatado pelo UOL Esporte, Benecy Queiroz disse que somente o presidente do clube, Gilvan de Pinho Tavares, poderia se posicionar sobre a ação proposta pelo Ministério Público de Minas Gerais. O mandatário celeste não atendeu aos telefonemas da reportagem.